Mais 17 BDRs de ETFs estrearam na B3 nas áreas de biomedicina, energia limpa, cloud computing e cybersegurança
Ao todo, são 13 fundos de índice ligados à gestora First Trust e quatro à BlackRock
A Bolsa de Valores está trazendo cada vez mais novas opções para investidores interessados em alocar seus ativos no mercado internacional. Isso para atender a uma demanda por diversificação ou maior proteção, de modo a evitar ficar com exposição apenas aos fatores domésticos.
Nesta quarta-feira, 15, um total de 13 novos BDRs (Brazilian Depositary Receipt) atrelados a ETFs, ou seja, a fundos listados e negociados nos Estados Unidos, vinculados a índices de diversos segmentos, começaram a ser negociados na B3, e mais quatro estrearam na última segunda-feira. As novidades, desta vez, estão voltadas para investidores qualificados (aqueles com capital investido superior a R$ 1 milhão).
Os BDRs se tornaram importantes ferramentas para que os brasileiros tenham acesso ao mercado financeiro internacional.
Entre os que estão chegando na B3 e seguem os fundos de índice, chama a atenção, além da forte presença de produtos ligados à tecnologia – tema de grande parte dos BDRs - os produtos com lastro em setores como saúde, energia limpa, cloud computing e cybersegurança, temas que ainda não são tão presentes na Bolsa brasileira.
Entre os 17, 13 são atrelados a fundos geridos pela empresa americana First Trust. A companha possui atualmente 184 ETFs negociados no mercado dos Estados Unidos, com um patrimônio sob gestão na ordem de US$ 141,3 bilhões.
Os outros quatro são resultantes da parceria da B3 com a BlackRock, gestora global de ativos financeiros. Esses já estão disponíveis para negociação desde 13 de setembro.
Segundo Ariane Benedito, economista da CM Capital, a chegada desses novos produtos à Bolsa está ligada ao aumento da busca do investidor por mercados diversificados. “O mercado de BDRs evolui impulsionado pelo tipo de tema que o investidor procura naquele momento”.
De acordo com a economista, a pandemia despertou o interesse dos investidores brasileiros em ativos da área de saúde, principalmente na área de biotecnologia, ligada ao desenvolvimento de vacinas contra a covid-19.
A energia limpa, segundo ela, também faz parte da pauta das empresas que pretendem se adequar aos princípios de ESG (Environmental, Social and Governance, em inglês). Outro tema que desperta grande interesse nos investidores, assim como o de cybersegurança, que é debatido no mundo todo, com os frequentes ataques aos sistemas de empresa e governos.
E o cloud computing (computação em nuvem, em português) cresceu e ganhou destaque com a pandemia - as empresas tiveram que levar seus dados para a nuvem para que pudessem ser acessados de qualquer lugar. Empresas como Amazon, Microsoft, Oracle, IBM, entre outras, se destacam nesse mercado.
Ariane acredita que os BDRs, que estrearam na B3, devem se tornar acessíveis para o mercado secundário em breve, com acesso a pessoas físicas em geral, por conta de nova etapa de expansão do mercado.
Acessibilidade
Além disso, o fato de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ter autorizado o acesso a esse produto às pessoas físicas contribuiu para o crescimento meteórico dos BDRs na Bolsa. Segundo dados do relatório mensal da B3 sobre o assunto, o número de investidores saltou de 419, em dezembro de 2020, para 10.491 em agosto – crescimento de mais de 2.000%.
Desde novembro de 2020 foram lançados na B3 um total de 69 BDRs de ETFs e 45 deles já se encontram disponíveis para o investidor pessoa física, de acordo com dados da Bolsa.
“Os BDRs de ETF permitem que os investidores diversifiquem seus investimentos por setor, país e moeda, sem precisar tirar o dinheiro do Brasil. Essa abertura coloca no mercado mais quatro produtos para o investidor e, com isso, caminhamos para um mercado cada vez mais diverso e plural”, comenta Rogério Santana, diretor de Relacionamento com Clientes da B3.
Riscos locais
Ilmer Olveira, especialista da Valor Investimentos, ressalta que o aumento do risco político, com a crise no governo e as eleições, leva os investidores a buscarem produtos que protejam seu patrimônio, com exposição ao exterior.
“Além disso, os BDRs possibilitam que o investidor tenha acesso a assuntos com os quais tenha afinidade, como por exemplo, as questões climáticas, os princípios ESG, tecnologia. Soma-se ainda o fato de que o produto é adequado para quem não tem tempo de fazer stockpicking”, analisa Oliveira.