Fundos de Investimentos

ASA Hedge, de Alberto Safra, afirma que não vai fechar para captação após levantar R$ 600 mi em ação com a XP

Meta de captação do fundo é de R$ 5 bi, segundo fontes do mercado, e patrimônio atual está em R$ 1,62 bi

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Data de publicação:19/10/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Na semana passada, a informação de que o fundo ASA Hedge FIC FIM iria fechar para captação circulou pelo WhatsApp, pegando muita gente de surpresa. O multimercado é o carro-chefe da gestora de Alberto Joseph Safra e, turbinado por uma posição comprada em juros americanos, muitos investidores correram para aportar no produto.

Mas era só boato. O fundo segue aberto e, segundo o gestor Márcio Fontes, está ainda longe da meta de captação, que ele não diz qual é, mas de acordo com fontes do mercado ficaria próxima de R$ 5 bilhões.

Em 2022, Asa Hedge acumula rentabilidade de 38,70% até setembro I Foto: Reprodução

O que parece ter gerado o boato sobre o fechamento do fundo foi uma comunicação endereçada aos assessores de investimento. A ASA e a XP lançaram no começo de setembro uma ação comercial para impulsionar o fundo, com direito a comissões mais generosas, o que fez literalmente todos os escritórios trabalharem firme a oferta do produto.

Foi um sucesso. A meta era R$ 200 bilhões em dois meses. Em pouco mais de um mês, no entanto, os assessores trouxeram R$ 600 milhões, o que fez o patrimônio líquido do fundo saltar para R$ 1,62 bilhões. Ambas as empresas acharam por bem encerrar a campanha 15 dias antes do fim.

"Eu não sei porque eles encerraram, já que o fundo comporta muito mais recursos, mas eles encerraram, avisaram os assessores e isso deve ter gerado a impressão errada de que o fundo estava fechando para captação", conta Alexandre Murda, superintendente do ASA Investiments, que hoje conta com cerca de 120.

Asa Hedge deixa CDI e inflação comendo poeira em 1 ano

O ASA Hedge é hoje é principal produto da gestora, lançada em 2019 por Alberto Safra, um dos quatro filhos do falecido Joseph Safra.

Alberto Safra criou a ASA depois de deixar o banco de sua família. na época, dizia que o plano era lança uma espécie de BlackRock brasileira, em alusão à maior firma de gestão de ativos de Wall Street.

Com sede em São Paulo, a gestora lançou alguns produtos desde 2021, incluindo um fundo de estratégias de ações, um de renda fixa e outro quantitativo.

Mas é sem dúvida o ASA Hedge que chama mais a atenção. O fundo existe desde setembro de 2014, lançado por Márcio Fontes, na época dono da Itaim Asset. Fontes vendeu a sua gestora para Alberto Safra e ingressou na ASA como Chief Investment Officer (CIO).

Recentemente, ele acertou em cheio ao prever, ainda em março do ano passado, a alta de juros promovido pelo Federal Reserve (FED, o banco central americano).

Mais de 90% do fundo está alocado nessa posição, de alta de juros americanos curtos, de um a dois anos, ao passo que vendida, ou seja, apostando na queda da bolsa americana.

Em período um pouco maior de um ano, o multimercado da Asa supera com larga margem de vantagem tanto o CDI, que é o principal benchmark dessa classe de fundos, como a inflação.

No gráfico abaixo, obtido no Comparador de Ativos da Mais Retorno, é possível acompanhar a trajetória bem-sucedidade do Asa Hedge a partir do início de 2022.

Fonte: Comparador de Ativos da Mais Retorno

Estratégia de gestão focada em juros americanos

“Até a primeira quinzena de agosto, a maior parte do risco do fundo foi tomada em juros americanos curtos”, afirma Rodrigo Melo, estrategista-chefe do fundo ASA Hedge. Uma posição que passou a ser majoritariamente vendida em bolsa americana.

A estratégia previa uma revisão para baixo dos múltiplos ou valuations das ações, diante do risco de que a recessão da economia poderia puxar a bolsa americana para baixo.

O risco de recessão existe, difícil é prever quando pode começar. “Recessão não é algo fácil de prever, mas alguns indicadores sugerem que ela pode acontecer no fim deste ano, começo de 2023”, comenta Melo. “Há uma expectativa de crescimento baixo no primeiro trimestre.”

O estrategista diz que “o mercado de trabalho ainda bastante robusto é um amortecedor para a economia dos EUA”, mas não apenas isso. Ele diz que “as famílias fizeram muita poupança durante a covid, os salários estão em alta, e tudo isso gera consumo”, avalia.

É um cenário em que o Fed (Federal Reserve, banco central americano), acredita o estrategista, deve ir além de 4,6%, prevista pelo mercado como taxa de juros terminal no fim do ciclo. “A inflação adversa pode levar o Fed a ir até mais com os juros, mas acho que 6% é factível, plausível.”

O estrategista entende que o Fed terá de endurecer as condições monetárias, com mais aperto monetário, para conter a inflação, ainda que isso possa antecipar uma recessão, avalia.

Posições opostas em bolsa brasileira e americana

Uma estratégia de gestão mais recente da carteira tem sido, “por uma questão de relativo, de valuation”, a posição comprada (aposta na alta) na bolsa brasileira e vendida na bolsa americana. Uma posição que substitui a anterior, de venda da bolsa brasileira e de compra do real, “uma posição de carrego com aposta de bolsa em baixa e câmbio em alta”.

Commodities também têm espaço na carteira

Melo afirma que a gestão gosta também de commodities no portfólio, em posições compradas, principalmente petróleo. Tanto diretamente na comodity como em empresas relacionadas ao petróleo.

Outra commodity com espaço na carteira é o alumínio, cuja produção exige uso intensivo de energia, um mercado em crise agravado pelo conflito na Ucrânia. “A imposição de sanções e restrições ao uso do alumínio russo também pressiona os preços do alumínio.”

Como multimercado macro, o fundo mantém pequena posição em moeda, “mais como fluxo individual e posição complementar, sem que seja fator relevante na rentabilidade”, observa Melo.

Fundo de Previdência que segue o ASA Hedge

O sucesso do ASA Hedge gerou o ASA Hedge Prev, um fundo de previdência. Já aberto à captação, segue a mesma estratégia do ASA Hedge, agora um fundo master ou espelho que o novo produto da casa vai replicar.

A carteira será alocada em diversas classes de ativos, principalmente renda fixa, renda variável e moedas, negociados no mercado doméstico e internacional.

A ASA Investments iniciou suas atividades em outubro de 2019, em São Paulo. A história do fundo de destaque da gestora começou no início de 2020, quando a ASA adquiriu a Itaim Asset e trouxe o ASA Hedge, criado em 2014, que ganhou tração na nova casa. A captação do ASA Hedge, na ASA Investments, começou em novembro de 2020.

A gestora tem atualmente 150 funcionários. O time da ASA Investments tem como gestores nomes como Marcio Fontes, Flavio Kac, Emerson Dantas, José Baltieri, Fabiano Zimmermann, Martim Fass. Respondem pela área de macroeconomia Fabio Kanczuk, Jeferson Bittencourt, Angelo Polydoro, Leonardo Costa e Andressa Durão.

Pelos dados da Anbima, entidade que reúne fundos de investimento, o patrimônio líquido da gestora somava R$ R$ 2,8 bilhões em agosto.

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Sobre o autor
Tom Repórter da Mais Retorno