Lucro das empresas listadas na B3 dispara 1.615% no 2º trimestre
Avanço da vacinação e reabertura gradual da economia contribuíram para os resultados
O avanço da vacinação e a reabertura gradual de economias pelo mundo abriram espaço para uma forte alta no lucro das empresas brasileiras listadas na Bolsa.
As companhias não financeiras da B3 tiveram crescimento de 1.026% no lucro, na comparação com igual período de 2020, para R$ 74 bilhões, em conta que exclui as gigantes Vale e Petrobrás. Quando a petroleira e a mineradora são incluídas, o avanço salta para 1.615%, chegando a R$ 157 bilhões, ante R$ 9 bilhões do ano passado. As informações fazem parte de um levantamento feito pela Economatica.
"Até 2019, estava começando uma recuperação bem relevante (das empresas brasileiras), destruída em 2020 pela pandemia", diz Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economatica, que destaca também o avanço das empresas não financeiras em relação aos bancos. "As empresas estão voltando a andar, os resultados são muito alentadores e a expectativa para o ano, também."
Embora também tenham recuperado parte do impacto da pandemia, os bancos viram seus lucros registrarem um avanço mais tímido no segundo trimestre. As 21 empresas do setor somaram ganhos de R$ 26 bilhões, alta de 89% em relação a igual período do ano passado.
Além de Vale e Petrobras, é possível notar o efeito positivo do preço das commodities e do dólar alto nos resultados. Setores como siderurgia, química e papel e celulose viram os lucros dispararem no período.
De 24 setores analisados, apenas o de educação, com quatro empresas, registrou prejuízo no segundo trimestre, ainda que menor do que em 2020.
Lucro das empresas no 2º tri é fotografia do passado
Para Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV/ Eaesp, o lucro das empresas do trimestre são uma fotografia do passado e ainda estão bastante contaminados por efeitos como commodities e dólar. Embora reconheça os impactos potenciais positivos para a economia, ela afirma que é preciso ter cautela porque há efeitos não duradouros e ainda muita desigualdade no desempenho entre setores.
"Começam a aparecer sinais positivos e está diminuindo a desgraça que foi a pandemia, mas não dá para dizer que é recuperação de todo mundo", afirma ela.
Claudia lembra que o resultado das companhias listadas é diferente da realidade das empresas pequenas - muitas das quais não conseguiram sobreviver à crise. Além disso, há riscos ainda presentes nos próximos meses, como o ritmo de vacinação e as novas variantes da covid-19. Analistas também têm destacado com mais preocupação temas como a saúde fiscal do País e a crise política. /Agência Estado