Bancos revisam a recomendação de ações de diversas empresas; veja quem subiu e quem caiu
Entre as ações que tiveram suas recomendações atualizadas – ou iniciadas – destaque positivo para Cyrela e negativo para Mosaico
Nesses últimos dias, os bancos revisaram a recomendação de ações de várias empresas, outras passaram a ser analisadas pelas principais casas de investimento e ficaram em evidência.
O destaque positivo - até aqui - fica com a Cyrela, que disparou nos últimos dois pregões da Bolsa após o Bradesco BBI iniciar a cobertura das ações da companhia e classificá-la como "top pick", ou seja, a nova escolha favorita do banco entre construtoras de renda média e alta no Brasil.
Além da empresa de construção civil, Smartfit, Banco do Brasil, SBF e ABC Brasil também chamaram a atenção das instituições financeiras. As companhias do setor de geradoras de energia, por sua vez, tiveram o preço base de suas ações rebaixados para 2022 com a perspectiva de crise hídrica. Já a Mosaico, dona dos sites Zoom e Buscapé, foi o destaque negativo da semana.
Início da cobertura para os papéis da Cyrela e Smartfit
Na última terça-feira, 24, o Bradesco BBI começou a fazer a cobertura das ações da Cyrela, e o Itaú BBA teve a mesma iniciativa em relação à rede de academias Smartfit.
Representantes dos setores de construção civil e serviços, respectivamente, essas empresas podem ter suas operações e, consequentemente, desempenho afetados com uma possível volta das medidas restritivas para conter o avanço da variante delta de covid-19. Além da questão envolvendo a pandemia, a inflação, risco fiscal e cenário político, que ajudam a elevar a taxa de juros, também podem impactar de forma negativa as companhias.
Embora haja todas essas incertezas para a economia do País e os reflexos para essas empresas, as casas de investimentos contam com perspectivas positivas para a Cyrela e Smartfit.
Recomendação de ações da Cyrela
“Embora reconhecendo algum agravamento nas condições do setor, com elevação dos custos da construção e, em menor grau, a taxa de juros mais alta, vemos o valuation sendo punido de maneira excessiva. Esperamos que os direcionadores macros impulsionem os ciclos domésticos no segundo semestre de 2021 e a Cyrela seja o melhor (e mais líquido) veículo para colher os prêmios de uma potencial recuperação”, afirmam os analistas do Bradesco BBI.
O banco, que estabeleceu a empresa como sua top pick entre as construtoras de renda média e alta no País, iniciou a cobertura das ações da Cyrela já com recomendação de outperform, ou seja, um desempenho acima da média do mercado. O preço-alvo por ação definido pelos analistas foi de R$ 28 para 2022.
André Querne, sócio da Rio Gestão, compartilha da mesma opinião e ressalta que a Cyrela tem uma ação de primeira linha dentro de seu segmento. "A atuação da empresa é bem diversificada entre baixa, média e alta renda, além de ter uma geração de caixa bastante positiva, com pagamento de dividendo", explica o especialista.
Ainda no relatório, os analistas do Bradesco BBI apontam que os papéis da companhia recuaram 38% ao longo do ano, mesmo com "resultados sólidos e tendências fortes". Reflexo do cenário macroeconômico brasileiro que permanece negativo com alta dos juros e da inflação.
"A empresa parece bem descontada em termos de múltiplos, o que mostra que muito do cenário político e fiscal já está embutido no preço da ação. Então, quando o mercado tem um alívio com queda na curva de juros ou com a política, a elevação desse ativo pode ser bastante expressiva", afirma Querne.
Recomendação de ações da Smartfit
O Itaú BBA iniciou a cobertura para os papéis da Smartfit, considerando que o segmento em que está a empresa conta com do tem boas perspectivas de crescimento o que, consequentemente, oferece mais espaço de consolidação à companhia. Os analistas destacam ainda o "excelente histórico da empresa".
A recomendação de ações da rede de academias foi de outperform e o preço-alvo para 2022 foi definido em R$ 33,40 por ação.
De acordo com o relatório produzido pelo BBA, a Smartfit tem um Retorno sobre o Capital Investido (ROIC, em inglês) que caminha entre 20% e 25% por unidade madura. Dessa forma, a companhia oferece "retornos decentes" aos acionistas, avaliam os especialistas, tornando esse segmento do mercado menos atraente para os concorrentes menores.
O documento ainda ressalta que um dos principais riscos para o desempenho dos papéis da companhia é a "execução e risco potencial de canibalização", processo mais comum às grandes empresas de varejo com um plano amplo de abertura de lojas.
Geradoras de energia
Num cenário de crise hídrica e energética que atinge o Brasil, além do aumento na taxa de juros, os papéis de algumas das principais empresas geradoras de energia estão performando abaixo do Ibovespa e do IEE, o índice do setor. Neste contexto, o Itaú BBA revisou, também, as recomendações para as ações de companhias deste segmento.
As empresas avaliadas no relatório apresentado nesta quarta-feira, 25, foram a Cesp, Engie e Omega. Destas, apenas a primeira teve sua recomendação rebaixada, indo para marketperform, quando o desempenho está em linha com a média do mercado. As outras permanecem como outperform. No entanto, todas as três tiveram o preço-alvo por ação atualizado para baixo.
