Bolsa sobe 0,67% e recupera os 129 mil pontos com Petro, siderúrgicas e Eletrobras
Mercado segue digerindo a política monetária mais dura tanto do BC quanto do Fed
A Bolsa de Valores fechou em alta de 0,67% neste segunda-feira, 21, marcando 129.264,96 pontos. A valorização do Ibovespa foi sustentada pelos resultados positivos de Petrobras, Vale e Eletrobras.
A alta só não foi mais acentuada por conta das ações das empresas de energia elétrica, que viveram um dia de baixas em decorrência da crise hídrica. EDP Brasil caiu 1,93%, enquanto o Grupo Energisa teve um desempenho negativo de 1,55%
A Petrobras viu suas ações avançarem 2,22% hoje após a valorização do petróleo no mercado internacional. Também contribuiu para o resultado o Bank of America elevando a recomendação dos papéis da companhia de neutro para compra, com novo preço alvo de R$ 37,50.
O setor das siderúrgicas e mineradoras fecharam no azul, depois de uma abertura mais cautelosa, com a queda do preço do minério de ferro em cerca de 4%, após novos pronunciamentos de autoridades chinesas sobre reprimir a especulação dos preços da commodity. Vale, CSN, Gerdau e Usiminas saltaram 0,94%, 1,55%, 2,72% e 0,33%, respectivamente.
Destaque positivo também para a Eletrobras. A perspectiva com a votação da MP, que viabiliza sua privatização, tem dado gás para a alta de suas ações subirem, que fecharam com valorização de 3,42% (ELET6) e 2,92% (ELET3).
O mercado também ficou de olho nos novos números para a inflação e Selic, taxa básica de juros do País, para 2021, que mantêm o viés altista. As informações foram divulgadas no Boletim Focus desta segunda-feira.
As projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do País, em 2021 subiram de 5,82%, no penúltimo relatório Focus, para 5,90%, se afastando da meta do Banco Central de 5.25%. Para o próximo ano, foi mantida em 3,78% e em 3,25% para 2023.
Já a Selic, considerada a taxa básica de juros, também foi ajustada para cima. De 6,25%, na última semana, foi elevada para 6,50%. Há um mês, a previsão era de 5,50%. Para 2022, permaneceu em 6,50%.
Na semana passada, o Copom aumentou mais 0,75 ponto porcentual, pela terceira vez seguida, a Selic, para 4,25% ao ano. A diferença é que, desta vez, adotou um tom mais duro no comunicado pós-Copom que, para analistas, sugere a possibilidade de aperto mais forte na política monetária se não houver melhora nas expectativas de inflação para 2022.
De olho no mercado externo
No cenário externo, que também segue influenciando o comportamento dos investidores, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano), manteve a taxa de juros americana de curto prazo no intervalo de zero a 0,20% ao ano.
Porém, deu a entender que a economia sofre pressões pontais de inflação e antecipou o reajuste dos juros, de 2024 para 2023, com a realização de dois aumentos no período.
Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos, diz que o debate sobre a inflação passou a atrair a atenção do mercado porque é um fenômeno global, generalizado, não restrito ao Brasil. “Inflação em alta pressiona em escala global juros e tudo que é ativo real, incluindo commodities e dólar.”
Sobe e desce da B3
Após a divulgação de que Michael Klein, acionista da Via, tem interesse em comprar o GPA caso o Casino se desfaça dos ativos da varejista, em nota no jornal O Globo, as ações do Pão de Açúcar saltaram 7,88% no último pregão.
Dólar em queda
O dólar abriu esta segunda-feira com sinais mistos em meio a ajustes ao fechamento anterior, mas perdeu força no mercado à vista e passou a cair diante da queda do dólar futuro para julho desde o início da sessão.
A direção é dada pelo exterior, onde a moeda dos EUA recua, após alta na semana passada. A estabilidade das estimativas para o IPCA de 2022, em 3,78%, na pesquisa Focus chama atenção, após o tom considerado hawkish do comunicado do Copom na semana passada.
A oscilação do dólar é estreita com investidores à espera de uma agenda semanal que deve esquentar a partir de amanhã, com ata do Copom, além do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), na quinta-feira, e o IPCA-15, na sexta-feira.
A moeda americana à vista registrou recuo de 0,91%, cotada a R$ 5,023.
