Economia

Estimativa para a inflação de 2023 cai pela segunda semana seguida, segundo Focus

Apesar do recuo, projeção para o IPCA do ano segue longe do centro da meta, de 3,25%

Data de publicação:29/08/2022 às 11:29 - Atualizado 2 anos atrás
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O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 29, pelo Banco Central trouxe uma nova redução na estimativa para o IPCA, índice de inflação oficial do País, para 2023 - pela segunda semana seguida - mas ainda acima do teto da meta (4,75%). Pela segunda semana seguida, a mediana cedeu, agora de 5,33% para 5,30%.

Fora essa sequência, a última vez que a projeção havia caído foi no documento da primeira semana de janeiro. Há um mês, a projeção era de 5,33%.

Projeções para o IPCA de 2023 caem pela segunda semana seguida, aponta Focus, mas seguem ainda longe da meta - Foto: Envato

Para 2022, a mediana continuou sua trajetória de arrefecimento, guiada principalmente pelas medidas do governo para baixar os combustíveis e pelas recentes reduções nos preços da gasolina pela Petrobras.

A estimativa desacelerou de 6,82% para 6,70%, a nona redução seguida, também bem acima do limite superior do objetivo a ser perseguido pelo Banco Central (5,0%). Há quatro semanas, a mediana era de 7,15%.

Estouro da meta

As medianas divulgadas na Focus desta semana continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta a ser perseguida pelo Banco Central, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%.

O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.

Mostrando sinais de desancoragem mais ampla, a mediana para o IPCA de 2024 continuou em 3,41%, contra 3,30% há um mês.

A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 59 semanas atrás. A meta para os dois anos é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 6,8% em 2022, 4,6% em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano.

Selic permanece em 13,75% ao ano no fim de 2022

A projeção para a taxa Selic no fim de 2022 completou a 10ª semana consecutiva em 13,75% ao ano, segundo o Focus.

Este é o atual patamar da taxa, o que mostra a expectativa majoritária do mercado financeiro de que o ciclo de alta de juros se encerrou no Copom de agosto.

Há um mês, o porcentual já era de 13,75%. Da mesma forma, a mediana para a Selic no final de 2023 permaneceu em 11,00%, mesmo porcentual de quatro semanas antes.

Na reunião do Copom deste mês, a Selic subiu 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75% ao ano, e o colegiado disse que vai avaliar a necessidade de uma alta adicional, de 0,25pp, em setembro.

Na ata, o BC acrescentou que avalia que a estratégia exigida para trazer a inflação para o "redor da meta" no horizonte relevante considera o aumento definido para 13,75% em agosto e a manutenção da taxa em território bastante contracionista por um período longo. Mas que ficará "vigilante" para avaliar se esse plano será suficiente.

Na semana passada, em uma mudança de tom após o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de agosto, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avisou que não é momento de "baixar a guarda'.

Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.

PIB de 2022 sobe de 2,02% para 2,10%

O mercado financeiro continuou melhorando os prognósticos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano no Boletim Focus, na esteira dos indicadores mais fortes, do estímulo fiscal do governo e da surpresa com a retomada do emprego.

A projeção para a alta do PIB em 2022 passou de 2,02% para 2,10%, nona alta seguida, contra 1,97% há um mês, conforme o Banco Central.

A estimativa para a expansão do PIB em 2023, por sua vez, piorou, de 0,39% para 0,37%, ante 0,40% um mês antes.

O Focus ainda mostrou manutenção na projeção para o crescimento do PIB em 2024, em 1,80%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,70% e 2,00%, respectivamente.

Relação dívida/PIB

O documento do BC apontou também estabilidade na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022. A mediana continuou em 59,00%, de 59,15% um mês atrás.

O relatório destacou ainda a manutenção da perspectiva para a relação entre o resultado primário e o PIB deste ano, com o mercado prevendo superávit de 0,30% - mesma projeção de um mês antes. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 continuou em 6,80%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB cedeu de 63,65% para 63,50%, de 63,80% há um mês.

A mediana para o déficit primário se deteriorou, de 0,47% para 0,49% do PIB. Para o rombo nominal, a estimativa continuou em 7,70%. Os porcentuais eram negativos em 0,30% e 7,70%, respectivamente, há quatro semanas.

Câmbio em 2022 e 2023 permanece em R$ 5,20

O documento do BC destacou estabilidade no cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023 pela quinta semana seguida. A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, mesmo valor de um mês antes. Para 2023, também permaneceu em R$ 5,20, repetindo a estimativa de quatro semanas atrás. / com Agência Estado

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