- A Cesp teve seu preço-alvo reduzido de R$ 38 em 2021 para R$ 24,50 em 2022
- Engie caiu de R$ 49 neste ano para R$ 43,80 no próximo
- Já para a Omega, o banco rebaixou o preço-alvo de R$ 44 para R$ 37,80
Os analistas afirmam não encontrar justificativa no curto prazo para a compra de papéis da Cesp, sobretudo por conta da crise. Além disso, a casa de investimentos destaca como pontos negativo, para a recomendação das ações, a pouca visibilidade sobre o pagamento da Indenização Três Irmãos; potencial aumento do déficit dos fundos de pensão; baixa visibilidade de sua estratégia de crescimento e aumento das taxas de juros.
Já sobre a Omega, o banco considera que "é uma das poucas empresas a se beneficiar dessa perspectiva hidrelétrica desafiadora, dada sua exposição a ativos eólicos e solares. Nós esperamos tendência de ganhos positivos daqui para frente, já que a segunda metade do ano será muito melhor dada a ‘sazonalidade dos ventos’. Além disso, gostamos de seu o histórico de alocação de capital e as últimas aquisições agregaram valor".
Em relação a Engie, o BBI afirma que esta é uma das poucas empresas que pode compensar o impacto do GSF (a medida para o risco hidrológico), por isso ela permanece como outperform. "Nós vemos a Engie como um empresa de alta qualidade, com excelente histórico de alocação de capital e valuation atrativo", dizem os especialistas.
No relatório, os analistas ainda falam sobre a agenda ESG da geradora, que deve encerrar sua exposição ao carvão ainda em 2021 com a venda das usinas de Jorge Lacerda e Pampa Sul.
Recomendação para as ações da Mosaico foi rebaixada
O Itaú BBA rebaixou suas recomendações das ações da Mosaico de outperform para marketperform. A casa ainda reduziu o preço-alvo por ação de R$ 39, em 2021, para R$ 13 em 2022.
Segundo relatório da casa de análises, os últimos resultados trimestrais foram uma surpresa negativa, apontando não somente uma fraqueza transitória, mas sinalizando uma deterioração preocupante nas perspectivas de crescimento.
Para analisar essa premissa, os analistas do BBA levaram em conta o desempenho recente da Mosaico, com base em uma avaliação detalhada do tráfego do site, uso de aplicativos e leads (possíveis clientes) para as lojas online.
“A recente desaceleração da empresa não afeta negativamente nossas previsões para o seu crescimento de curto prazo, mas aponta um desafio de longo prazo para o negócio de comparação de preços”, destacou a casa no documento.
Empresas que tiveram a recomendação de ações elevada
Na semana, também vale destacar a atualização das recomendações para os papéis do Banco do Brasil, grupo SBF (dono da Centauro e outras empresas relacionadas ao esporte) e ABC Brasil. Todas as três empresas tiveram suas recomendações elevadas pelas casas de investimento.
Banco do Brasil
Para os analistas do Itaú BBA, a ação do Banco do Brasil passou de underperform, quando o desempenho é abaixo da média do mercado, para marketperform. A justificativa dada no relatório da instituição é que os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) estão sendo negociados com desconto alto quando comparados aos outros bancos brasileiros.
Na véspera de um ano eleitoral, os analistas consideram que esse desconto pode indicar que o risco político já está embutido no preço da ação. Assim, em qualquer cenário mais moderado, oferecendo certo alívio às incertezas políticas, a empresa pode se beneficiar e ver seu preço subir.
O preço-alvo por ação do Banco do Brasil passou de R$ 36 neste ano para R$ 37 no próximo.
ABC Brasil
Outro banco que teve sua recomendação elevada foi o ABC Brasil, dessa vez na avaliação do Bank of America (BofA). O banco passou os papéis da companhia do patamar neutro para compra, avançando o preço-alvo por ação de R$ 18 para R$ 22.
Em relatório, os analistas do BofA preveem que o ABC "apresentará forte geração de receitas com base no sólido crescimento da carteira de crédito e melhor mix, bem como deve melhorar sua geração de receitas de tarifas com a diversificação aprimorada".
Para a casa de investimento, mais do que olhar para a qualidade dos ativos, os investidores precisam estar atentos à geração de receita das empresas neste momento de início de uma retomada econômica, o que justifica a avaliação para o ABC Brasil.
Grupo SBF
A recomendação de ações da companhia, dona de marcas esportivas, foi elevada de neutra para outperform pelos especialistas do Bradesco BBI, que enxergam um desempenho acima das expectativas para o grupo durante o período de pandemia.
A retomada econômica e reabertura de grandes centros de varejo, principalmente os shoppings, trazem uma visão positiva para o o crescimento das marcas da SBF. No documento apresentado pelo banco, os analistas afirmam que a empresa deve aumentar seu número de vendas, bem como melhorar seus números referentes a impostos, lucro antes de juros, depreciações e amortizações em 2022 frente a 2019.
Com as boas expectativas, o BBI passou o preço-alvo por ação do SBF de R$ 30 para R$ 44.
Além do próprio momento da economia, os analistas destacam ainda que as empresas do grupo, principalmente Centauro, têm força para ampliar sua participação no mercado de vestuário esportivo, "altamente fragmentado".