Bolsa fecha em alta de 0,56% com mercado americano e Vale; dólar fica em R$ 5,11
Investidores digeriram dados econômicos dos EUA, acompanharam o primeiro dia do simpósio de Jackson Hole e repercutiram ata do BCE
A Bolsa seguiu o ritmo dos mercados americanos e fechou o pregão desta quinta-feira, 25, em alta de 0,56%, aos 113 mil pontos, enquanto o dólar subiu marginalmente 0,02%, cotado a R$ 5,11.
Com uma agenda econômica esvaziada localmente, os investidores voltaram suas atenções para o mercado internacional, digerindo dados da economia americana, atentos ao primeiro dia do simpósio anual de Jackson Hole, promovido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e digerindo a ata do Banco Central Europeu (BCE).
Entre os números mais relevantes está a segunda prévia do PIB referente ao segundo trimestre, que recuou 0,6%, e o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), que subiu 7,1% no mesmo período na comparação anual. Já o núcleo do indicador, que desconsidera preços de alimentos e energia, avançou 4,4% no mesmo intervalo, bem acima da meta da inflação de 2%.
Vale lembrar que o PCE é a medida de inflação preferida do Fed para balizar as decisões de política monetária.
Esses resultados aumentam ainda mais as atenções sobre o evento do Fed, de acordo com Rafael Azevedo, especialista em renda variável da Blue3.
"Esse cenário aponta que os EUA entraram em recessão técnica. É importante ficar atento às próximas reuniões do Fomc (Copom americano), se o Fed vai adotar um aumento mais expressivo na taxa de juros ou uma elevação mais conservadora".
Rafael Azevedo, da Blue3
Patrick Harker, presidente do Fed da Filadélfia, defendeu que a autoridade monetária eleve os juros a um patamar “restritivo” e os mantenha neste nível “por algum tempo”.
"Isso significa que o Fed pode não ter que fazer altas mais expressivas, e sim adotar mais uma alta de 0,75%. E, se necessário, altas mais moderadas e por mais tempo, ao invés de um choque de juros com altas mais intensas, o que o mercado vê como positivo por não ter que gerar uma recessão forte para o controle da inflação".
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil
Bolsas americanas/fechamento
- S&P 500: +1,41% (419,51 pontos)
- Dow Jones Industrial Average: +0,98% (33.291 pontos)
- Nasdaq 100: +1,75% (13.143 pontos)
O dia na Bolsa
Em um período de agenda fraca no âmbito interno, a Bolsa sofreu a influência não somente do exterior, mas também do desempenho de ações domésticas.
Entre as empresas de maior peso no índice Ibovespa que se destacaram no campo positivo estiveram a Vale, B3 e Banco do Brasil - que encerraram o dia em alta de 1,94%, 209% e 2,38%, respectivamente - contrapondo a queda das ações da Petrobras, que recuaram 0,93% (ON) e 1,07% (PN), alinhadas à desvalorização do petróleo.
Maiores altas
Empresa | Ticker | Variação |
Alpargatas | ALPA4 | +10,06% |
Azul | AZUL4 | +5,62% |
Gol | GOLL4 | +5,49% |
Petz | PETZ3 | +5,00% |
Natura & Co. | NTCO3 | +4,00% |
Maiores baixas
Empresa | Ticker | Variação |
Energisa do Brasil | ENGI11 | -2,77% |
Eletrobras | ELET6 | -1,78% |
Cemig | CMIG4 | -1,71% |
Engie | EGIE3 | -1,67% |
JHSF | JHSF3 | -1,50% |
Bolsas europeias fecham mistas com BCE e dados americanos
Os mercados acionários da Europa tiveram uma sessão volátil nesta quinta-feira, sem muito impulso nem sinal único, nesta quinta-feira. Investidores avaliavam a ata da reunião do Banco Central Europeu (BCE), publicada nesta quinta, e também novos sinais da economia da Alemanha.
O início do pregão na zona do euro foi modestamente positivo, mas as bolsas em geral mostraram pouco impulso em toda a jornada.
O BCE publicou ata da reunião na qual elevou os juros em 50 pontos-base, em julho. O documento mostrou que um "número muito grande" de dirigentes defendeu esse passo, o que surpreendeu analistas, já que o banco central havia sinalizado antes uma alta de 25 pontos-base.
Ao avaliar o documento, o ING diz acreditar que o BC europeu subirá os juros em 50 pontos-base em setembro, mas acrescenta que espera uma pausa depois disso, ante riscos como uma recessão econômica e uma crise de falta de gás natural, diante dos cortes da Rússia.
O banco Morgan Stanley, por sua vez, projeta também alta de 50 pontos-base no próximo mês, vendo o BCE concentrado nos indicadores para reagir a eles e também atento aos riscos de fragmentação nos mercados de dívida.
Na agenda de indicadores, o índice Ifo de sentimento das empresas caiu de 88,7 em julho a 88,5, quando a previsão dos analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal era de queda maior, a 87,2.
O Instituto Ifo, porém, afirmou em seu relatório que a economia alemã como um todo deve sofrer contração no terceiro trimestre, que poderia ser de "cerca de 0,5%".
Na Alemanha, o PIB cresceu 0,1% no segundo trimestre ante o primeiro, mostrou revisão desta quinta, mas a Oxford Economics vê uma perspectiva "nebulosa" para a economia do país neste momento.
A Oxford espera estagnação da economia alemã no terceiro trimestre e recessão técnica na virada do ano. / com Agência Estado.
Bolsas europeias/fechamento
- Stoxx 600 (pan-europeu): +0,32% (433,44 pontos)
- DAX (Frankfurt): +0,39% (13.271 pontos)
- FTSE 100 (Londres): +0,11% (7.479 pontos)
- CAC 40 (Paris): -0,08% (6.381 pontos)