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Boletim Focus: projeção para a inflação em 2022 sobe de 5,50% para 5,56%
Economia

Inflação chegando a dois dígitos: saiba o porquê

Não há uma única causa da alta da inflação no País. Valorização do dólar, aumento dos combustíveis e energia, crise hídrica, clima e pandemia estão entre asa principais

Data de publicação:10/09/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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É difícil encontrar um brasileiro que não esteja preocupado com o aumento de preço dos produtos e serviços no Brasil. A inflação, um dos grandes destaques do noticiário econômico em 2021, já traz um impacto direto ao bolso do consumidor.

Foto: Arquivo

Quem viveu nos anos de 1980 sabe que o preço dos produtos era um verdadeiro pesadelo, variando fortemente de um dia para o outro. O período de "hiperinflação" virou passado após a implementação do Plano Real. No entanto, o desafio voltou com força neste ano.

O que levou o Brasil a esse cenário de forte inflação? Quais são os impactos para a economia nacional? Como o investidor pode se proteger desse movimento? Essas são algumas das perguntas que mais recebemos nos últimos meses e, hoje, vamos tentar respondê-las para você.

Como está a inflação no Brasil em 2021?

O ano é 2021, mas o principal adversário do brasileiro é um velho conhecido: a inflação. Esse é o nome dado ao movimento de aumento dos preços dentro de uma economia.

No Brasil, a principal medida inflacionária é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é um indicador que possui uma cesta de produtos, monitorando a prática de preços ao longo do tempo. Se há aumento do valor praticado no segmento, isso será apontado pela ferramenta.

A inflação, quando descontrolada, é negativa para a economia de um país. Além de exigir um forte aumento de juros para controlá-la, traz uma ineficiência econômica. As pessoas deixam de consumir em função dos altos preços, algo que afeta diretamente o consumo.

E os números em 2021 são preocupantes. A meta anual oficial do governo para o IPCA é de 3,75%, com uma tolerância entre 2,25% e 5,25%. No entanto, o indicador apresentou uma alta de 9,68% nos últimos doze meses — a maior desde fevereiro de 2016, quando o país vivia um cenário econômico e político bem conturbado. 

No mês de agosto, o resultado mais recente, o IPCA apresentou uma alta de 0,87% — o maior resultado dos últimos 21 anos para o período. As categorias de transporte (1,46%), alimentação e bebidas (1,39%), vestuário (1,02%) e artigos de residência (0,99%) foram as principais ofensoras do indicador.

O que causou o forte aumento da inflação em 2021?

Existem alguns fatores que podem levar um país a verificar um aumento dos índices de inflação. O governo gastando mais do que deve (e, consequentemente, emitindo mais papel-moeda), aumento de custos (que precisam ser repassados ao consumidor), contratos reajustados por indexadores ou aumento de salário são alguns exemplos.

No entanto, em 2021, não há um único "responsável" pelo forte aumento de preços no Brasil. O que temos visto é que, a cada mês, um segmento diferente vira o "destaque" inflacionário. Vamos passar brevemente em cada um deles.

Os efeitos de um dólar elevado no combustível

Um dos principais pontos de discussão atualmente é o custo da gasolina, que é influenciado pela política de preços da Petrobrás. Vale lembrar que a matéria-prima (petróleo) é cotada em dólar e, com a disparada da moeda americana nos últimos meses, o reflexo é direto no preço praticado nos postos de gasolina.

Há ainda uma discussão vigente sobre a tributação, em especial o ICMS, sem sinal de desfecho. O fato é que etanol (+40,75%), gasolina (+31,09%), gás veicular (+30,12%) e óleo diesel (+28,02%) estão entre os dez produtos que mais encareceram em 2021.

O dólar alto também afeta o custo de produção de outros segmentos no Brasil. Podemos citar, por exemplo, alimentos com base em trigo ou o setor de proteínas.

Oferta X demanda dos produtos

O aumento do IPCA está longe de ser uma exclusividade da gasolina. Outro ponto que influencia o índice inflacionário é a própria redução de itens em circulação, movimento esse causado pela pandemia e uma redução no ritmo de produção.

Aqui, estamos falando da clássica relação entre oferta e demanda. Se existem mais produtos do que consumidores, a demanda atende a população e o preço cai. Do contrário, quando há mais compradores do que vendedores, o produto se valoriza.

As medidas de isolamento social fizeram com que muitas das empresas optassem por reduzir ou mesmo paralisar a sua produção visando a economia de custos. Com a recente reabertura, boa parte dos segmentos ainda não tem uma oferta normalizada, algo que afeta essa relação do mercado.

Com uma população disposta a consumir mesmo com preços elevados em função desse cenário, este acaba por ser mais um ponto de atenção que pesa na inflação, puxando o IPCA para cima.

Crise hídrica

Já dizem os economistas: "o Brasil não é para amadores". Não bastasse todo desafio econômico, o nosso país ainda enfrenta um problema climático. Com a falta de chuvas, os níveis dos reservatórios das nossas hidrelétricas estão em situação crítica.

Como forma de estimular a economia no uso da energia e, consequentemente, evitar um racionamento forçado, a primeira medida adotada foi um forte aumento na tarifa de luz. Com o consumo mais caro, esse é outro fator que contribui para a elevação da inflação, pois o valor pago para manter a casa acesa se torna maior.

Os desafios climáticos também chegaram ao setor de alimentação. O forte frio do inverno, afinal, prejudicou a produção do setor. Com isso, mais uma vez surge um problema para a oferta do mercado (e retomamos o tópico anterior).

