Mercado ao vivo: Bolsa sobe mais de 2,5% e recupera os 113 mil pontos, com Vale, Petrobras, bancos, exterior e inflação
Investidores digerem importantes dados econômicos locais e internacionais divulgados durante a manhã
No último dia da semana, a Bolsa reage bem à divulgação da inflação oficial do País, embora elevada, mais baixa do que a esperada pelo mercado, e aos dados do desemprego nos EUA, revelando uma economia americana ainda fraca que poderá levar a uma moderação do banco central daquele país na retirada dos incentivos monetários.
A alta do Ibovespa de 2,59%, às 15h, que permitiu a recuperação dos 113 mil pontos (113.446,04), é sustentada pela valorização das ações da Petrobras - de 0,56% - Vale, de mais de 0,88%, e dos bancos, na casa dos 3,29%, segundo dados do IFNC, indicador da B3 que engloba os gigantes financeiros.
Já o dólar à vista, vem operando em baixa a maior parte do dia. No mesmo horário apresentava queda de 0,10% na faixa de R$ 5,512.
Dados da inflação indicam perda de força
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,16% no período, resultado que veio levemente abaixo das estimativas do mercado, que esperavam uma variação positiva de 1,27%. O dado trouxe algum ânimo para os investidores e analistas logo pela manhã.
No acumulado de 12 meses, a alta ficou em 10,25%, abaixo do que projetavam os analistas, em 10,37%. "Achei o resultado do IPCA melhor que o esperado, com núcleos mais baixos e difusão um pouco menor. Alimentação e combustíveis surpreenderam positivamente", afirmou o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano.
Os especialistas já vêm ajustando suas projeções do indicador para cima nas últimas edições do boletim Focus, do Banco Central. Atualmente, a previsão é de que o IPCA feche o ano na casa dos 8,50% e em 4,14% em 2022.
Outro dado que também dividiu a atenção com o IPCA foi a primeira prévia do IGP-M , considerado a inflação do aluguel, de outubro, comunicada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O indicador teve variação negativa de 0,91%, indicando que o dado fechado do mês pode ser menor do que o registrado na mesma prévia de setembro (-1.09%) e inferior ao observado no fechamento do mês passado (-0,64%), selando uma trégua em seu avanço.
Desemprego ainda elevado nos EUA
No cenário internacional, a notícia de destaque foram os dados do payroll de setembro nos Estados Unidos, esperados pelas economias do mundo todo por conta dos reflexos que ele pode gerar na condução da política monetária e economia americana, e, consequentemente, aos parceiros comerciais.
De acordo com o Departamento do Trabalho, foram gerados 194 mil vagas de trabalho no período, número muito abaixo do que o mercado no geral apostava, de 500 mil novos postos.
A frustração dos analistas se deu não somente pelo número bem inferior às estimativas, mas porque havia indicação de recuperação mais acentuada dada pela conjunção dos dados do relatório da ADP, que cobre o setor privado, e do volume de pedidos de seguro-desemprego.
O estrategista Jefferson Laatus, do grupo Laatus, diz que o relatório de empregos americano veio bem pior que as expectativas, porém sinalizou que a taxa de desemprego caiu, mostrando que menos pessoas perderam o emprego - uma condição colocada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para dar início ao processo de desmonte de estímulos monetários - tapering.
Se por um lado, os números do emprego mostram uma economia americana mais fraca, de outro, pode levar ao entendimento de que o Fed venha a ter mais moderação para iniciar o processo de retirada dos estímulos monetários ao país.
A perspectiva de que a liquidez se mantenha em alta pelo mundo, leva as bolsas americanas a operarem em leve alta, refletindo também o acordo selado entre democratas e republicanos para elevar o teto da dívida dos Estados Unidos, ainda que temporariamente. Caso não fosse aprovado, seria um calote federal sem precedentes na história do país.
Juros futuros
Os juros futuros operam em forte queda na manhã desta sexta-feira, refletindo os dados do IPCA e do payroll americano.
Às 9h45 desta sexta, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 caía para 9,01%, de 9,20% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2025 cedia para 9,96%, de 10,20%, e o para janeiro de 2027 caía para 10,36%, para 10,62% no ajuste anterior.
Sobe e desce da B3
Vários setores operam forte no pregão desta sexta-feira, entre eles o de mineradoras e siderúrgicas, com o preço das commodities em alta no mercado internacional. Além da Vale, a CSN, Usiminas e Gerdau disparavam na Bolsa, com altas de 4,15%, 5,83% e 1,71%, na sequência. Dados atualizados às 14h12.
Após anunciar que o tráfego de passageiros consolidados (RPKs) subiu 120,1% em setembro, em mais uma alta mensal do indicador, as ações da Azul avançavam 2,21%, no mesmo horário.
A Méliuz informou que, em parceria com a Captalys, passará a oferecer um novo cartão com sua marca a partir do próximo ano. Os papéis da companhia saltava 5,33%, às 14h10.
