Fundos de crédito privado inovam com instrumentos de captação para o setor de energia
Abertura do mercado livre de energia deve impulsionar negócios no setor
O mercado de capitais vem usando novos instrumentos de captação de recursos para projetos de infraestrutura e composição de Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios, FIDC. Um deles, o Siga Energia foi lançado recentemente com a utilização de Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente de Contratação Livre (CCEAL).
Os CCEAL são recebíveis que lastreiam a emissão de cotas em fundos de crédito privado voltados para o setor de energia. No caso do FIDC Siga Energia, a emissão foi realizada e concluída pela Rio Bravo Investimentos, e o crédito foi direcionado para agentes do setor elétrico registrados como geradores e comercializadores na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Ambiente que já responde por aproximadamente 34% da carga de energia e movimenta mais de 40 mil contratos mensalmente. O Siga Energia captou mais de R$ 61 milhões junto a 25 investidores profissionais, entre eles bancos, fundos de investimentos, family offices e pessoas físicas, ligadas ao agronegócio.
“Gostamos de atuar em parceria com gestores especializados e a Siga mostrou um conhecimento do setor elétrico e proximidade com boas empresas do setor, que foram fundamentais para o sucesso dessa emissão”, disse Evandro Buccini, diretor de gestão da Rio Bravo.
A Siga tem sede em Curitiba e estar fora dos maiores centros financeiros brasileiros, segundo os gestores ajudou na captação de recursos junto a investidores do interior do País.
“Todo mundo conhece o setor elétrico, principalmente as empresas listadas. Ele é resiliente, altamente regulado e tem histórico de bom pagador. O que fazemos é buscar oportunidades de investimento entre as empresas do setor que ainda não são listadas”, disse o diretor de gestão da Siga, Leonardo Ritzmann Loures.
Com novas teses de investimentos, a Siga começou como uma consultoria que visava conectar o ambiente de contratação livre de energia ao mercado de capitais, tornando-se posteriormente uma gestora de recursos com a mesma vocação.
O fato de uma ser gestora nova e, principalmente, “mono tese” - pois todo o pipeline de produtos da casa é focado em ativos de geração ou recebíveis de energia tem sido bem recebido pelo mercado.
Um movimento que parece se expandir pelo País: dentre as mais de mil casas aderentes à Anbima, é possível encontrar gestoras focadas exclusivamente em agro, crédito peer-to-peer, criptomoedas, health, real estate, tech, entre outras áreas bem específicas.
Perspectivas do setor
A expertise permitiu à Siga prever que o setor elétrico tomará contornos cada vez mais semelhantes aos do mercado financeiro, tendo como reforço para sua tese de investimentos as duas modernizações regulatória em curso no Brasil.
A primeira delas é a abertura do mercado livre de energia, prevista para ocorrer até 2024 - atualmente, apenas consumidores que detêm uma demanda mínima de 500 kW podem escolher livremente os parâmetros do seu suprimento de energia elétrica.
Com a abertura, serão aproximadamente 86 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica do país que poderão acessar este mercado. Essa liberdade trará, além de uma significativa redução no custo da energia para o consumidor final, uma nova configuração do mercado de geração e de comercialização de energia no país, aumentando a concorrência.
A segunda é a abertura do mercado de capitais. Atualmente, apenas investidores profissionais, cujo patrimônio financeiro seja superior a R$ 10 milhões, podem investir nos produtos como esses da Siga. A CVM vem trabalhando para dar acesso ao chamado investidor de varejo a produtos como FIDC.
A Rio Bravo é uma gestora de investimentos independente com foco em quatro estratégias: fundos imobiliários, renda fixa, renda variável e multimercados. Com R$ 13 bilhões sob gestão e com análises disciplinadas de longo prazo e fundamentalistas, agrega aos investidores confiança e valor sustentável.