Ibiuna Investimentos reforça preocupação com risco fiscal e eleições como efeitos sobre a Selic
Combinação desses fatores com os ventos contrários do exterior colocam a gestora em posição de cautela
A gestora Ibiuna Investimentos acredita que o ciclo de alta dos juros no Brasil está próximo do fim, “com a taxa já em terreno significativamente contracionista”. Recentemente, o Banco Central ajustou a Selic em 0,50 ponto porcentual, elevando-a a 13,75% ao ano e deixou a porta aberta para fazer um ajuste de menor magnitude se necessário.
“Apesar de os núcleos de inflação ainda estarem elevados e as expectativas de médio prazo pressionadas, o Banco Central provavelmente contará com o impacto defasado do relevante aperto implementado nos últimos 15 meses para recolocar a inflação em trajetória de convergência à meta no médio prazo”, diz a casa.
No entanto, em carta enviada aos investidores, a casa levantou alguns pontos de preocupação, como os ventos adversos vindos do exterior e com os fundamentos do País diante da combinação “entre a incerteza do regime macroeconômico (a âncora fiscal em particular) a vigorar a partir de 2023 e o ruído na esfera política com a proximidade da corrida eleitoral”.
Mercado internacional
Em relação aos efeitos do mercado internacional na Selic, a Ibiuna aponta a intensificação das preocupações com o impacto do aperto das condições globais sobre as expectativas de crescimento, “em detrimento de uma inflação ainda persistentemente elevada”.
“Indicadores antecedentes e de alta frequência apontando para uma desaceleração mais rápida do que esperado principalmente nos Estados Unidos e Europa embasaram essa preocupação e levaram a uma reprecificação para baixo das altas de juros esperadas nessas regiões”.
Ibiuna Investimentos, em carta aos investidores
Segundo a gestora, “curiosamente” a primeira alta de juros em 12 anos na Europa e duas de 0,75 pontos base nos Estados Unidos desde maio passado foram interpretadas como uma “antecipação do ciclo total de alta” e as curvas de juros de ambos passaram a precificar taxas finais de juros mais baixas do que o observado há cerca de dois meses.
“Ou mesmo cortes de juros já no primeiro semestre de 2023”, complementou.
Queda mais lenta da inflação
Para a Ibiuna, passado o pico da inflação global, a queda do indicador no mundo será mais lenta e “com provável estabilização em patamar mais alto do que o almejado pelos Bancos Centrais do G10”.
“Isso ainda demandará um esforço adicional de aperto mais intenso do que o esperado nesse começo de agosto pelos mercados”, reforça.
Ibiuna Investimentos
Rali nos ativos de risco
No documento, a gestora também enfatizou o receio de recessão nos próximos 12 meses, o que tem gerado maior volatilidade ou rallies em alguns ativos de risco.
“Ainda vemos potenciais boas oportunidades em posições tomadas no G10, mas dado o avanço da precificação de aperto monetário pelo mundo, é razoável ficarmos mais dependentes dos dados e com menor exposição a risco até que avaliemos a direção dos mercados quando a poeira baixar”.
Ibiuna
Países emergentes: oportunidades
Nos países emergentes, por outro lado, a Ibiuna destaca que vê oportunidades de alocar recursos em ativos de países que estão em estágios avançados no ciclo de aperto monetário, como é o caso do Brasil.
“Nesse sentido, estamos monitorando dados de alta frequência para determinar quais regiões oferecem a melhor perspectiva de retorno até o fim do ano”, conclui.
Leia mais
Selic: o que pode acontecer para que o BC eleve mais a taxa de juros? (maisretorno.com)
CPI nos EUA fica em 8,5% em julho e desacelera os ganhos ante junho (maisretorno.com)
Copom considera novo ajuste de menor magnitude na Selic, diz ata (maisretorno.com)
Onde investir com taxa selic a 13,75%? (maisretorno.com)