Em ano difícil, mercado preferiu apostar em empresas já conhecidas na Bolsa
13 empresas conseguiram levantar recursos em operações secundárias na Bolsa
No grupo de 13 empresas que conseguiram colocar dinheiro no caixa com operações secundárias na B3, a Bolsa brasileira, estão negócios de diferentes setores com alguns pontos em comum: muita experiência no mercado, sólidos balanços e um uso carimbado para os recursos, geralmente focado em expansão via aquisições.
Entre esses negócios estão a gigante dos shoppings Iguatemi, que fez uma oferta para pagar uma fatia adicional do shopping JK, em São Paulo. Já a companhia Vamos, que pertence ao grupo Simpar (de logística), se capitalizou para comprar mais máquinas e caminhões. A Equatorial Energia, por sua vez, levantou R$ 2,8 bilhões para financiar a aquisição da Echoenergia.
No entanto, a maior operação de 2022 foi a captação de R$ 33 bilhões feita pela Eletrobras, que culminou na privatização da empresa de energia. O negócio foi turbinado pela possibilidade do uso de parte do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para compra de papéis por pessoas físicas.
O atacarejo Assaí também está desafiando a volatilidade e anunciou, recentemente, uma oferta de ações de R$ 2,5 bilhões (US$ 500 milhões). Nesse caso, o vendedor será o grupo francês Casino, controlador do negócio, que precisa de recursos para sanear suas finanças. A oferta deve ocorrer no fim de novembro, segundo fontes.
Responsável pela área de renda variável da XP, Vitor Saraiva aponta que o bom desempenho do Ibovespa justifica o apetite pelas ofertas subsequentes. O principal índice de ações da Bolsa brasileira apresenta alta de 13% em dólar no ano, enquanto seus principais pares estão no vermelho.
"Um dos motivos que as empresas têm para captar é melhorar a estrutura de capital em um cenário de juros altos", explica.
Dinheiro para bons projetos
Para o corresponsável pelo banco de investimento do Bank of America (BofA) no Brasil, Hans Lin, também é mais simples colocar de pé operações de marcas que já são conhecidas: "Algumas empresas com bons projetos de investimento devem aproveitar esse momento. Veremos os IPOs voltando na sequência, também para as empresas mais bem estabelecidas."
Responsável pela área de renda variável do Citi, Marcelo Millen ressalta que o mercado de ofertas de empresas já listadas permaneceu aberto para esses grandes negócios porque, na maioria dos casos, o uso dos recursos já estava carimbado e era público. "Isso soa bem na cabeça dos investidores. É uma história clara para o mercado", explica o especialista. /Agência Estado