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Finanças Pessoais

Mais títulos de renda fixa terão marcação a mercado em 2023; veja o que muda para o investidor

Haverá mais transparência no investimento, principalmente para quem precisar vender o título antes do vencimento final

Data de publicação:31/08/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Os investimentos em títulos de renda fixa ganham novo grau de transparência na virada do ano, quando mais títulos de renda fixa terão marcação a mercado, e o investidor terá condições de saber quanto vale a cada dia o papel que tem em mãos.

A partir do dia 2 de janeiro de 2023, passarão pelo processo de atualização do valor, na mesma toada dos preços pelos quais estão sendo negociados no mercado, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), as debêntures, incluídas as incentivadas, e os títulos públicos comprados pela tesouraria de bancos e corretoras de valores. Os títulos públicos negociados no Tesouro Direto já são submetidos a esse processo.

marcação a mercado
Além de cota de fundos e títulos públicos, CRI, CRA e debêntures terão marcação a mercado - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Mas, afinal, no que a nova regra vai impactar a vida do investidor? Eliseu Hernandez D’Oliveira, líder de gestão de risco da Oby Capital, diz que a nova regra traz “mais transparência para o mercado de renda fixa, que fica mais robusto e com mais liquidez, e mais proteção ao investidor”.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores, lembra que “essa mudança já havia acontecido em 2002, para os fundos de investimento, e agora passará a fazer parte do dia a dia também do investidor individual”.

D’Oliveira explica que pelo mecanismo atual, em que a marcação é feita na curva de juros ou na taxa da compra do título, o investidor não tem ideia de quanto seu ativo está valendo. “Só toma conhecimento quando liga para o banco ou a corretora e pede a cotação de seu ativo, de seu patrimônio”, que pode estar valendo mais ou menos do que pensa.

A marcação a mercado para esses títulos é positiva, “mas em um primeiro momento a nova regra pode assustar o investidor, porque vai trazer muita volatilidade à carteira”, acredita. “Quanto maior o prazo médio (duration) do título, maior a oscilação no valor”, reforça D’Oliveira. “Um título de 10 anos vai ter mais volatilidade que o de dois anos, por exemplo.”

Essa volatilidade vai surpreender e pegar no contrapé principalmente o investidor conservador, “que acredita que a renda fixa costuma ser o porto seguro” do mercado de investimentos. “Isso não vai acontecer mais, mas em compensação o investidor vai saber o que realmente tem, a menos que peça o resgate ao banco ou corretora e saia do papel antes.”

O especialista em renda fixa e sócio da Quantzed diz que haverá impacto com a nova regra de marcação a mercado e “o investidor sentirá certa estranheza, preocupação. Principalmente os que têm títulos prefixados comprados em anos anteriores, em relação ao valor da carteira que passará a ser marcada a mercado”.

Se for vender o título antes do vencimento, diz Ricardo Jorge, esse investidor terá de se submeter às condições de preço do mercado secundário, onde os papeis em circulação trocam de mãos. “É muito provável que o título prefixado emitido com taxa menor estará valendo menos do que quando foi comprado, porque as taxas de juro subiram.”

Volatilidade pode assustar o investidor

Em ambiente de alta dos juros, cenário que marcou a política monetária desde o primeiro semestre de 2021, o investidor provavelmente terá um valor menor que o estampado na tela. “É possível ter investido a 10%, 12% e ter menos que essa taxa indica”, afirma D’Oliveira, na posição de momento. “Mas, se carregar o título até o vencimento, vai receber o rendimento pela taxa que contratou no momento da compra do título.”

O movimento inverso também é possível. “Pode ter ágio, com valorização, no papel, pela marcação a mercado positiva, e o investidor enxergar valor maior do que o que via na marcação à curva”, enfatiza D’Oliveira.

A marcação a mercado possibilitará que o investidor acompanhe e veja se seu patrimônio está valorizando ou desvalorizando. “Mas só vai assumir o lucro ou a perda se sair do papel com sua venda naquele momento.”

O líder de gestão de risco da Oby Capital compara essa nova experiência a caminho da renda fixa em relação a esses títulos com quem investe em renda variável, na bolsa de valores. “É como quem compra uma ação por R$ 10 e sua cotação no mercado cai para R$ 8, uma queda de 20%. Essa queda só vira prejuízo se o investidor vender a ação.”

Para Ricardo Jorge, “o grande benefício da nova regra é que o investidor vai ter acesso ao valor de seu portfólio, ao valor de seu patrimônio, exatamente em função de como é a realidade do mercado”.

O mais importante, recomenda ele, é que as pessoas se informem, procurem orientação, “antes de tomar qualquer decisão precipitada quando verificar uma mudança de valores em seu portfólio”.

Marcação à curva de juros x marcação a mercado

Eliseu Hernandez D’Oliveira explica que os títulos que serão marcados a mercado a partir de janeiro passam atualmente pelo mecanismo de marcação na curva. Ela consiste no cálculo da rentabilidade pela taxa de juros contratada na compra do título. Uma taxa de 10% ao ano, por exemplo, mantém essa rentabilidade no dia a dia, sem que se tenha ideia de seu valor, em meio a oscilações, no mercado secundário.

“Marcação na curva é quanto o título, em geral um prefixado, vale, considerando a taxa de juros contratada”, diz Ricardo Jorge, da Quantzed. “É um valor que sobe gradualmente dia após dia, em função da taxa de juros contratada.”

Fora da marcação

Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), as Letras do Crédito Imobiliário (LCI) e Letras do Crédito Agrícola (LCA) não estarão sujeitas a essa atualização no valor diário dos papeis.

Isso porque são emitidos por instituições financeiras, que poderão recomprar os títulos com base na marcação à curva, como já é feito atualmente.

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.

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