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Mercado Financeiro

Eleições: Como montar uma carteira à prova de Lula e Bolsonaro

Ações defensivas e exposição em renda fixa podem ser um caminho no curto e médio prazo

Data de publicação:28/10/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Seja qual for o resultado das eleições no próximo domingo, se uma vitória do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou uma reeleição do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), o mais importante para o investidor é saber quais são as oportunidades de investimentos dentro dos dois cenários.

Em linhas gerais e com foco na política econômica, a vitória de Lula tende a trazer mais acesso ao crédito à população, políticas intervencionistas e menos privatizações. Ao mesmo tempo, a reeleição de Bolsonaro continuaria a agenda liberal, foco em desestatizações e manutenção do Teto de Gastos.

eleições
Eleições e oportunidades de mercado | Foto: Envato

De concreto, ambos candidatos já deram declarações de continuidade do Auxílio Brasil no próximo ano. Uma confirmação que acende um alerta ao mercado em relação ao Teto de Gastos, que deve ser pressionado com a extensão da medida.

Em questão de políticas econômicas, Lula e Bolsonaro divergem em vários pontos, o que significa que em cada um dos dois cenários, serão desenhadas oportunidades diferentes, mas a diversificação do portfólio pode amparar o investidor em uma carteira que se proteja dos desafios propostos.

Auxílio Brasil favorece consumo básico

Guto Leite, gestor de renda variável da Western Asset, afirmou que a manutenção do Auxílio Brasil tende a beneficiar os papéis de consumo mais básico. No curto prazo, a Western acredita que a volatilidade do mercado está pesando nas ações de consumo cíclico. Apesar da surpresa sobre crescimento que ajudou na performance de algumas dessas empresas, o gestor observou que existe a dúvida se esse resultado tende a continuar no próximo ano, pensando na sustentabilidade fiscal do país.

"Todos cenários são caminhos que somente o pós-eleição vai traçar para a gente. No dia seguinte à eleição, as estatais serão o principal termômetro da Bolsa. O mercado precisa aguardar o resultado para entender o que está dentro de cada plano de governo. Os investidores precisam estar atentos aos ministros, à equipe econômica, quem estará a frente de Petrobras e Banco do Brasil e quais os indicadores de gestão das estatais".

Guto Leite, gestor de renda variável da Western Asset

5 ações para cada cenário pós eleições

Cenário LulaCenário Bolsonaro
Bradesco: Juros beneficiam resultado financeiro da seguradoraPetrobras: Manutenção da paridade de preços, forte fluxo de caixa e dividendos
Petrorio: Commodity internacional e receita dolarizadaBanco do Brasil: Valuation atraente e bom momento operacional
Eletrobras: Papel defensivo e valuation descontadoSLC Agrícola: Apoio de Bolsonaro ao setor agro e grande exposição da empresa a grãos
MRV: Se beneficia de programas sociais e tem balanço robustoMultiplan: Shoppings Top Tier e bons resultados operacionais
Yduqs: Se beneficia de programa sociais e é líder no segmento presencial de educaçãoAmericanas: Se beneficia mais da queda de juros em relação aos pares do setor
Fonte: Genial Investimentos

Setores

Nícolas Merola, analista da Inv, afirma que o investidor pessoa física deve fazer uso da diversificação de portfólio, se atentando a métricas, evitando comprar ativos muito parecidos. Ele cita o setor de commodities, com destaque para celulose e minério de ferro. A Inv tem exposição em Gerdau e JBS, que são papéis estratégicos.

Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, acredita que em um cenário de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, se beneficiam bancos, estatais, empresas sensíveis aos juros e ações do agronegócio. Enquanto numa perspectiva de eleição do ex-presidente Lula os setores que podem se sair bem na visão dele são construção, educação, bancos e varejo.

"Para fazer uma carteira à prova dos dois candidatos, eu investiria em todos esses setores para diversificar, mas eu escolheria ações de empresas que focam no dividendo e não na valorização do papel, porque essas são menos voláteis e mais defensivas. Essas ativos ficam menos sujeitos à oscilação em qualquer um dos casos"

Rodrigo Cohen, educador financeiro, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira

Renda fixa

Diferente do que o mercado está precificando para o curto prazo, com corte da básica de juros pelo Banco Central começando já no começo do próximo ano, Nicolas Mérola, analista da Inv, pontua que ele não acredita neste movimento de forma tão rápida.

"O mercado precifica uma queda rápida no corte de juros, já em janeiro do ano que vem, o que eu acredito ser muito improvável. Independente do resultado das eleições, dadas todas as incertezas que temos na mesa, principalmente quando olhamos para o resto do mundo, com certeza a economia será afetada de alguma forma e o nosso patamar de juros deve permanecer alto por muito mais tempo"

Nícolas Merola, analista da Inv

A Genial Investimentos acredita que a permanência de Bolsonaro pode favorecer a alocação em ativos pré-fixados e em títulos indexados à inflação, com prazo médio de vencimento mais longo. Já com uma eleição de Lula, a Genial reitera alocação em títulos pós-fixados, rentabilizando sobre uma Selic em 13,75% por mais tempo, e títulos indexados à inflação com prazo médio de vencimento curto para capturar possíveis ganhos advindos do IPCA.

Risco fiscal no radar

"Como recolocar as contas públicas em um caminho de sustentabilidade no médio e longo prazo?". Para Guto Leite, da Western, esse é a pergunta que definirá como os mercados locais devem se comportar nos próximos meses pós-eleições.

"No caso da Bolsa, essa variável econômica vai afetar diretamente na taxa de desconto que vamos usar para fazer a precificação das ações e da classe de ativos. Ante os pares emergentes, o Brasil se encontra numa situação melhor, mas a questão fiscal pode desastabilizar isso no próximo ano".

Guto Leite, gestor de renda variável da Western Asset

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Sobre o autor
Mari Galvão
Repórter de economia na Mais Retorno