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Bolsa cai com aversão ao risco no exterior
Mercado Financeiro

Mercado ao vivo: Bolsa derrete com piora do cenário fiscal e demissões na Economia; dólar caminha para a mais alta cotação desde março

Reflexos do cenário fiscal e demissões na Economia pesam forte entre os investidores

Data de publicação:22/10/2021 às 10:36 -
Atualizado 2 anos atrás
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A Bolsa opera em forte queda nesta sexta-feira, 22. Em poucos minutos de negócios, já estava em 1,6% no vermelho, espelhando as manobras do governo para furar o teto de gastos e, em consequência, a saída de integrantes do alto escalão da equipe econômica. Às 14h37, o Ibovespa derretia 1,57%, retomando o patamar dos 106 mil pontos. Mais cedo, o índice atingiu a sua pior marca desde o ano passado - 103.625 pontos.

Desde novembro de 2020, o principal índice da B3 não despencava a esses níveis, quando chegou a bater os 104.687 pontos. Já o dólar à vista segue subindo marginalmente 0,07%, a R$ 5,672. Em março deste ano, a moeda americana chegou a bater a marca de R$ 5,763.

Foto: B3/Divulgação
Sede da B3 em São Paulo (SP) - Foto: B3/Divulgação

Além do cenário fiscal conturbado, pesam ainda na baixa forte da Bolsa o derretimento das ações da Petrobras, que recuam mais de 3%, e dos bancos, cujo índice financeiro que engloba os gigantes financeiros (INFC) cai mais de 3,7%, movido pela desvalorização acentuada do Itaú, Bradesco e Santander, de 4,45%, 4,24% e 3,61%, respectivamente - dados atualizados às 14h18.

O tom pessimista provocado pelas tentativas seguidas do governo para furar o limite de gastos a cada ano, fixado por Emenda Constitucional, para obter os R$ 30 bilhões e, assim, acomodar Auxílio Brasil em R$ 400. Mas não só esse o risco fiscal, há outros como a morosidade das reformas, a PEC dos precatórios, o anúncio do auxílio também aos caminhoneiros, tudo isso pesou e desembocou no pedido de demissão dos principais auxiliares do Ministério da Economia.

No final da tarde do dia anterior, deixaram o time da Pasta o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e sua adjunta, Gildenora Dantas, o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, e seu adjunto, Rafael Araújo.

Em um cenário baseado na normalidade, essas baixas não causariam tanto impacto no mercado financeiro, porém, os motivos que levaram à demissão deles estão ajudando a colocar ainda mais fogo no parquinho.

Os secretários saíram por não concordar com a mudança do teto de gastos que abre espaço no Orçamento de 2022, de R$ 83,6 bilhões, para acomodar o Auxílio Brasil de R$ 400, novo valor do benefício anunciado pelo presidente Bolsonaro e pelo ministro Paulo Guedes.

A constatação de risco fiscal mais alto está embutida também nas cotações cada vez mais elevadas do dólar, que acumula valorização de 4,04% no ano, dos quais 3,87% apenas nesta turbulenta semana.

Dólar mais caro pressiona a inflação, o que leva o Banco Central a aumentar a taxa básica de juros, a Selic, para conter a alta de preços. 

Prevendo o que vem por aí, os analistas estão revisando suas projeções sobre as movimentações do Banco Central sobre o ciclo de ajustes da Selic, taxa básica de juros do País, que deve ganhar remédios mais amargos. A aposta está dividida em ajustes mais severos no ciclo previsto, ou um alongamento dessa elevação, feita “em doses homeopáticas”.

O cenário de piora fiscal, juntamente com a alta dos juros, deve refletir em mais peso para o mercado de renda variável, fazendo com que os investidores priorizem a compra de dólares e aposta em ativos atrelados aos juros.

De acordo com Jerson Zanlorenzi, chefe da mesa de renda variável do BTG Pactual, o mercado está atento para uma possível saída de Guedes do ministério da Economia, por isso Bolsonaro reforçou a posição firme do chefe da Economia no cargo.

“O cenário já está fragilizado. Qualquer leve especulação já pode influenciar na queda da Bolsa, pois o mercado trabalha com expectativas”, reforça Bruno Lima, economista do banco.

Em paralelo, nesta sexta-feira tem início a abertura da temporada de balanços trimestrais das empresas no Brasil. Porém, de acordo com Zanlorenzi, a situação macroeconômica deve “ofuscar” essa movimentação.

“Já faz algum tempo que o cenário macroeconômico se sobressai sobre o microeconômico, tanto que o avanço das empresas muitas vezes acaba passando batido”, complementa Lima.

A aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos precatórios na véspera também não foi bem aceita pelo mercado, que, segundo especialistas, é uma “manobra” que não garante que não haverá gastos crescentes e maiores.

