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Dono da gestora ASA abre processo contra a família nos EUA

Alberto Safra é herdeiro do homem que foi o mais rico do Brasil, Joseph Safra, e disputa espólio com sua mãe e irmãos

Data de publicação:07/02/2023 às 05:06 - Atualizado 2 anos atrás
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A briga na bilionária família Safra ganhou mais um capítulo: Alberto Safra, herdeiro de uma das maiores fortunas do País procurou a corte americana para abrir um processo contra sua mãe, Vicky Safra, e os irmãos Jacob e David. 

Na ação, que corre na Justiça do Estado de Nova York, o banqueiro reclama a diluição de forma ilegal de sua participação na SNBNY, holding que controla o Safra National Bank um banco americano com US$ 9 bilhões em ativos, e que não tem relação com o Banco Safra brasileiro, segundo reportagem do Estadão. Com as supostas manobras, ocorridas em dezembro de 2019, quando seu pai, Joseph Safra enfrentava sérios problemas de saúde, a participação de Alberto caiu de 28% para 13,4% no banco. 

Participação de Alberto Safra em holding americana caiu de 28% para 13,4% - Foto: Divulgação

Segundo a defesa, a nova distribuição societária foi possível com a criação de um lucro artificial a partir de uma reavaliação contábil da empresa a que os advogados definiram como “manobras financeiras e contábeis inexplicáveis e suspeitas”. Com base nesse lucro fictício, os irmãos teriam emitido novas ações, que foram alocadas para eles.

“As transações não tinham propósito econômico legítimo ou lógica comercial. (...) O único efeito delas foi diluir a participação de Alberto na SNBNY e inflar as participações de seus irmãos, David e Jacob, sem que eles (ou qualquer um deles) tivessem investido qualquer capital adicional. Os réus planejaram essas transações sem a devida autorização do conselho”, relata a ação a que o Estadão teve acesso. O documento afirma ainda que, com as transações, o valor do Safra National Bank foi “inflado” em mais de US$ 870 milhões.

Alberto teria descoberto a perda somente após a morte do pai, em dezembro de 2020. Mas não é apenas isso, os advogados alegam ainda que o balanço que registra o aumento do lucro era de 2019, mas foi publicado em 2021, e que todo o processo - feito pelos irmãos com a ajuda de diretores da companhia - tinha como objetivo pressionar Alberto “a vender sua participação em vários negócios da família.”

Não bastasse isso, a defesa questiona o fato de Alberto não ter acesso a documentos da holding nem conseguido indicar um nome para fazer parte do conselho de administração, o que seria seu direito. De acordo com a ação, a SNBNY alega “falsamente que uma revisão pendente pelo Federal Reserve (o Banco Central americano) impede Alberto de fazer a nomeação”. A própria autoridade monetária, acrescenta a ação, já teria confirmado não se opor à nomeação do herdeiro.

Os advogados também afirmam que Jacob e David vêm retendo lucro de vários negócios da família, que deveriam ser distribuídos como dividendos. Na petição, eles pedes que o indicado de Alberto para o conselho de administração seja reconhecido e que a participação de 28% do herdeiro na holding seja restaurada.

Herança de US$ 25 bi

O processo ajuizado na semana passada em Nova York é mais uma da disputa pela herança de Joseph Safra, avaliada em US$ 25 bilhões. Há outra ação que corre nos EUA, em que se discute a produção de provas, e uma arbitragem em Londres. Nessa, Alberto questiona sua participação no Banco Safra.

Alberto deixou o banco brasileiro, o qual administrava ao lado do irmão David, no segundo semestre de 2019, após um desentendimento com a família. Em seguida, criou a gestora ASA Investments. David seguiu como responsável pelos negócios do grupo no País, enquanto Jacob permaneceu diante das operações externas.

No processo, a defesa do herdeiro afirma que David e Jacob manipularam os pais para tirar Alberto do Safra. Diz ainda que conflitos de gestão entre os irmãos que comandavam o banco brasileiro se tornaram “insustentáveis” e diminuíram os poderem de Alberto na instituição. Diante disso, Alberto teria decidido cuidar de projetos pessoais.

No fim de 2021, a família esteve prestes a fechar um acordo em relação à herança. As negociações, no entanto, acabaram recuando e estão travadas há mais de seis meses.

Procurados pelo jornal, assessores de Alberto afirmaram que, em “razão de atos ilegais e agressivos praticados por seus irmãos”, ele “não teve alternativa senão ingressar com ação judicial na Suprema Corte de Nova York para proteger os seus direitos”. “É lamentável que David e Jacob Safra tenham tomado tais ações ilegais. Por meio da ação judicial, Alberto Safra busca a proteção dos seus direitos.”

A família Safra refuta as alegações de Alberto em nota:

"Poucos meses após receber doação do Sr. Joseph, como antecipação de sua herança, Alberto deixou o Banco Safra, sem atender aos apelos feitos pessoalmente pelo seu pai e iniciou negócio concorrente ao Banco Safra, tendo, inclusive, assediado e contratado vários executivos do Grupo.

Nessa ocasião Sr. Joseph conversou com diversos executivos solicitando que não acompanhassem Alberto em sua empreitada, já que se tratava de uma afronta a ele próprio.

Após diversas recusas de Alberto de mudar seus planos, Sr. Joseph o deserdou e tomou medidas naquele momento.

Agora Alberto promove disputa contra toda a família, dizendo que o pai não teria motivos para fazer o que fez, alegando tratar-se de uma conspiração para prejudicá-lo.

A Família lamenta o caminho adotado por Alberto, que primeiro atentou contra o pai em vida e agora o faz contra sua memória, e refuta suas alegações."

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