Bolsa cai 0,73% com Petrobras e zera ganhos na semana; dólar sobe 0,60%
Investidores estão atentos ao cenário externo e interno
A Bolsa encerrou o pregão desta quinta-feira, 15, em baixa de 0,73%, aos 127.467,88 pontos, anulando a valorização de dias anteriores na semana. O resultado negativo é justificado, sobretudo, pela forte desvalorização nas ações da Petrobras ao longo do dia, refletindo a queda no preço do petróleo em nível mundial. Bancos e cenário político local também puxaram o desempenho do Ibovespa para baixo.
O dólar subiu 0,60% e ficou cotado a R$ 5,115, seguindo movimento do exterior.
De acordo com Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, após relatório publicado nesta tarde pela Opep, a expectativa é de que o cartel aumente a produção de petróleo, com a perspectiva de que a demanda por petróleo também venha a crescer em níveis similares ao período pré-pandemia até 2022.
Essa informação provocou uma desvalorização no preço da commodity no mercado internacional, influenciando com forte queda de 1,95% os papéis da Petrobras. A petroleira tem cerca de 8% de participação na carteira teórica da B3.
Os chamados "bancões" também viveram um pregão negativo. As ações do Bradesco e do Itaú caíram 1,74% e 1,10%, respectivamente.
Mesmo os ganhos dos papéis de algumas siderúrgicas e mineradoras ao longo do dia não foram suficientes para ajudar a manter a Bolsa no azul. Vale e CSN reportavam ganhos de 0,11% e 2,07%, corrigindo o movimento de queda da véspera.
Cenário político
Além de acompanhar e manter a expectativa sobre os novos passos da reforma tributária e da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, os investidores estão monitorando o estado de saúde do presidente Jair Bolsonaro, internado na véspera para tratar uma obstrução no intestino.
Sobe e desce da B3
Nesta quarta-feira, a varejista Magalu foi a alta mais expressiva da Bolsa, com a notícia sobre a compra do site de e-commece KaBuM! por R$ 3,5 bilhões, considerada a maior aquisição da rede. As ações da companhia dehcou com alta de 3,79%, depois de subir mais de 6% na parte da manhã.
Dólar em alta
A alta de 0,60% registrada hoje na moeda americana frente ao real seguiu um movimento de elevação no exterior.
Mais cedo, o presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em St. Louis, James Bullard, afirmou que "estamos em situação em que podemos iniciar 'tapering'" e defendeu também que é tempo de terminar com medidas monetárias emergenciais.
Para ele, se a inflação nos EUA não recuar em 2022, o país não estará em posição tão boa.
Bolsas em queda em NY
No exterior, os contratos negociados nas bolsas de Nova York fecharam majoritariamente em queda, com o mercado repercutindo os dados sobre o volume de pedidos de seguro-desemprego do país, que registraram queda e vieram em linha com as estimativas, e os últimos números sobre a produção industrial americana.
Além disso, os investidores passaram o dia analisando as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, na véspera, que reforçou a postura acomodatícia da autoridade monetária, mesmo após os sinais de alta da inflação nos Estados Unidos.
O S&P 500 reportou baixa de 0,33%, com Nasdaq100 na mesma esteira, com variação negativa de 0,71%. No sentido oposto, Dow Jones teve leve alta de 0,15%.
O Departamento do Trabalho divulgou nesta manhã que o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos caiu 26 mil na semana encerrada em 10 julho, totalizando 360 mil.
O resultado veio em linha com a expectativa de analistas. O total da semana anterior foi revisado para cima – de 373 mil para 386 mil pedidos.
A produção industrial dos Estados Unidos cresceu 0,4% em junho ante maio, segundo dados divulgados pelo Fed. O resultado ficou abaixo do esperado por analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam crescimento de 0,6%.
A produção industrial de maio foi revisada para baixo ante ao mês anterior, de uma alta de 0,8% para um avanço de 0,7%, afirmou o Fed.
A taxa de utilização da capacidade instalada, por sua vez, teve crescimento, de 75,1% em maio (dado revisado, de 75,2% antes calculado) para 75,4% em junho. De acordo com o Fed, a taxa é 4,2 pontos porcentuais abaixo de sua média de longo prazo, entre 1972 e 2020. O dado também ficou abaixo dos 75,7% previstos pelos analistas.
