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Economia

Inflação, juros alto e cenário externo fraco: o crescimento econômico vai minguar em 2022?

Recentemente, o mercado revisou suas projeções para o PIB brasileiro em 2022

Data de publicação:09/06/2022 às 05:00 -
Atualizado um ano atrás
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Nos últimos dias, o mercado tem feito revisões para cima em suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022. Enquanto os economistas que participaram do último Boletim Focus, produzido pelo Banco Central, apostam em um crescimento do País na casa dos 1,20%, o Banco Mundial subiu sua estimativa para o indicador de 1,4% para 1,5%.

No entanto, o País vive um cenário macroeconômico adverso, com juros altos internamente e no exterior, inflação alta e um ambiente internacional nada animador com a guerra na Ucrânia e lockdown na China. A pergunta que fica é: será que esses componentes devem minar o crescimento do Brasil no período? Segundo os entrevistados para essa reportagem, há chances desse cenário ganhar força.

crescimento econômico
Segundo especialistas, é possível que o PIB arrefeça a partir do segundo semestre de 2022 - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Para Nicolas Giacometti, especialista em renda fixa da Blue3, o bom desempenho da atividade no primeiro trimestre deste ano influenciou na alta das projeções.

Já Matheus Pizzani, economista da CM Capital não corrobora com essa visão. “Nós estamos com a indústria praticamente andando de lado, tivemos um crescimento do setor de serviços, mas não tão expressivo, e o agronegócio, com bons resultados com as exportações, mas deixando a desejar no mercado interno”.

Cenário internacional desfavorável

Segundo Rodrigo Simões, especialista em economia e finanças e professor da FAC, é difícil pensar isoladamente em todos esses fatores. “Todos estão interligados e um puxa o outro”.

Após receber uma forte injeção de estímulos nas economias por conta da pandemia, os principais gigantes globais hoje enfrentam o reflexo desse excesso de liquidez.

“Um cenário internacional desfavorável está sendo impactado pela quebra das cadeias de produção, que acabaram gerando inflação alta. Para remediar o problema, as principais economias do mundo estão elevando os juros, o que reflete no arrefecimento da atividade econômica”, explica Simões.

Rodrigo Simões, especialista em economia e finanças

No Brasil, esse movimento de alta dos juros começou durante a pandemia. Nos últimos 18 meses, a Selic foi de 2 a 12,75%. Nos Estados Unidos, o ciclo de aperto monetário começou recentemente, com duas altas de 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros. E na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) deve iniciar a alta em julho.

Inflação não é transitória

Na visão Carvalho, a inflação global não se mostrou transitória, assim como o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) defendia até bem pouco tempo atrás. “A inflação atingiu o maior patamar dos últimos 40 anos”, pontua.

No Brasil, a inflação começa a mostrar sinais de arrefecimento, justamente pelo fato de que o Banco Central iniciou o ciclo de aperto da taxa de juros antes dos demais BCs mundiais. De acordo com os especialistas, a projeção é que ela atinja o patamar de 7% até o fim do ano.

“A queda do preço do combustível – se houver - vai contribuir para esse recuo. Mas o grande problema é que a inflação já está disseminada, o que traz a ela a tendência de ser mais persistente. Isso pode fazer com que o BC mantenha a Selic em um patamar elevado por mais tempo”.

Piter Carvalho, especialista da Valor Investimentos

Petróleo: guerra e demanda

De acordo com o professor da FAC, a guerra na Ucrânia, o lockdown de quase 60 dias do porto de Xangai por conta da covid-19 e os embargos da Europa contra o petróleo russo desestabilizaram o mercado como um todo, principalmente os produtos derivados de commodities energéticas, como os combustíveis.

Historicamente, a commodity já vinha enfrentando um período de escassez, por conta do desequilíbrio de oferta e demanda, o que agravou ainda mais com o conflito da Rússia, que atualmente ocupa o terceiro lugar entre os maiores produtores de petróleo do mundo.

China e commodities

Em relação à China, a desaceleração econômica do país, cuja previsão de crescimento do PIB está em cerca de 4% para este ano – mas especialistas apontam que pode chegar a 3% - impacta diretamente a economia brasileira, já que o país do dragão vermelho é o principal parceiro comercial do País.

Para Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, com a desaceleração econômica a China deve exportar menos, o que pode impactar em um possível arrefecimento no preço das commodities. “E isso afeta a balança comercial do PIB brasileiro”, complementa.

Cenário interno: longe de ser saudável

Para Simões, o Brasil tem problemas estruturais internos que prejudicam o crescimento, como um alto nível de endividamento, contas públicas que não são saudáveis e uma condição fiscal desequilibrada para o porte do País.

“Com as crises mundiais, o Brasil sofre muito mais com a volatilidade dos índices inflacionários internos, da taxa do câmbio e dos juros”, ressalta.

O professor da FAC destaca ainda o cenário político, marcado pela insegurança e apimentado por divergências entre governos estaduais e federais. “Isso contribui fortemente para a piora do desempenho do País”.

Efeitos da taxa de juros e eleições

O professor da FAC prevê um segundos semestre desafiador para a atividade econômica brasileira, como reflexo da inflação, disparada dos preços dos combustíveis e dos reflexos da escalada da Selic.

“Essa escalada da Selic trará efeitos negativos já a partir do segundo semestre, pois quando se tem um aumento de taxa de juros em altas proporções, o crédito tende a encarecer, o que afasta as empresas e consumidores a se financiarem, sejam para projetos corporativos ou consumo de bens pelas famílias”.

Rodrigo Simões

Famílias e cenário político

Em relação às famílias e ao cenário político – com as eleições presidenciais em outubro – Simões destaca dois pontos negativos que, em sua visão, são pouco discutidos. Um deles é a inadimplência.

“A inadimplência das famílias vem aumentando, pois com a inflação e o crédito mais caro, a renda não atinge um patamar suficiente para absorver esses impactos”, aponta.

Simões, professor da FAC

Sobre o cenário eleitoral, historicamente o mercado sofre com especulações e desequilíbrios. “Principalmente como o da taxa de câmbio. Ou seja, é sempre um período de desconfiança sobre como será o futuro próximo em relação à economia”.

Para o professor da FAC, “o cenário interno eleitoral, político, econômico e de estratégia equivocada do País, combinado com o cenário externo difícil e desafiador, é uma receita para o insucesso da atividade econômica”.

Sobre o autor
Julia Zillig
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