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Mercado Financeiro

Bolsa não recebe bem acordo para elevar teto de gastos e cai aos 107 mil pontos; dólar sobe 1,8%

Investidores mantêm posição de cautela com as indefinições do cenário fiscal

Data de publicação:21/10/2021 às 10:36 -
Atualizado um ano atrás
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O mercado não recebeu bem o acerto feito pelo governo com os líderes políticos para conseguir pagar um benefício social mais elevado. A ideia é aplicar correção monetária ao teto de gastos dos últimos 12 meses, o que dará uma margem extra para gastos de cerca de R$ 83,6 bilhões no orçamento do próximo ano. A manobra foi entendida como o mercado como uma maquiagem para furar o limite de gastos.

A Bolsa, que teve um início fraco do pregão , acentuou o movimento de queda na parte da tarde, assim que foram divulgados detalhes do acordo para acomodar o reajuste e o Auxílio Brasil de R$ 400. Ás 16h40, o Ibovespa deslizava para 107 mil pontos (107.429), com queda de 3,03%. O mesmo motivo se transformou em gás para o dólar que, no mesmo horário, subia 1,8%, cotado a R$ 5,660.

Foto: B3/Divulgação etfs
Sede da B3 em São Paulo | Foto: Divulgação

No câmbio, há expectativas sobre uma nova intervenção do Banco Central, com injeção de liquidez "extra", que poderia amenizar a alta. Além disso, também porque o real opera bem mais desvalorizado ante o dólar no exterior do que seus pares emergentes e ligados às commodities.

O substituto do Bolsa Família terá reajuste de 20% em novembro e o governo reiterou que o valor pode chegar a R$ 400, como benefício temporário, até dezembro de 2022.

Até o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, defensor ferrenho do teto de gastos, já reconheceu que não será possível fugir de ultrapassá-lo para chegar ao montante exigido pelo presidente Jair Bolsonaro.

O chefe da Economia admitiu a necessidade de uma “licença” para gastar R$ 30 bilhões fora do valor estipulado dentro da principal regra fiscal do governo, que ajuda a limitar o avanço das despesas à inflação.

Em um momento de baixa na popularidade do presidente Bolsonaro, em seu discurso, Guedes argumentou que a medida não seria eleitoreira. “Queremos ser um governo reformista e popular. E não um governo populista”.

Essa medida do governo preocupa o mercado, principalmente, segundo analistas, em um momento no qual a relação da dívida pública versus o Produto Interno Bruto (PIB) está um pouco mais equilibrada.

“Quando você implementa um programa social sem reduzir as despesas, essa relação ganha força e, consequentemente, o País paga mais juros, empresta mais dinheiro e, com isso, estressa a curva de juros”, explica Leo Paiva, economista do BTG Pactual.

Esse impasse no programa social do governo acaba criando um ambiente desafiador para o avanço das reformas, que devem acabar sendo empurradas para serem votadas mais para frente. “Em ano de eleição, o discurso sobre a realização de reformas fica inviável”, analisa Paiva.

Pela segunda vez, como reflexo desse imbróglio, a data de votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios foi adiada.

Nesse universo, um dos pontos que deixa o mercado em estado de atenção são as pressões que o Auxílio Brasil pode gerar em cima da inflação, que, para o ano que vem, segundo o Boletim Focus, do BC, tem uma projeção estimada de 4,18%.

E se a inflação avançar mais do que o previsto, a chance de a autoridade monetária aplicar um remédio mais amargo na política monetária é grande, com o alongamento do ciclo de alta da Selic, taxa básica de juros do País. Os dirigentes do BC já foram enfáticos em dizer que farão o que for preciso para ancorar a inflação.

Para esta quinta-feira são esperadas novas falas de Guedes e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participam de evento no Conselho Monetário Nacional, e que podem trazer novos indicativos sobre o cenário fiscal conturbado.

Juros futuros

Os juros futuros abriram em forte alta nesta quinta-feira diante da aversão ao risco trazida pela piora da percepção do ambiente fiscal com o Auxílio Brasil extrateto. As taxas renovaram máximas e chegaram a disparar até 64 pontos-base mesmo com o Tesouro antecipando a divulgação das ofertas para o leilão de LTN, NTN-F e LFT, a partir das 11h, com lotes menores.

Às 9h10, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 subia para 11,81% (máxima de 11,91%), de 11,27% no ajuste de quarta-feira. O DI para janeiro de 2025 avançava para 11,48% (máxima de 11,54%), de 10,90%, e o para janeiro de 2023 ia para 10,44% (máxima de 10,54%), de 9,91% no ajuste da véspera.

Sobe e desce das ações

Nesta quinta-feira, as ações ligadas às commodities vivem um dia de baixa na Bolsa, reflexo do alto custo de energia global e da crise chinesa, que voltou ao radar com os últimos desdobramentos do problema de liquidez da Evergrande.

Além da Vale, as siderúrgicas CSN, Usiminas e Gerdau registravam quedas de 4,42%, 5,95% e 4,35%, respectivamente, no pregão, às 14h27.

Em mais uma temporada de divulgação de prévias do setor da construção civil com números mistos, as ações da JHSF e Gafisa caíam 1,92% e 4,38%, respectivamente, às 14h25.

A Braskem informou que sua controlada, Braskem Idesa, conseguiu o sinal verde para a provação dos contratos de fornecimento de gás etano com a Pemex. Às 14h26, os papéis da companhia recuavam 2,42%.

Após comunicar ao mercado que aprovou o aumento de capital no valor de R$ 4 bilhões, as ações da Porto Seguro subiam 1,31% no mesmo horário.

PEC do “Conselhão” vetada

No ambiente político, que também faz parte da pauta de acompanhamentos dos investidores, os deputados rejeitaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o "Conselhão", o que representa uma derrota ao presidente da Câmara, Arthur Lira.

O substitutivo teve 297 votos favoráveis e 182 contrários, mas, por ser uma PEC, demandava maioria qualificada, com três quintos dos deputados em dois turnos de votação - ou seja, no mínimo 308 votos dentre os 513 deputados. Faltaram, portanto, 11 votos para a aprovação.

Apelidada de PEC da Vingança e considerada uma revanche contra a Operação Lava Lato, a PEC era uma das prioridades da agenda de Lira.

As entidades que representam procuradores e promotores, como a Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) e a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), se posicionaram contra a proposta.

CPI da Covid: crimes de Bolsonaro

O relatório final da CPI da Covid pediu o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por crime contra a humanidade na condução da pandemia do coronavírus, que deixou mais de 600 mil mortos no Brasil.

O senador Renan Calheiros, relator da comissão, apontou Bolsonaro como "o principal responsável" pelos erros do governo na crise. Em seu parecer, Renan propôs a punição do presidente por nove condutas criminosas. Além dos crimes contra a humanidade e de responsabilidade, a lista inclui charlatanismo e prevaricação.

Agora, a CPI fará pressão sobre o procurador-geral da República, Augusto Aras, para que dê prosseguimento às investigações.

Ao mesmo tempo que concordou em retirar do relatório o trecho que acusava Bolsonaro de genocídio e homicídio - ponto que causou divergência com seus colegas do G-7, o grupo majoritário da CPI -, Renan ampliou as citações referentes a crimes contra a humanidade. O relatório menciona agora as modalidades de extermínio, perseguição e outros atos desumanos.

O crime contra a humanidade está previsto no Estatuto de Roma. Em setembro do ano passado, o Tribunal Penal Internacional (TPI) já havia decidido arquivar temporariamente denúncias contra Bolsonaro, acusado por entidades de ter cometido esse crime pelo descaso na condução na pandemia de covid-19. O relator da CPI, agora, voltou a apontar o dedo para o presidente.

Ao todo, Renan solicitou 68 indiciamentos. O número engloba 66 pessoas - de Bolsonaro e seus três filhos políticos (Flávio, Carlos e Eduardo) até ministros como Marcelo Queiroga (Saúde), seu antecessor Eduardo Pazuello, Onyx Lorenzoni (Trabalho) e o titular da Casa Civil, Braga Netto -, além de duas empresas (Precisa Medicamentos e VTCLog).

Após quase seis meses de trabalhos que consumiram 369 horas e analisaram 4.323.797 documentos sigilosos, a CPI deverá votar o relatório final na próxima terça-feira, 26.

Senadores prometeram entregar, no dia seguinte, as conclusões a Aras e ao presidente da Câmara, Arthur Lira. Caso nenhum dos dois tome providências, a comissão pode não surtir efeito prático.