Segundo o analista da Oanda, Edward Moya, Jerome Powell mostrou “teimosia contínua em uma postura de política monetária ultraflexível”.
Em sua percepção, o depoimento do dirigente não revelou “que o Fed está preocupado com o superaquecimento da economia ou que as pressões de preços podem permanecer por mais tempo do que o inicialmente esperado”.
Desta forma, a postura monetária mais branda - favorável à manutenção de estímulos - foi confirmada, uma vez que Powell acredita que a economia está longe de ver um progresso substancial para começar a reduzir as compras de ativos, na visão de Moya.
No caso de o Fed estar errado sobre a inflação ser transitória, "claramente está pronto para reagir de acordo se a inflação não moderar na queda. Wall Street vai testar a postura mais leve nos próximos meses, à medida que as pressões generalizadas de preços atingem a economia", avalia Moya.
CPI da Covid: Davati
Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que seguem sendo acompanhados de perto pelo mercado, foram prorrogados por mais 90 dias. As investigações devem ser concluídas até o mês de outubro.
Nesta quinta-feira, o colegiado ouve o representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, que está sendo questionado sobre a negociação para compra de 400 milhões de doses da AstraZeneca oferecidas pela farmacêutica ao Ministério da Saúde.
Cristiano disse que não tinha acesso aos fornecedores de vacinas e que não esteve no jantar em que, supostamente, o então diretor da pasta Roberto Dias pediu propina ao vendedor e cabo da PM Luiz Paulo Dominghetti.
Na véspera, a diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, voltou ao Senado e foi novamente ouvida pelo colegiado. A empresa foi responsável por intermediar a compra pelo governo Bolsonaro da vacina indiana Covaxin, da Bharat Biotech.
Na versão apresentada aos senadores, Emanuela negou que existam irregularidades na negociação, afirmando também que não houve interferência política na compra do imunizante.
Durante o depoimento, Emanuela também confrontou as versões apresentadas à CPI da Covid pelos funcionários do Ministério da Saúde.
O servidor Luis Ricardo Miranda e o consultor técnico William Amorim afirmaram que a Precisa enviou à pasta no dia 18 de março a primeira invoice da compra da vacina, enquanto a empresa alega que encaminhou apenas no dia 22 daquele mês.
Em razão disso, Emanuela afirmou ainda que os irmãos Miranda mentiram à CPI ao falar que a invoice foi apresentada em reunião com o presidente Jair Bolsonaro no dia 20 de março.
Bolsas asiáticas fecham em alta
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta quinta-feira, na esteira de uma série de indicadores da China, que mostraram forte desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), mas também sinalizaram um desempenho melhor do que o esperado da indústria e do varejo.
Na China continental, o índice Xangai Composto subiu 1,02% hoje, aos 3.564,59 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,35%, aos 2.478,72 pontos.
Em outras partes da Ásia, o Hang Seng valorizou 0,75% em Hong Kong, aos 27.996,27 pontos, o Kospi teve alta de 0,66% em Seul, aos 3.286,22 pontos, após o banco central sul-coreano manter seu juro básico na mínima histórica de 0,50%. E o Taiex registrou ganhos de 1,06% em Taiwan, aos 18.034,19 pontos.
Exceção, o japonês Nikkei caiu 1,15% em Tóquio, aos 28.279,09 pontos, pressionado por ações de petrolíferas em meio a um avanço do iene em relação ao dólar. O Banco do Japão (BoJ) anuncia decisão de política monetária nas primeiras horas de amanhã, mas não há expectativa de mudanças na sua postura ultra-acomodatícia.
Dados oficiais mostraram que o PIB chinês teve expansão anual de 7,9% no segundo trimestre, bem menor do que o salto de 18,3% observado no trimestre anterior, mas em linha com as expectativas. Já a produção industrial e as vendas no varejo da China subiram mais do que o esperado em junho, assim com os investimentos em ativos fixos no primeiro semestre.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho, à medida que o país vem retomando lockdowns para conter uma nova onda de infecções por covid-19. O S&P/ASX 200 caiu 0,26% em Sydney, aos 7.335,90 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado