Mercado Financeiro

Bolsa cai 0,14% reagindo à ata do Copom e queda das siderúrgicas; dólar recua 0,44%.

Perspectiva de aliquota zero para importação de aço derrubou ações de siderúrgicas

Data de publicação:10/05/2022 às 06:26 - Atualizado 3 anos atrás
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Entre perdas e ganhos ao longo do pregão, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou com queda de 0,14% aos 103.109 pontos. Foi um dia de correção técnica lá fora, pelas seguidas e fortes quedas dos últimos dias, mas de fatores internos relevantes com a divulgação da ata do Copom e perspectiva de medidas de zerar alíquotas de importação para segurar a inflação. O dólar também fechou em queda de 0,44%, cotado a R$ 5,134.

Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3, destaca que a Bolsa operou sem uma tendência definida e em um dia de muita volatilidade no pregão da B3. Não houve surpresas com a ata do Copom, segundo ele, e o principal recado foi o de que o ciclo de alta da Selic está próximo do fim, "com ajustes finos" na próxima reunião, de modo a adequá-la à nova realidade inflacionária do País. Embora a sinalização tenha sido de nova alta e continuidade dos juros elevados.

Ata do Copom veio dentro das expectativas, mas sinaliza nova alta e manutenção de juros elevados - Foto: Envato

Como reflexo imediato, os juros caíram nos contratos futuros, principalmente no 'miolo' da curva. E isso beneficiou papeis dos setores de varejo e da construção civil e empresas de tecnologia.

A maior alta ficou com o Banco Inter (BIDI11), de 9,14%, seguida por Natura +8,73%, Banco Inter (BIDI4) + 7,69%, Petz, + 7,19% e CVC, + 5,69%.

Do outro lado da balança, pesaram as ações ligadas a mineradoras e metálicas. As perspectivas não são nada animadoras para os segmentos. A China com os seguidos e serveros lockdowns tende a reduzir a demanda pelas commodities prejudicando empresas como CSN Mineração (-6,94%), Usiminas (-6,87%), CSN (-5,51%) e Gerdau (-4,82%).

Esses papeis foram castigados também pelas notíticas de que o governo pretende remover as alíquotas de importação de 11 produtos para tentar segurar a inflação, entre eles o aço. Se confirmada a medida, esses empresas serão atingidas na formação de caixa.

De todo modo, economistas consideram positiva a iniciativa de reduzir o custo de importação para brecar a alta de preços.

Bolsa em dia de recuperação no exterior

Lá fora, os mercados subiram muito mais como uma correção técnica. As bolsas da Europa fecharam em alta e as de Nova York chegaram a trafegar por terreno positivo, mas nem todas conseguiram manter a alta diante dos discursos mais duros de dirigentes do Federal Reserve, sobre a elevação de juros e redução do balanço do banco.

A presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Cleveland, Loretta J. Mester,  disse que não descarta um eventual aumento de 75 pontos-base em uma das reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). "Não quero descartar nada", disse ela.

A dirigente reconhece que a volatilidade nos mercados financeiros decorrentes do processo de aperto de juros é "desconfortável", mas "necessária" para conter a escalada inflacionária. De acordo com ela, a maior economia do planeta ainda dispõe de "impulso positivo".

Mas nem todos os diretores do Fed rezam por essa mesma cartilha e defendem uma segurada nos juros para evitar a recessão. Essa divisão de opiniões tem levado a uma indefinição sobre o futuro dos juros americanos, provocando instabilidade nos mercados.

Dow Jones fechou com queda de 0,26%: S&P 500 com alta de 0,25%, e Nasdaq com alta de 1,30%.

Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.