Wall Street e o mundo

Lá fora, o clima está azedo, mesmo com os balanços trimestrais seguindo com resultados acima do esperado pelos analistas. Nos Estados Unidos, as bolsas operam sem direção única.

A preocupação dos investidores em relação às questões ligadas ao avanço da inflação, à retirada dos estímulos da economia americana e as perspectivas nada animadoras para o setor imobiliário na China estão freando o apetite ao risco.

A apreensão do mercado financeiro global está ligada ao fato de que as pressões sobre os custos – alimentadas pela crise energética e problemas na cadeia de suprimentos – possam retardar a recuperação econômica.

No entanto, um dado econômico positivo pode trazer um pouco de alento às bolsas americanas. O número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos teve leve queda de 6 mil na semana encerrada em 16 de outubro, a 290 mil, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta quinta-feira pelo Departamento do Trabalho americano.

O resultado surpreendeu analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam avanço a 300 mil solicitações. O total de pedidos da semana anterior foi ligeiramente revisado para cima, de 293 mil a 296 mil.

Sobre os resultados corporativos das empresas americanas, na véspera, a Verizon, companhia de telecomunicações americana, informou lucro líquido de US$ 6,6 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 45% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A United Airlines, por sua vez, teve lucro líquido de US$ 473 milhões no trimestre mais recente, revertendo prejuízo informado no mesmo período do ano passado.

A Netflix registrou lucro líquido de US$ 1,449 bilhão, uma alta de 83,4% em comparação a igual período de 2020.

Ainda assim, seus papéis fecharam em baixa de 2,17% no dia anterior. "As ações da Netflix caíram após uma alta prolongada, que faz com que muitos duvidem de que as avaliações de seus papéis se manterão no próximo ano", diz Edward Moya, analista da Oanda.

Além disso, os investidores estão refletindo sobre o conteúdo do Livro Bege, divulgado na tarde da véspera. De acordo com o documento, as perspectivas econômicas para o curto prazo seguem positivas, mas a incerteza é crescente e o otimismo, cauteloso.

A maioria dos distritos do Fed reportou preços significativamente elevados, de acordo com o sumário de opiniões que embasa decisões de políticas monetárias.

O diretor do banco central americano Randal Quarles disse que caracterizar a inflação como transitória não significa, necessariamente, que ela terá "vida curta". Os preços nos EUA devem desacelerar no próximo ano, disse ele, mas há riscos de que isso não ocorra.

Quarles também defendeu que o anúncio do tapering, processo de redução de compra de ativos, ocorra na próxima reunião de política monetária do Fed, em novembro.

O fantasma da Evergrande

Do outro lado do mundo, a Evergrande voltou a assombrar o mercado. No continente asiático, as bolsas fecharam majoritariamente em baixa, à medida que a gigante do setor imobiliário fracassou na venda de uma fatia de uma de suas subsidiárias.

A Evergrande informou que não conseguiu fechar a venda de 50,1% de sua unidade Evergrande Property Services, num acordo que renderia cerca de US$ 2,6 bilhões e ajudaria a empresa a evitar um calote.

Em Hong Kong, a ação da Evergrande sofreu um tombo de 12,54%, voltando a ser negociada depois de uma paralisação que durou mais de duas semanas.

O papel da Evergrande Property Services, por sua vez, teve queda de 8,01%. Já o índice Hang Seng encerrou o pregão em Hong Kong com baixa de 0,45%, aos 26.017,53 pontos.

Em outras partes da Ásia, o Nikkei caiu 1,87% em Tóquio, aos 28.708,58 pontos, em meio a dúvidas sobre as futuras políticas do novo primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida.

O sul-coreano Kospi registrou perda de 0,19% em Seul, aos 3.007,33 pontos, e o Taiex ficou praticamente estável em Taiwan, com alta marginal de 0,01%, aos 16.889,51 pontos.

Na China continental, o Xangai Composto teve modesto ganho de 0,22%, aos 3.594,78 pontos, mas o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 0,16%, aos 2.416,18 pontos.

Na Oceania, a bolsa australiana terminou o dia perto da estabilidade, com ligeira alta de 0,02% do S&P/ASX 200, aos 7.415,40 pontos. / Com Tom Morooka e Agência Estado

Sobre o autor
Julia Zillig
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