Auxílio emergencial

Embora essencial para manter a qualidade de vida da população brasileira durante a pandemia, o auxílio emergencial é mais um fator que contribuiu para os altos índices de inflação. De forma prática, a dinâmica funcionou com o governo injetando dinheiro na economia, sem uma relação de trabalho pela remuneração.

Veja bem, esse não foi um erro. Do ponto de vista social, é função essencial do governo garantir condições mínimas para a sua população em um cenário crítico, como enfrentamos desde 2020. A prática, inclusive, foi adotada em outros países.

Ao mesmo tempo, o auxílio emergencial representa um estímulo ao consumo. Com esse incentivo, os brasileiros podem comprar itens de necessidade básica, mas também gastar um dinheiro que, sem o apoio, não estaria em circulação.

Devemos nos preocupar com o futuro da inflação?

Apesar dos números do IPCA chamarem muita atenção neste ano de 2021, o cenário ainda é bem distante do que o brasileiro já viveu em um passado recente. Veja, no gráfico abaixo compartilhado pelo Banco Central, que a inflação atual é mínima quando comparada a outros períodos econômicos do Brasil.

Apesar do momento desafiador em termos inflacionários, a expectativa do mercado é de que o IPCA volte ao normal já no próximo ano. A tese é fundamentada nos seguintes fatores:

  • O consumo atual tem certa contribuição do auxílio emergencial, que deve ser interrompido ao longo dos próximos meses.
  • O Banco Central vem promovendo um ciclo de alta da taxa de juros, que é um instrumento para controle inflacionário e redução do estímulo ao consumo.
  • Caso a taxa de juros se eleve muito no Brasil, voltamos a atrair a atenção do investidor internacional. Isso pode promover uma valorização do real em relação ao dólar no médio prazo e reduzir a pressão nos preços de combustível e proteínas, por exemplo.
  • Normalização da cadeia produtiva de acordo com a retomada econômica e a liberação das restrições de circulação social.
  • Por fim, a própria base alta da inflação de 2021 deve dificultar o crescimento dos preços ao longo dos próximos doze meses.

Isso significa que não existe motivo de preocupação no médio prazo? Muito pelo contrário! Com eleição se aproximando em 2022, é possível que o governo busque elevar gastos em busca de medidas populistas — algo que aumenta o risco fiscal e, como vimos anteriormente, também pode impactar negativamente a inflação.

De qualquer forma, ao contrário de outros períodos da história econômica brasileira, não parece que a pressão inflacionária será prolongada, mas sim um efeito circunstancial dado o cenário atípico que enfrentamos atualmente.

O que o investidor pode fazer para se proteger da inflação?

O grande problema da inflação para a população brasileira é bem conhecido: a perda do poder de compra. Com um forte aumento de preços em 2021, fica mais difícil para o consumidor manter seu padrão de gastos na medida em que a sua renda, ao menos geralmente, não acompanha o IPCA.

E o que você, enquanto investidor, pode fazer para proteger o seu poder de compra? O melhor caminho é investir em ativos que garantam juros reais positivos (retorno financeiro acima da inflação) — o que acontece, em geral, nos títulos de renda fixa atrelados ao IPCA.

Neste formato, a remuneração costuma ser híbrida. Isto é, ela acaba definida pelo próprio indexador inflacionário (IPCA), mas também somada a uma taxa prefixada. Veja um exemplo: IPCA +3,0% ao ano.

Exemplos de ativos atrelados à inflação

Uma oportunidade para executar essa estratégia de juros reais é investir em títulos públicos atrelados à inflação. É o caso do popular "Tesouro IPCA" (NTN-B). Eles podem ou não ter cupom, que é o pagamento semestral.

Outro produto que permite acompanhar a inflação são as debêntures (títulos de dívidas emitidos por companhias privadas). Em tese, esses ativos possuem mais risco em função do emissor privado, mas geralmente oferecem uma remuneração híbrida, assim como o Tesouro IPCA.

Há também alguns fundos de inflação que funcionam, em resumo, negociando os títulos públicos atrelados a inflação. Ou então você pode trabalhar com fundos imobiliários de papel, que vão investir basicamente em CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), também usando o IPCA como índice de referência em boa parte dos seus ativos.

Os riscos de investir em inflação

No entanto, é importante observar que há riscos em todas essas classes de ativos. Eles são menores em títulos públicos (NTN-B) em função do seu emissor ser o governo, mas o Tesouro IPCA também pode apresentar variação negativa na sua marcação a mercado que, em resumo, é o título no seu "preço de hoje".

E como isso funciona? Imagine que você comprou um título que oferecia IPCA + 3,5% ao ano. No entanto, o ambiente político e econômico do Brasil piorou e, em um novo momento, dadas as incertezas, o mesmo título passou a ser ofertado como IPCA + 5,0%.

Percebe que, para um novo investidor adquirir o título que você tinha tornou-se pouco atrativo? É por isso que ele acaba se desvalorizando no curto prazo. Vale ressaltar, contudo, que não há impacto no seu capital caso segure o título até o vencimento, pois o pagamento será conforme a taxa contratada.

Outro cuidado ao investir em produtos de inflação está em olhar apenas para a rentabilidade. Fundos de inflação estão com uma performance muito positiva — em diversos casos, com retorno acima de 1,0% ao mês para o seu cotista. Isso acontece em função do IPCA elevado nos últimos meses. Caso a expectativa de normalização do índice se confirme, esses mesmos fundos deverão ter retornos menos atrativos.

É por isso que, aqui na Mais Retorno, sempre defendemos uma carteira de investimentos equilibrada e baseada em uma estratégia bem definida — e não tentando buscar o "ativo do ano". Assim, fica bem mais fácil gerenciar momentos desafiadores, como estamos presenciando atualmente, protegendo o seu poder de compra para o longo prazo.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.
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