“Não é porque eles estão mudando a metodologia que a situação vai melhorar e é isso que o mercado está vendo”, aponta Carla Argenta, economista chefe da CM Capital.

Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, vai além. “Se tem uma coisa que o mercado não gosta é de governo que dá guinadas populistas e flerta com a irresponsabilidade fiscal, ainda mais tratando-se de um país emergente, como o Brasil”, critica.

O furo do teto fiscal e tudo o mais que vem em sua esteira, para especialistas, são a senha que põe em xeque, pelo cenário que projetam, toda a expectativa de crescimento para o próximo ano, cujas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) seguem andando para trás, segundo dados do último Boletim Focus, do BC.

Isso demonstra a posição de alguns economistas sobre a perda de confiança no avanço e retomada econômica do País. Dólar caro, inflação alta e juros elevados projetam um cenário que os analistas chamam de tempestade perfeita que pode abortar o já anêmico crescimento econômico projetado para 2022.

Juros futuros

Os juros futuros começaram esta sexta-feira em alta, conforme era esperado após o anúncio das baixas no Ministério da Economia.

Nas máximas, as taxas chegaram a subir 51 pontos-base, no caso do DI para janeiro de 2023, que também reflete a percepção de que o Banco Central terá que ser mais agressivo com a política monetária.

Às 9h18 desta sexta, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subia para 10,87% (máxima de 11%), de 10,49% no ajuste de quinta-feira. O DI para janeiro de 2025 ia para 11,85% (máxima de 11,94%), de 11,49%, e o para janeiro de 2027 subia para 12,13% (máxima de 12,22%), de 11,80% no ajuste da véspera.

Sobe e desce da B3

Em dia tenso para o pregão da Bolsa, as ações das commodities operam mistas. Ao contrário da forte desvalorização das ações da Petrobras, as ações da Vale seguem no positivo, com alta de 1,65%, às 14h15, com as demais siderúrgicas andando no mesmo caminho.

Com o forte avanço do dólar, as empresas que têm suas atividades com peso grande em exportação estão se beneficiando desse movimento. Às 14h22, os papéis da Suzano disparavam 7,62%.

Dando o pontapé inicial à temporada de balanços do terceiro trimestre, a Hypera apresenta seus números do período logo após o fechamento do mercado. No mesmo horário, as ações da companhia recuavam 1,09%.

Auxílio diesel

O descontentamento dos caminhoneiros com o governo do presidente Jair Bolsonaro segue aumentando. O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, uma das principais lideranças do movimento de caminhoneiros do País, criticou duramente as declarações feitas no dia anterior, pelo presidente Jair Bolsonaro, de criar um "benefício" de R$ 400 por mês aos caminhoneiros, para compensar o aumento do diesel.

"Eu acho que foi uma piada que ele (Bolsonaro) fez... ou será de verdade? Isso é uma piada de mau gosto. O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade, quer os compromissos que foram assumidos e que até hoje não saíram do papel", disse Landim, conhecido entre os caminhoneiros como "Chorão".

Wallace Landim tem trânsito dentro do governo e esteve presente em diversas reuniões com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para tratar de medidas voltadas à categoria.

O relacionamento institucional ocorreu durante um bom período e o governo, em outros momentos, conseguiu debelar movimentos de greve no setor. Agora, o tom é outro.

"Queremos algo concreto, não cortina de fumaça. A classe já deu 15 dias para o governo trazer algo concreto, mas isso não veio. Agradecemos pela piada do presidente, mas estamos num trabalho de unificação das pautas da categoria e a paralisação para o dia 1 de novembro está mantida, seguimos com a mobilização", comentou.

A ameaça de falta de combustível e os sucessivos de preço promovidos pela Petrobras são as principais queixas do setor. "A gente vem num trabalho de tentar acreditar, fizemos várias reuniões, mas percebemos que nada saiu do papel e a categoria não suporta mais esperar. Não aguentamos mais, estamos na beira do abismo. Chega disso", disse o líder caminhoneiro da Abrava, que reúne cerca de 35 mil associados.

CPI da Covid: reação de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro não recebeu bem a apresentação ao colegiado do relatório final dos trabalhos feitos pela comissão feita pelo senador Renan Calheiros. "Não vou discutir essa história de fantasia, festival de baboseiras", disse Bolsonaro, em transmissão ao vivo nas redes sociais.

"Parece a Comissão da Verdade do PT", acrescentou, em referência ao órgão instituído durante o governo Dilma Rousseff para investigar as violações de direitos humanos durante a ditadura militar.

O chefe do Executivo já defendeu publicamente a ditadura militar e, durante o julgamento do impeachment da ex-presidente Dilma, chegou a dedicar seu voto favorável à cassação, enquanto deputado federal, ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. O militar foi um torturador no regime de exceção e foi condenado pelo crime de tortura.