Mercado em NY sem direção única
Nos Estados Unidos, os contratos negociados nas bolsas de Nova York operam em alta, após a guinada hawkish (mais dura) do Fed sobre a inflação e o retorno da discussão sobre tapering, o processo de retirada de estímulos à economia.
O índice S&P 500 registro avanço de 1,40%, o Dow Jones, de 1,76%, e o Nasdaq 100, de 0,1%.
O índice de atividade nacional dos Estados Unidos elaborado pela distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Chicago avançou de -0,09 em abril para 0,29 em maio, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela instituição.
O resultado, porém, ficou abaixo da expectativa de analistas consultado pela FactSet, que previam alta a 0,32. Já a média móvel em três meses subiu de 0,17 em abril para 0,81 em maio, informou o Fed de Chicago.
Os investidores prestarão muita atenção às aparições nesta semana de representantes do Fed, incluindo o presidente Jerome Powell, para obter mais orientações sobre um possível cronograma para reduzir as compras de ativos.
Na última sexta-feira, o presidente da distrital do Fed em St. Louis, James Bullard, reforçou que a autoridade monetária americana iniciou a discussão sobre o processo de retirada de estímulos à economia do país. Ele também disse esperar uma elevação da taxa básica de juros no próximo ano.
Desde que a decisão de política monetária da instituição indicou que a maioria dos dirigentes espera um aumento de juros em 2023, os mercados acionários vêm sendo pressionados.
"Concordamos que o mercado de ações está respondendo ao Fed potencialmente aumentando os juros, embora não mais rápido do que o esperado - o Fed há algum tempo indica um prazo provável de 2023", aponta a Stifel. O movimento ocorre sobretudo por isso e "não por causa do aumento da inflação - já que a inflação mencionada está se comportando como previsto", segundo a consultoria.
CPI da Covid: 500 mil mortes
No cenário doméstico, os desdobramentos dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado seguem na pauta de atenção do mercado.
A cúpula e outros integrantes da CPI da Covid lamentaram a marca de 500 mil mortes provocadas pela covid-19 no Brasil, registrada no último sábado, 19. Em nota, os senadores disseram assegurar que os responsáveis por esse quadro "devastador e desumano" pagarão por seus "erros, omissões, desprezos e deboches", e que os culpados serão "punidos exemplarmente".
Na última sexta-feira, após dois meses de funcionamento, a CPI avançou para uma nova etapa ao transformar 14 testemunhas em investigados, sendo a maioria dos nomes ligada ao presidente Jair Bolsonaro.
A lista de 14 pessoas foi anunciada pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros, e inclui o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; o general Eduardo Pazuello, ex-titular da pasta; e o ex-chanceler Ernesto Araújo, além de integrantes do chamado "gabinete paralelo", núcleo de assessoramento do presidente na condução da pandemia.
Renan também afirmou que avalia incluir o próprio presidente na relação, mas que a competência de a CPI para investigar o presidente diretamente ainda é analisada.
Bolsas asiáticas fecham em baixa
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta segunda-feira, com a de Tóquio liderando as perdas, após os mercados acionários de Nova York se enfraquecerem na última sexta-feira, 18, em meio a temores gerados pela perspectiva de aperto da política monetária nos EUA.
Uma das missões do Fed é manter a inflação sob controle. O receio é que a tendência de alta da inflação global leve grandes BCs a reverter os agressivos estímulos que adotaram em reação à pandemia da covid-19 antes do previsto.
O índice Nikkei sofreu tombo de 3,29% em Tóquio hoje, aos 28.010,93 pontos. Em outras partes da Ásia, o Hang Seng caiu 1,08% em Hong Kong, aos 28.489,00 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi recuou 0,83% em Seul, aos 3.240,79 pontos, e o Taiex registrou perda de 1,48% em Taiwan, aos 17.062,98 pontos.
Já na China continental, os mercados conseguiram driblar o mau humor hoje, após o BC local manter suas principais taxas de juros inalteradas pelo 14º mês consecutivo. O Xangai Composto subiu 0,12%, aos 3.529,18 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,74%, aos 2.396,20 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana seguiu o viés predominantemente negativo da região asiática, e o S&P/ASX 200 teve a maior queda em mais de um mês em Sydney, de 1,81%, aos 7.235,30 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado