Com baixo volume, Bolsa sobe 1,24% puxada pela valorização da Petrobras; dólar cai a R$ 5,56
Dados econômicos e cenário fiscal também estiveram no radar dos investidores
Em dia de liquidez bastante reduzida nos mercados financeiros globais, devido ao feriado de Ações de Graça nos Estados Unidos, em que bolsas de Nova York ficaram fechadas, a B3, Bolsa de Valores brasileira, viveu o terceiro pregão consecutivo de valorização e fechou em alta de 1,24%, aos 105.811 pontos. Ações de diversos setores subiram ao longo do dia, mas foi a Petrobras a principal responsável por puxar o Ibovespa para cima.
Na véspera, a petroleira anunciou um aumento de 24% em seu plano de investimento para o período entre 2022 e 2026, chegando ao valor de US$ 68 bilhões. Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, explica que a notícia que mais animou o mercado referiu-se aos proventos: a estatal estima que a distribuição de dividendos aos acionistas poderá chegar a US$ 70 bilhões até 2026, sendo que parte desse valor, até US$ 25 bilhões, destinados à União.
"O diretor financeiro da Petrobras, Rodrigo Araújo, disse que a antecipação da meta para o endividamento abre uma nova fase para a companhia, que a partir de 2022 deve conseguir distribuir dividendos equivalentes a cerca de 60% do fluxo de caixa operacional após investimentos", destaca Ribeiro. Repercutindo o anúncio, os papéis da companhia, que corresponde a cerca de 9% da carteira teórica da B3, avançaram 4,69% neste pregão.
Cenário doméstico
Ainda na agenda interna, mais cedo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados do IPCA-15 de novembro, considerado a prévia oficial da inflação. No mês, o indicador econômico registrou alta de 1,17%, o que equivale a uma desaceleração de 0,03 ponto porcentual em relação à taxa registrada em outubro.
A mediana das expectativas dos analistas do mercado era de uma alta de 1,13% para o IPCA-15 em novembro. No entanto, mesmo vindo um pouco acima das projeções, a leve desaceleração da inflação na comparação mês a mês não chegou a comprometer o humor dos investidores ao longo do dia.
Com esse resultado, que não apresentou grandes surpresas ao mercado e é o último dado da economia a ser divulgado antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa dos especialistas é que o Banco Central (BC) não deve elevar a Selic, taxa básica de juros que hoje está em 7,75% ao ano, muito acima daquilo que já foi precificado pelo mercado - uma alta em torno de 1,5 ponto percentual.
Vale lembrar que, nesta quarta-feira, 24, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, chegou afirmar que talvez segure um pouco mais a alta da taxa dos juros na próxima reunião e nos próximos meses para fazer frente a esse momento turbulento da economia brasileira, com indicadores econômicos fracos.
O dólar, acompanhando o cenário interno mais positivo e sem muitas influências vindas dos mercados internacionais, fechou em queda de 0,78% neste pregão, cotado a R$ 5,56.
No cenário fiscal, a atenção permanece com a PEC dos Precatórios, que não apresentou grandes novidades ao longo do dia. O texto da proposta foi lido na véspera pelo relator, Fernando Bezerra Coelho, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, trazendo mudanças em relação à proposta aprovada na Câmara.
Porém, a partir daí o tema não avançou. Não houve votação em plenário, porque parlamentares de quatro partidos pediram vistas ao texto preparado pelo relator. A análise e votação em primeiro turno pelo plenário do Senado, está prevista para a próxima terça-feira, 30.
No fim da tarde, no entanto, a notícia não foi nada animadora: em coletiva, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não deu garantias de votação da PEC na próxima terça-feira, devido a ajustes que devem ser promovidos no texto.
O dia na Bolsa
Os sinais de uma possível desaceleração na escalada dos preços, a partir de análise sobre os números do IPCA-15, contribuíram para que os juros futuros fechassem majoritariamente em baixa neste pregão. Uma pressão menor sobre a inflação também retira a pressão sobre os juros.
Nesse contexto, diversas ações ligadas ao consumo doméstico, como empresas de construção civil, companhias aéreas e de turismo e as varejistas, fecharam no azul no pregão da Bolsa desta quinta-feira. Essas companhias vêm sendo bastante prejudicadas pela deterioração do cenário macroeconômico e estão sendo negociadas a um valuation bastante atrativo para os investidores.
Os papéis da Cyrela, Eztec, Lojas Americanas e Via, por exemplo, registraram alta de 5,24%, 5,30%, 2,11% e 1,19%, na sequência. Já a companhia aérea Gol e a CVC, companhia de turismo, estiveram entre as altas mais expressivas do dia e dispararam 8,47% e 6,80%, respectivamente. A Azul subiu 2,18%. O setor ainda pode sentir o impacto da greve dos pilotos de companhias aéreas nos próximos dias.
Na mesma esteira de altas, os bancos, que têm um peso de cerca de 17% na composição do Ibovespa, também se beneficiaram com os dados divulgados hoje. Bradesco, Itaú e Santander subiram 0,90%, 0,95% e 1,15%, nesta ordem. Enquanto isso, Banco do Brasil e BTG Pactual registraram avanços ainda mais expressivos na Bolsa, de 4,83% e 5,55%.
No campo das commodities, o minério de ferro registrou mais um dia de alta no exterior, contribuindo para alta de empresas siderúrgicas aqui no Brasil. Usiminas, Gerdau e CSN reportaram variação positiva de 0,66%, 1,31% e 2,75% em seus papéis, respectivamente. Em contrapartida, a Vale, que viveu alguns pregões consecutivos de alta, teve um movimento de realização de lucro nesta quinta-feira e caiu 0,75%.