Ainda na esteira das altas do dia, a BrasilAgro opera em alta na Bolsa com o anúncio da venda da Fazenda Alto Taquari, em Mato Grosso, por R$ 589 milhões, considerada a maior negociação da história da companhia. Às 14h12, os papéis da companhia subiam 4,27%.
Bolsonaro e a inflação
Com a inflação no centro das atenções dos investidores no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou sobre o tema. Em sua live semanal, na noite do dia anterior, pediu que aqueles que o criticam por causa da escalada inflacionária no Brasil apresentem a ele soluções para combater o problema.
Bolsonaro voltou a reconhecer o aumento dos preços, mas relativizou a crise ao dizer que a alta acontece em todo o mundo, e não só no País.
Ao comparar preços de produtos no Brasil e em outros países, como os Estados Unidos, Bolsonaro afirmou: "Tá reclamando que tá alto aqui? Lá também está. Essa crise é no mundo todo. Não é só no Brasil", disse, para depois convocar a população a trazer medidas para conter o problema da inflação.
"Algumas pessoas dizem que eu tenho que fazer algo mais. Algo mais o quê? Dá exemplo. Outro dia me deram sugestão: para reduzir preço da carne, proíba exportação por 30 dias. Quem fez isso foi a Argentina. Isso gerou depois alta de preços e desabastecimento", afirmou.
Bolsonaro voltou a culpar a pandemia e as medidas restritivas pela debacle na economia, mas sustentou que o País foi um dos que menos sofreu nesta área por causa da Covid-19. Ao citar nações que estão enfrentando crise econômica, ele novamente citou a Argentina como exemplo negativo. "Um vizinho pobre é ruim para o Brasil", lamentou.
O presidente também falou, mais uma vez, sobre a alta nos combustíveis e disse que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tem ajudado o governo a achar soluções para redução nos preços, como a mudança na incidência do ICMS sobre o produto.
"Se o ICMS não incidir sobre o valor da refinaria na gasolina, ou em cima do etanol da usina, a gente vai ficar vivendo essa incerteza o tempo todo", declarou.
PEC 110
As questões fiscais no País ganham novos capítulos a cada dia. O senador Roberto Rocha (PSDB-MA), relator da PEC 110 no Senado, disse durante Broadcast que não está em discussão neste momento a volta de um imposto nos moldes da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) como forma de compensar uma eventual desoneração da folha de pagamento.
Antes de Rocha apresentar ao Senado o seu parecer sobre a PEC 110, ele se reuniu com empresários e estes pediram a volta de uma contribuição parecida com a CPMF para compensar a desoneração da folha.
Rocha admitiu ter dito aos empresários que não teria nenhum preconceito em discutir a questão. Até porque, segundo ele, por conta do sistema eletrônico e do nível de modernização do sistema bancário brasileiro, o Brasil tem condições, com uma contribuição nos moldes da CPMF, de descobrir onde está o dinheiro roubado, fruto de lavagem, e do dinheiro de sonegação.
De acordo com ele, não precisaria ser uma alíquota alta como era antes. Se fosse algo como 0,1% numa única ponta, se arrecadaria anualmente algo como R$ 50 bilhões.
"R$ 50 bilhões é o IPI. É o que o IPI arrecada por ano. R$ 50 bilhões será 1 ponto do IVA. O que quero dizer é que neste momento não está em discussão isso seja com que nome for. Não está em discussão", disse.
De acordo com o senador, "o que está sendo colocado no combo para a reforma tributária ampla é a PEC 110 mais o Imposto de Renda, com as devidas alterações, mais o imposto seletivo, mais o passaporte tributário, que tem o Refis".
"Esses quatro projetos que estão na Câmara e no Senado se constituem num combo que para mim é uma necessidade nesse momento que é a nossa reforma tributária ampla. Essa discussão de que vai criar outro mecanismo para desonerar folha vai ser lá na frente, em outro governo", disse.
Ásia no positivo
No radar internacional, além do payroll e do teto da dívida americana, integram o pacote de atenção a crise energética e os desdobramentos dos problemas de liquidez da gigante chinesa Evergrande, que, por enquanto, ainda não tomaram uma direção.
Falando sobre a Ásia, por lá as bolsas fecharam o pregão desta sexta-feira majoritariamente em alta nesta sexta-feira.
Na China continental, onde os mercados retomaram os negócios após feriado de uma semana, o Xangai Composto subiu 0,67%, aos 3.592,17 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,79%, aos 2.413,92 pontos.
Dados de atividade (PMIs) mostraram que o setor de serviços chinês e a atividade econômica como um todo voltaram a se expandir em setembro.
Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei teve valorização de 1,34% em Tóquio, aos 28.048,94 pontos, e o Hang Seng registrou alta de 0,55% em Hong Kong, aos 24.837,85 pontos.
Alguns mercados asiáticos, porém, ficaram no vermelho hoje. O sul-coreano Kospi caiu 0,11% em Seul, aos 2.956,30 pontos, e o Taiex recuou 0,44% em Taiwan, aos 16.640,43 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana também acompanhou Wall Street, e o S&P/ASX 200 avançou 0,87% em Sydney, aos 7.320,10 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado