Bolsa sobe 0,52% puxada por bancos e com a aprovação da PEC dos Precatórios
Apesar da inflação em alta, a Bolsa encontrou sustentação com a aprovação da PEC dos Precatórios
Apesar de uma inflação acima da esperada em outubro no Brasil, a Bolsa de Valores brasileira, a B3, viveu mais um dia positivo e fechou com alta de 0,52%, aos 106.087 pontos, nesta quarta-feira, 10. A valorização foi puxada pelas ações dos bancões e reflete também o otimismo dos investidores com a aprovação da PEC dos Precatórios no 2º turno de votação na Câmara dos Deputados Federais.
A proposta foi aprovada por 323 votos favoráveis ante 172 contrários e segue, agora, para o Senado, onde deve enfrentar certa resistência. Especialistas explicam que, embora a medida que busca liberar espaço no Orçamento da União não seja o melhor dos mundos, uma reprovação da PEC pode impactar negativamente o mercado, já que o governo sinalizou que buscaria outras formas de abrir uma janela para os gastos federais.
A PEC dos Precatórios deve liberar R$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022 e, de acordo com o governo, parte desse valor será usada para pagar as parcelas de R$ 400 do Auxílio Brasil, o novo programa social implementado pelo presidente Jair Bolsonaro. Especialistas consideram, no entanto, que boa parte do dinheiro liberado pela proposta, caso aprovada, pode ser destinada à parlamentares em ano eleitoral.
Com a vitória do governo no Congresso, boa parte dos papéis negociados na B3 ganharam força no decorrer do dia, com destaque para o setor financeiro. Os grandes bancos são a principal porta de entrada para o investidor estrangeiro na Bolsa, pela alta liquidez de suas ações, e correspondem a cerca de 17% da composição do Ibovespa. Bradesco, Itaú e Santander reportaram forte alta de 5,75%, 2,66% e 3,59%.
Para Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, a alta do Ibovespa só não foi maior porque o pregão foi de queda para as empresas ligadas às commodities. Acompanhando a desvalorização no preço do barril de petróleo, a Petrobras fechou em baixa de 0,83%.
Já as mineradoras e siderúrgicas sofreram com o preço do minério de ferro negociado em Dailan, na China. Os contratos da commodity atingiram o menor nível em um ano hoje, com a tonelada negociada a 536,59 iuanes. Dessa forma, Vale, CSN, Usiminas e Gerdau recuaram 0,36%, 0,52%, 0,31% e 0,63%, na sequência.
Inflação no Brasil e no mundo
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro. Esse índice reflete a inflação oficial do País e avançou 1,25% no mês passado ante setembro. No acumulado em 12 meses, a inflação já subiu 10,67% até aqui.
De acordo com o BTG Pactual, esse foi o maior resultado reportado para outubro desde 2002. O banco projetava uma alta menos expressiva, de 1,07%, para o IPCA.
Com o avanço da inflação, o dólar viveu um dia de altas frente ao real. A moeda americana reportou valorização de 0,34%, cotada a R$ 5,50.
Na esteira da alta da inflação, as gigantes varejistas viveram um pregão de baixas nesta quarta-feira. Com a escalada dos preços, a renda do consumidor é corroída, o que tende a reduzir os níveis de consumo no País, afetando as empresas do varejo e suas ações.
Os papéis do Magazine Luiza e Lojas Americanas recuaram 1,14% e 0,65%, respectivamente. Enquanto isso, a Via teve uma queda ainda mais expressiva e despencou 6,50%.
Durante a manhã, o mercado conheceu também a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de diversos países. Nos Estados Unidos, o Departamento do Trabalho divulgou que o indicador subiu 0,9% em outubro ante setembro no país. As expectativas dos analistas eram de uma alta de 0,6%.
Refletindo o avanço da inflação americana, as principais bolsas de Nova York fecharam o dia no vermelho. Os índices S&P500, Dow Jones e Nasdaq 100 derreteram 0,81%, 0,66% e 1,44%, nesta ordem.
Na China, o CPI acelerou 1,5% no mês, ante 0,7% em setembro. Já a taxa anual de inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) saltou para 13,5% no mês passado, atingindo o maior patamar da série histórica iniciada em 1996.
Na zona do euro, o CPI da Alemanha atingiu 4,5% em outubro, aumentando 0,4 ponto porcentual ante setembro – 4,1%, segundo dados publicados nesta quarta-feira pela Destatis, a agência de estatísticas do país. O resultado do período é o mais alto desde agosto de 1993.