Com fim da pandemia, investidores começam a voltar ao mercado de hotéis
Nos Estados Unidos, recuperação do setor começa a se tornar cada vez mais atrativa; no Brasil, setor começa a dar sinais de crescimento
Quando o vírus da covid-19 começou a se espalhar pelo mundo, os hotéis logo sofreram o impacto da paralisação das viagens. No entanto, com o afrouxamento da quarentena e até mesmo o fim da pandemia em muitos lugares do mundo, investidores começam a olhar novamente para os hotéis.
Este mercado movimentou vendas de US$ 12,5 bilhões ao redor de todo mundo nos primeiros três meses de 2022, de acordo com o CoStar Group. É o valor mais alto para um primeiro trimestre desde 2016.
Afinal, neste momento de crise e com ações e títulos indo lá para as alturas, os hotéis se tornam atraentes para investidores que estão buscando coisas para comprar. Além disso, na lógica do mercado, os hotéis indicam maior facilidade de recuperação do que escritórios ou shoppings, ainda com desafios financeiros.
Com isso, os hotéis já estão marcando uma valorização de 18% em março em comparação com o ano anterior, de acordo com a Real Capital Analytics, em uma subida também nos preços dos imóveis.
Desafios e cenário dos hotéis
Nos Estados Unidos, analistas estão observando um aumento considerável na receita da cadeia hoteleira em cidades como Miami e Orlando, na Flórida; e Nashville, no Tennessee. Por lá, a população americana está passando por um aumento de salários e de juros na poupança que permitem viagens próximas.
Com isso, já há casos de vendas negociações históricas. A Xenia Hotels & Resorts Inc. pagou, em março, US$ 329 milhões pelo W Nashville. A venda de hotel mais cara da história da cidade, segundo a CoStar.
Há desafios que persistem no horizonte, porém. As viagens de negócios ainda estão em um nível muito abaixo do pré-pandemia, já que muitas empresas apostam nas reuniões virtuais, fazendo com que hotéis de grandes centros, como Nova York, Washington e Chicago, não acompanhem essa valorização do setor.
Além disso, problemas econômicos podem ser uma dor de cabeça nesse processo. Afinal, a inflação pode fazer com que americanos façam cada vez menos viagens, enquanto o aumento das taxas de juros pode esfriar o interesse de investidores por uma cadeia que, mesmo consolidada, continua sendo imprevisível.
E no Brasil?
Em terras brasileiras, a movimentação no mercado hoteleiro também é perceptível. A Hilton inaugurou, neste mês, um novo hotel no Brasil, na cidade de Criciúma, em Santa Catarina. O empreendimento é o primeiro da marca Tru by Hilton na América Latina, com preços mais acessíveis e de olho nos jovens.
Enquanto isso, em fevereiro deste ano, o Ministério do Trabalho e Previdência identificou que 150 mil pessoas retornaram ao mercado de trabalho de turismo, o que inclui hotéis. Além disso, o Ministério do Turismo disse que aumentou o número de viajantes, chegando a 6,7 milhões no Natal e Ano Novo.
No mundo empresarial, a Decolar informou que está voltando aos níveis pré-covid. "Nas viagens domésticas no Brasil estamos neste momento a 90% do ritmo do começo de 2020 e devemos atingir 100% até o final do ano", disse Alberto López Gaffney, vice-presidente da companhia, à Reuters.