Bolsa sobe 1,73% com Vale, bancos e exterior; dólar cai 1,25%
Investidores estão de olho na agenda externa e atentos à crise política local
A Bolsa fechou em alta de 1,73% nesta segunda-feira, 12, marcando 127.593,83 pontos. As ações da Vale e dos bancos, que representam grande parte da carteira teórica do Ibovespa, influenciaram no resultado positivo.
No cenário externo, a valorização das ADRs de ações brasileiras, impulsionada pelos recordes dos principais índices americanos da última sexta-feira, 9, quando a B3 estava fechada por conta do feriado, também contribuiu para a boa performance do pregão.
Como reflexo da alta das ADRs e valorização do preço do minério de ferro, as ações da Vale viveram um dia de alta, fechando com variação positiva de 1,45%. Na mesma esteira, mineradoras e siderúrgicas como CSN, Usiminas e Gerdau reportaram avanço acentuado de 6,15%, 3,32% e 4,67%, respectivamente.
Os bancões, que juntos respondem por cerca de 17% da carteira teórica da B3, também registraram valorização em suas ações. Itaú, Bradesco e Santander avançaram 1,30%, 2,52% e 2,05%, na sequência.
Dólar em forte queda
Após abrir em alta, o dólar fechou em queda na volta do feriado local de sexta-feira, 9, respondendo ao cenário externo negativo desta segunda-feira e à tensão política no Brasil.
A moeda americana à vista caiu 1,25%, cotada a R$ 5,174.
Sobe e desce da B3
Nesta segunda-feira, além dos bancos e siderúrgicas, empresas ligadas ao turismo também fecharam o pregão com ganhos. A CVC reportou forte avanço de 7,25%, enquanto a Azul registrou alta de 3,13%, após divulgar os dados preliminares de junho.
A Embraer também viveu um dia positivo para seus papéis na Bolsa, com a venda de jatos para a Porter Airlines. Os papéis da companhia dispararam 7,96%.
Depois de anunciar que irá assumir a operação da rede Domino's Pizza no País, as ações da Burger King Brasil fecharam com forte alta de 8,44%.
Crise política
No Brasil, apesar dos ganhos do Ibovespa, a crise política segue na pauta de atenção dos investidores. Na última sexta-feira, 9, e ao longo do final de semana, houve novos ataques do presidente Jair Bolsonaro à realização de eleições em 2022, caso não seja adotado o voto impresso.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, também foi alvo de Bolsonaro. Em resposta, Judiciário, Congresso e partidos políticos reafirmaram o compromisso com a democracia e as eleições no ano que vem, além de defenderem a segurança das urnas eletrônicas.
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, chamou de "ameaça absurda" a afirmação de Bolsonaro sobre não haver eleições em 2022, ao participar de "live" organizada pelo grupo Parlatório na noite anterior.
O militar defendeu na "live" uma "reação forte" da sociedade e das instituições contra a ameaça feita pelo chefe do Executivo. O general afirmou que o fanatismo no Brasil pode acabar em violência.
Também considerou que há um desrespeito generalizado no País a ser enfrentado pela lei. O ex-ministro disse ainda que a corrupção é um ponto que deve ser combatido por aumentar o risco de ruptura institucional.
Para Santos Cruz, as Forças Armadas estão no centro da discussão política devido à decisão de Bolsonaro de nomear diversos militares para o governo. O general avaliou que o caráter político da CPI da Covid criou um desgaste para as Forças Armadas.
CPI da Covid: Covaxin
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid recebeu na última sexta-feira, 9, mais um servidor do Ministério da Saúde. Desta vez, o colegiado ouviu o técnico da divisão de importação da Pasta, William Amorim Santana.
Segundo Santana, ele se recusou a dar andamento à importação da Covaxin após erros e inconsistências em três versões da documentação enviada pela Precisa Medicamentos ao Ministério da Saúde.
O técnico apontou falhas nas invoices (documentos com informações fiscais) encaminhadas pela companhia à pasta e reforçou que o aval para a continuidade do processo foi dado pela fiscal do contrato, Regina Célia Oliveira, que também foi ouvida pelo colegiado na semana anterior.
