Dirigentes do Fed não descartam aumentos de 0,50 p.p na taxa de juros dos EUA, aponta ata
Tom da autoridade monetária segue mais duro com o intuito de fazer todos os esforços para conter a inflação
Dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) observaram que um ou mais aumentos de 50 pontos-base nos juros dos Estados Unidos podem ser apropriados em reuniões futuras, principalmente se as pressões inflacionárias permanecerem elevadas ou intensificadas.
De acordo com a ata da reunião de política monetária realizada em março e divulgada nesta quarta-feira, 6, muitos deles também observaram que teriam preferido um aumento de 50 pontos-base já nesta última reunião.
No entanto, alguns indicaram que, com a maior incerteza associada à invasão da Ucrânia, um aumento de 25 pontos-base seria mais apropriado.
"Os dirigentes julgaram que seria apropriado mudar rapidamente a postura da política monetária para uma postura neutra. Observaram também que, dependendo da evolução econômica e financeira, pode se justificar uma mudança para uma orientação política mais restritiva", diz o documento.
Fed, em ata
No mês passado, pela primeira vez desde 2018, a autoridade monetária americana elevou os Fed Funds (Copom americano) em 0,25%.
Redução do balanço patrimonial
Além disso, no documento do Fed, os dirigentes mostraram apoio ao início do processo de redução do balanço patrimonial após a próxima reunião de política monetária, em maio.
"Os dirigentes apontaram que os limites mensais de cerca de US$ 60 bilhões para títulos do Tesouro e cerca de US$ 35 bilhões para os MBS provavelmente seriam apropriados. E disseram, em geral, que os limites poderiam ser implementados em um período de três meses ou um pouco mais, se as condições de mercado assim o justificarem".
Fed, no documento
A ata ressalta que nenhuma decisão sobre o plano de reduzir o balanço foi tomada na última reunião, apesar de os participantes concordarem que haviam feito "progressos substanciais" e que o Comitê estava bem-posicionado para iniciar o processo de redução do tamanho do balanço.
O que pensa o mercado sobre a ata do Fed?
Para Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos, o tom do Fed está se tornando cada vez mais duro, em linha com as declarações da diretora da autoridade monetária, Lael Braynard, que vem mostrando que a inflação americana, que atingiu o maior patamar em 40 anos, demande um aumento de juros maior e mais rápido do que o esperado.
“No documento, os dirigentes justificam que o próximo aumento pode ser maior do que 0,25%, para 0,50%, ou várias elevações mais rápidas de 0,25% para controlar a inflação, apontando a tendência de uma postura cada vez mais dura da autoridade monetária", ressalta. / com Agência Estado