Com feriado nos EUA, mercado deve abrir a semana em clima morno
O centro das atenções do mercado na agenda doméstica da semana que começa são os dados do PIB (Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços…
O centro das atenções do mercado na agenda doméstica da semana que começa são os dados do PIB (Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços produzidos pelo País) do primeiro trimestre que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga às 9h de terça-feira, 1º de junho.
As previsões de analistas e economistas do mercado financeiro são otimistas, mas os palpites bastante díspares, com estimativas de crescimento que variam em um intervalo de 0,4% a 1,0%, na comparação do trimestre deste ano em relação ao de 2020.
A expectativa é que um indicador de crescimento equilibrado nesse intervalo renove o otimismo do mercado em relação às perspectivas para a economia no segundo trimestre. Um sentimento que vem animando os negócios na bolsa de valores e ficou cristalizado no fechamento recorde do Índice Bovespa (Ibovespa), em número de pontos, na sexta-feira, 28.
A semana, contudo, começa em clima morno, por causa da celebração do Memorial Day nos Estados Unidos nesta segunda-feira. “O feriado nos EUA deve tornar a volatilidade menor no mercado doméstico”, prevê Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.
Outro indicador importante da agenda doméstica, segundo Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, são os dados do volume de produção industrial de abril que o IBGE divulga na quarta-feira. “A expectativa é por uma variação positiva de 0,3% a 0,5%, que, se confirmada, será bem recebida pelo mercado”, avalia Simone.
Mercado atento aos indicadores externos
O dado que mais atrai a atenção dos investidores nesta semana no cenário externo está relacionado à geração de empregos (payroll) nos EUA e será divulgado na quinta-feira, dia que o mercado doméstico não dará expediente, por causa do feriado de Corpus Christi.
Para analistas e economistas do mercado, os dados de geração de empregos em maio nos EUA, que serão conhecidos na quinta-feira, poderão pesar na decisão do Fed (Federal Reserve, banco central americano) de manter ou não os estímulos fiscais e monetários adotados para dar sustentação à atividade econômica na pandemia.
A manutenção ou não desses estímulos, uma decisão que terá reflexos na trajetória dos juros americanos, tornou-se o principal ponto de interesse dos investidores não apenas do mercado doméstico, mas do mundo todo.
E como uma sinalização pode vir nas declarações e nos pronunciamentos de autoridades o mercado deve acompanhar com atenção qualquer manifestação de integrantes do Fed ou do Tesouro americano.
NY: bolsas fechadas
As bolsas de Nova York não operam nesta segunda-feira, 31, por conta do feriado. No entanto, na última sexta-feira, elas fecharam em alta, movida pela publicação de uma série de indicadores econômicos.
Além disso, o presidente norte-americano, Joe Biden, divulgou o plano orçamentário de seu governo para 2022, no total de US$ 6 trilhões, enquanto também ocorrem as tratativas para a aprovação de um pacote de infraestrutura no país.
O índice Dow Jones avançou 0,19%, em 34.529,45 pontos, o S&P 500 subiu 0,08%, aos 4.204,11 pontos, e o Nasdaq teve ganho de 0,09%, aos 13.748,74 pontos. Na comparação semanal, houve alta de 0,90%, 1,15%, 2,06% respectivamente.
Após as publicações dos dados da última sexta, "os dirigentes do Fed - em especial os seus membros governantes - devem permanecer com a visão de que as pressões inflacionárias são transitórias, movidas por gargalos" na cadeia de suprimentos, avalia a Pantheon Macroeconomics.
Segundo a Pantheon, isso ocorre mesmo com o índice de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de abril apontando para uma alta de 3,6%, na comparação anual, bem acima da meta de cerca de 2% da autoridade monetária americana.
A proposta de orçamento apresentada por Biden para o ano fiscal de 2022, que começa em outubro, mobiliza US$ 6 trilhões e prevê déficit fiscal de US$ 1,84 trilhão, queda em relação a US$ 3,67 trilhões em 2021. A estimativa é de que a dívida pública alcance 111,8% do PIB no ano fiscal.
O pacote, que ainda não começou a tramitar no Congresso, tem o potencial de estimular a economia.
CPI: Pazuello X White Martins
Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid seguem no radar dos investidores. O colegiado pretende confrontar o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com uma carta da empresa White Martins e uma nota assinada pelo ex-secretário executivo do ministério, Élcio Franco, sobre a crise de abastecimento de oxigênio em Manaus.
Obtida pela reportagem do O Estado de S.Paulo, a carta enviada para a comissão mostra que a multinacional alertou o governo do Amazonas sobre a necessidade de apoio e “esforços adicionais” para suprir a necessidade de oxigênio diante do aumento exponencial de casos de covid-19 no Estado.
Avisada, a Secretaria entrou em contato com Pazuello. Em entrevista transmitida pelas redes sociais, na tarde de 18 de janeiro, o então ministro da Saúde admitiu ter ficado "surpreso" com o colapso no sistema de saúde do Amazonas. Em Manaus, pessoas morreram asfixiadas por falta de oxigênio hospitalar.
