Como a Bolsa e o dólar devem reagir com a elevação da Selic para 5,25%
Juro mais alto melhora a renda fixa, mas não a ponto de tirar investidor do mercado de ações
A elevação de um ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, que subiu de 4,25% ao ano para 5,25% na noite da véspera, de acordo com as expectativas de analistas e economistas, não deve causar reações bruscas ou inesperadas no mercado financeiro.
Para especialistas, a elevação de um ponto já era esperada por investidores e gestores, que agora devem debruçar-se sobre a mensagem do Banco Central contida no comunicado divulgado no fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Nele, o BC explicita a preocupação com a persistência da inflação e adianta a possibilidade de novo aumento de 1 ponto porcentual na Selic no próximo encontro do Copom, em setembro.
A decisão sobre a Selic nos termos do comunicado, de modo geral, não deve mexer com o humor dos investidores ou afetar os mercados, que devem reorientar as expectativas para outros focos.
Selic mais alta atrai capital estrangeiro
Não se descarta, porém, uma ligeira correção para baixo na cotação do dólar, pelo aumento da diferença entre os juros externos e domésticos que poderia atrair capitais para investimento em renda fixa no País.
“É possível um ajuste de curto prazo no câmbio”, avalia Fernanda Consorte, economista-chefe do banco Ourinvest, embora os riscos fiscais e políticos funcionem com um entrave à valorização do real, aponta.
A elevação da Selic não deve fortalecer, por enquanto, a competitividade da renda fixa a ponto de estimular a saída de investidores da bolsa de valores em direção a ativos que remuneram com juros. A taxa nominal de juros está em alta, mas ainda é considerada insuficiente para proporcionar ganho real, acima da inflação, aos investidores.
O potencial de ganho na Bolsa não é ignorado pelos especialistas, que continuam otimistas com a ações, diante da perspectiva de abertura da economia e retomada mais vigorosa da atividade.
Balanços e exterior no radar
Passada as expectativas com a decisão sobre a Selic, o mercado de ações retoma a atenção aos balanços trimestrais de empresas. Está prevista a divulgação de nada menos de 12 balanços nesta quinta-feira,5.
O cenário externo também volta ao foco do mercado financeiro na próxima sexta-feira, 6, com a divulgação, nos Estados Unidos, do relatório com dados sobre a criação de vagas no Departamento do Trabalho. Para analistas, o payroll poderá dar pistas sobre o possível rumo da política de estímulos monetários do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).