Após reiteradas cobranças feitas pela CPI, o Ministério da Saúde enviou à comissão os documentos relativos à contratação da vacina indiana Covaxin, cuja compra é investigada pela CPI por suspeitas de irregularidades e corrupção.
NY: bolsas em alta
No cenário externo, as bolsas de Nova York fecharam em alta com o mercado no aguardo da divulgação de dados econômicos do país nesta semana, do início da divulgação da temporada de lucros do 2º trimestre, além dos desdobramentos da nova variante delta do coronavírus.
O índice S&P 500 registrou ganhos de 0,38%, Dow Jones na mesma esteira, com avanço de 0,36%, e Nasdaq 100, com valorização de 0,35%.
A forte agenda externa de dados econômicos começa nesta terça-feira, 13, com a divulgação, nos Estados Unidos, da inflação ao consumidor, o CPI (Consumer Price Index), de junho.
O índice mede a evolução de preços de uma cesta de bens e serviços, excluindo alimentos e energia elétrica, que os americanos consomem e dá uma ideia de como está o nível de consumo e seus possíveis impactos sobre a inflação americana.
Uma possível evolução de preços pode influenciar a orientação do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), sobre os juros ou a redução de estímulos monetários, como a diminuição gradual da compra de títulos.
Outro dado que o mercado aguarda é o índice de preços ao produtor (IPP) americano, que será anunciado na quarta-feira, e que também costuma influenciar o debate sobre a inflação nos EUA.
Um evento fora dos EUA que pode influenciar os mercados, nesta semana fraca de agenda doméstica, são os dados de desempenho da economia chinesa.
Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos, afirma que os dados recentes mais tímidos têm causado certa decepção no mercado. Os dados sobre a evolução do PIB chinês serão divulgados na quarta-feira, 14.
Na última sexta-feira, a Pfizer anunciou que pedirá autorização para a aplicação de uma terceira dose de sua vacina contra a covid-19 no país.
"As notícias de que a Pfizer está planejando começar a testar uma injeção de reforço específica para a delta forneceram otimismo para vencer a guerra contra a covid-19", avalia Edward Moya, analista da Oanda. A Pfizer pedirá autorização em agosto nos EUA para a aplicação de uma terceira dose de sua vacina.
Segundo a farmacêutica, outra injeção do imunizante, meses após as duas primeiras, poderia aumentar "drasticamente" a imunidade e talvez proteger contra novas cepas do coronavírus.
O presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um decreto que, segundo a Casa Branca, tem o objetivo de aumentar a competição entre as empresas do país. Durante um discurso, o democrata afirmou que a medida fortalecerá as leis antitruste americanas e disse que há "muita concentração" no setor das chamadas "big techs".
Bolsas asiáticas fecham em alta
As bolsas asiáticas fecharam em alta generalizada nesta segunda-feira, após Wall Street renovar máximas no último pregão, apesar de preocupações sobre a disseminação da variante delta do novo coronavírus e à medida que investidores aguardam a nova temporada de balanços dos EUA.
O índice Xangai Composto subiu 0,67% hoje, aos 3.547,84 pontos, depois que o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) anunciou um corte de compulsório bancário no fim da semana passada, liberando recursos para mais empréstimos.
Já o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 1,98%, aos 2.485,15 pontos. Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei saltou 2,25% em Tóquio, aos 28.569,02 pontos, enquanto o Hang Seng se valorizou 0,62% em Hong Kong, aos 27.515,24 pontos
O sul-coreano Kospi subiu 0,89% em Seul, a 3.246,47 pontos, interrompendo uma sequência de três sessões negativas, e o Taiex registrou alta de 0,87% em Taiwan, a 17.814,33 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana também ficou no azul hoje, impulsionada por produtoras de minério de ferro. O S&P/ASX 200 avançou 0,83% em Sydney, aos 7.333,50 pontos. /com Júlia Zillig e Agência Estado