Em ano eleitoral, a XP espera um Ibovespa em 123 mil pontos em 2022, mas com volatilidade acima do normal
Corretora espera ano desafiador para o Ibovespa
Com um ano eleitoral pela frente não é tarefa nada fácil fazer previsões sobre o comportamento dos mercados. Para a XP Investimentos há um complicador extra porque com base nos anos de eleição nas duas últimas décadas, o Ibovespa não seguiu nenhuma tendência definida.
"Nos retornos, não há nenhum padrão claro. Mas uma característica parece ser comum, a de ser um ano com volatilidade maior que o normal", comentam os analistas. Neste contexto, a corretora projeta um Ibovespa chegando aos 123 mil pontos no cenário base para o fim do próximo ano. "No cenário pessimista, vemos o índice em 93 mil pontos, e no cenário otimista em 145 mil".
Em relatório, a XP afirma que espera um ano desafiador para a macroeconomia do País, com desaceleração do crescimento, pressão inflacionária ainda elevada e a taxa de juros Selic chegando em, pelo menos, 11%. "O Brasil permanece com uma dívida elevada (83% do PIB), e a trajetória dessa dívida adiante será um dos grandes debates para o País durante o próximo cenário eleitoral", explicam os especialistas.
Porém, mesmo com todas essas preocupações na esfera econômica e ainda fiscal, a corretora considera que o principal fator de atenção para os investidores no mercado acionário devem ser as incertezas do cenário eleitoral.
"O preço das ações não parece seguir nenhuma regra (em períodos eleitorais). A democracia brasileira é jovem e a amostra de períodos eleitorais em que as políticas e o mercado eram similares ao atual são pequenas. Além disso, o mercado brasileiro é sensível aos movimentos do mercado global, como a volatilidade cambial, períodos de bonanças e crises econômicas globais, e mudanças nos preços das commodities", afirma a XP sobre a volatilidade esperada para o mercado doméstico no próximo ano.
O Ibovespa está barato?
Para a corretora, o principal índice da Bolsa brasileira está com preço baixo atualmente. Segundo ela, o Ibovespa continua barato, com sua relação preço/lucro (P/L) de 12 meses atualmente sendo negociado com, um desconto de quase 30% em relação à sua média de 15 anos.
Ao excluir as empresas ligadas às commodities do índice, entretanto, a XP destaca que o Ibovespa não parece tão barato assim. "Ao retirar as duas maiores empresas de commodities do índice, Vale e Petrobras, vemos que a relação P/L continua abaixo de sua avaliação histórica em 10,6x. No entanto, ao remover o restante de todas as empresas vinculadas a commodities (empresas de Materiais e Energia), a relação P/L do índice sobe para 11,6x", ressalta.
Já em relação ao prêmio de risco das ações brasileiras - ou seja, se o Brasil está barato em relação aos juros reais (acima da inflação), que estão subindo - os analistas comentam que a resposta direta é que sim. "O prêmio de risco das ações do Ibovespa (ERP, Equity Risk Premium, em inglês) mede a diferença entre o rendimento de renda variável e a taxa de juros real. Esse prêmio de risco está atualmente em 7,8%, bem acima da média de longo prazo de 4,9%", afirmam.
"Isso por si só não garante retornos positivos, mas para o investidor com paciência e visão de longo prazo, esses momentos de turbulência tendem a ser os melhores para investir", destaca o relatório da corretora.
Com base nessas perspectivas, os analistas da corretora destacam três principais estratégias de investimento em ações para proteção de portfolio:
- Commodities: que continuam oferecendo uma boa proteção contra inflação e o dólar mais alto;
- Histórias de crescimento secular: que são empresas mais protegidas do cenário Macro mais desafiador;
- Oportunidades específicas: empresas de qualidade que tiveram uma forte queda recentemente, não relacionada aos seus fundamentos, e que podem se beneficiar de uma recuperação no mercado.