Além de Renan, Bolsonaro ainda fez novas críticas ao presidente da CPI, senador Omar Aziz. "Não foram buscar corrupção onde existia, no consórcio do Nordeste. Renan e Omar Aziz têm que defender os seus", disse o presidente, que chamou os dois, ainda, de "irmãos" e "patrulheiros de médicos".

Sem reconhecer as suspeitas de irregularidades expostas pela CPI e pela imprensa, Bolsonaro ainda repetiu, na live, que investigará casos de corrupção em seu governo.

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, evitou comentar o relatório. "É muito importante que a CPI se esgote, que seja encaminhada às instâncias competentes essa conclusão", disse o presidente do Senado.

Pacheco afirmou que a prioridade dele é construir soluções para um novo programa social, o pagamento de precatórios, o preço dos combustíveis e outros temas do País, com o aumento da inflação, do câmbio e do desemprego. "A presidência do Senado tem muitas coisas a contribuir para o Brasil nessas vertentes, a CPI tem um papel dela autonomamente."

NY e o mundo

Lá fora, o clima é um pouco mais ameno do que no Brasil, com as bolsas em Nova York operando mistas. Os investidores digerindo os dados sobre o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que apontou queda de 59,2 em outubro ante 60,7% em setembro, conforme dados da IHS Markit. O resultado ficou abaixo da previsão dos analistas, de 60,5.

Já o PMI industrial americano, por outro lado, avançou de 54,9 para 58,2 na mesma base comparativa, acima do consenso do mercado, de 55,5. Já o PMI composto, que engloba indústria e serviços, subiu de 55 para 57,3.

Em comunicado, a IHS Markit explicou que o desempenho reflete os gargalos na cadeia produtiva e as dificuldades de empresas de encontrarem trabalhadores, dois fatores que levam à escalada de preços.

Os estoques globais de ativos se encaminham para um terceiro avanço semanal, ajudados pela recuperação global e a diminuição dos riscos impostos pela pandemia. A alta está sendo contida pela perspectiva de um aperto mais rápido do que o esperado da política monetária para conter a inflação, que está sendo alimentada pela crise energética e pelo desabastecimento em importantes cadeias de suprimentos.

Os investidores seguem acompanhando a temporada de balanços nos Estados Unidos, bem como os comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre a política monetária.

Ao mesmo tempo em que a temporada de balanços alimenta o apetite por risco de investidores, preocupações quanto ao atual nível de inflação nos EUA e em outras economias desenvolvidas aumentam, junto com a possibilidade dos bancos centrais elevarem suas taxas de juros antes do esperado.

A presidente da distrital do Fed em São Francisco, Mary Daly, admitiu que a inflação nos Estados Unidos está em nível mais alto do que o esperado e acrescentou que, se o quadro persistir no ano que vem, a instituição poderá ter que aumentar a taxa básica de juros.

Durante evento virtual, a dirigente afirmou que "ninguém sabe" em que patamar estarão os preços em 2022, devido às incertezas referentes a gargalos na cadeia produtiva. Segundo ela, a maior parte do aumento inflacionário está relacionada a um grupo limitado de setores mais afetados pela pandemia.

Sobre as cadeias globais, Daly comentou que elas são importantes para a economia mundial, mas estão "muito frágeis". Na visão dela, a política monetária não tem impacto nos problemas de oferta e, se elevar os juros de forma prematura, o Fed reduziria o crescimento econômico e prejudicaria o mercado de trabalho.

A expectativa dela é de que as expectativas inflacionárias à medida que ocorra uma moderação da inflação. Para Daly, bem como o que ocorre no lado da inflação, as restrições de oferta de trabalhadores são transitórias.

Do outro lado do mundo, as bolsas na Ásia fecharam sem direção única nesta sexta-feira, com algumas delas sustentadas por relatos de que a Evergrande, a endividada gigante do setor imobiliário chinês, vai conseguir honrar o pagamento de dívida que vence neste fim de semana.

Em Hong Kong, o Hang Seng avançou 0,42%, aos 26.126,93 pontos. A ação local da Evergrande saltou 4,26%, após notícia de que a empresa transferiu recursos para pagar juros sobre bônus neste sábado, 23, evitando a formalização de um calote.

Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei subiu 0,34% em Tóquio hoje, aos 28.804,85 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi teve baixa marginal de 0,04% em Seul, aos 3.006,16 pontos, e o Taiex ficou estável em Taiwan, aos 16.888,74 pontos.

Na China continental, o dia foi de baixas modestas, lideradas por ações de mineradoras de carvão. O Xangai Composto recuou 0,34%, aos 3.582,60 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 0,15%, aos 2.412,67 pontos.

Na Oceania, a bolsa australiana fechou estável, depois de oscilar entre pequenos ganhos e perdas. O S&P/ASX 200 terminou o pregão em Sydney aos 7.415,50 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado

Sobre o autor
Julia Zillig
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