O Fórum Nacional dos Governadores enviou uma carta ao presidente da CPI, senador Omar Aziz, para "externar a preocupação acerca da violação das normas constitucionais" com a convocação de nove governadores pelo colegiado.
Na semana passada, após ouvir integrantes e ex-integrantes do governo de Jair Bolsonaro, a CPI da Covid do Senado aprovou, na última quarta-feira, 26, as convocações de nove governadores. O objetivo da cúpula do colegiado é neutralizar críticas, inclusive nas redes sociais, de que a CPI tem como foco exclusivo a gestão federal na pandemia.
Reforma tributária: fatiamento
Outro tema que segue na pauta de atenção dos investidores é a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), usou as redes sociais no último domingo, 30, para defender, de forma indireta, o fatiamento da reforma tributária ao citar a "reforma do possível" e dizer que a "ambição que é apenas um biombo para não fazer nada".
"Todos os que já viveram essa situação sabem que muitas vezes o 'feijão com arroz' pode não ser um banquete, mas é a diferença entre o ideal e o possível. Queremos sempre a maior reforma possível. Mas a melhor nem sempre é a maior, sabemos. A melhor será sempre a possível", disse ele em uma série de publicações no Twitter neste domingo, 30.
Lira tenta avançar com as mudanças no sistema de arrecadação do País por etapas, com projetos de lei e mudanças constitucionais tramitando pela Câmara e pelo Senado. Ele tem se reunido nas últimas semanas com membros do governo e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para definir as próximas etapas.
O fatiamento da reforma, no entanto, é criticado por especialistas. A decisão do Congresso pode abortar a possibilidade de aprovação, ainda este ano, de uma proposta ampla com efeitos duradouros para a melhoria do ambiente de negócios e do crescimento do País, segundo especialistas.
Eles veem risco de a reforma se resumir a uma mera unificação do PIS/Cofins, levando a um aumento da carga tributária para os contribuintes brasileiros.
Orçamento 2021: limite de empenho
O presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto no último sábado, 29, para readequar o Orçamento de 2021, com uma ampliação de limite de empenho.
Essa mudança deverá liberar valores antes bloqueados de cerca de R$ 4,5 bilhões que poderão ser destinados aos ministérios, alvo de severos fortes cortes neste ano.
Segundo o Ministério da Economia, a decisão sobre quais recursos serão liberados depende ainda de deliberação da Junta de Execução Orçamentária.
O decreto também autoriza que as reduções dos desbloqueios sejam feitas por meio de portarias da Secretaria Especial de Fazenda, em vez de decretos, de acordo com a Economia.
A medida altera a programação orçamentária e financeira após o governo verificar a possibilidade de ampliar limites de empenho. A alteração, segundo o governo, busca adequar ao cumprimento da meta de resultado primário estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2021.
Para sancionar o Orçamento de 2021, o presidente Jair Bolsonaro fez um ajuste de R$ 29 bilhões de duas formas: vetou parte de emendas parlamentares e verbas dos ministérios (R$ 19,8 bilhões) e bloqueou uma parcela das despesas previstas para este ano em vários órgãos federais (R$ 9,3 bilhões) - de onde deverão ser liberadas verbas agora.
Mesmo em meio à pandemia, foram vetados R$ 2,2 bilhões do Ministério da Saúde. Os vetos a despesas da Saúde foram repartidos em diversos programas, que incluem a adequação de sistemas tecnológicos, ações de pesquisa e desenvolvimento, manutenção de serviços laboratoriais, assistência farmacêutica e até construções de sedes regionais da Fiocruz.
Bolsas asiáticas fecham em alta
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta segunda-feira, 31, a divulgação de indicadores chineses mistos de atividade econômica.
Na China continental, o Xangai Composto subiu 0,41%, aos 3.615,48 pontos, enquanto o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 1,10%, a 2.419,76 pontos, graças ao bom desempenho de ações do setor de energia renovável.
Dados oficiais mostraram que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial chinês recuou para 51 em maio, contrariando expectativa de que permanecesse no patamar de 51,1 de abril. Por outro lado, o PMI de serviços da China avançou de 54,9 para 55,2 no mesmo período. As leituras acima de 50 sugerem expansão de atividade.
Em outras partes da Ásia, o Hang Seng teve leve valorização de 0,09% em Hong Kong, aos 29.151,80 pontos, o sul-coreano Kospi avançou 0,48% em Seul, aos 3.203,92 pontos, e o Taiex registrou ganho de 1,17% em Taiwan, aos 17.068,43 pontos.
Por outro lado, o japonês Nikkei caiu 0,99% em Tóquio, aos 28.860,08 pontos, pressionado por ações financeiras e dos setores de máquinas e imobiliário.
A tendência de infecção por covid-19 no Japão está sendo acompanhada de perto, após o governo decidir estender medidas emergenciais em várias regiões até 20 de junho.
Também ficou no vermelho a bolsa australiana, a principal da Oceania, após encerrar o pregão anterior em nível recorde. Há preocupações de que Victoria, segundo estado mais populoso do país, precise prorrogar o lockdown local. O S&P/ASX 200 recuou 0,25% em Sydney hoje, aos 7.161,60 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado