Apple surpreende positivamente o mercado com números do 4° trimestre de 2021
A escassez de chips não afetou a companhia tanto quanto era projetado
Nesta semana, a Apple divulgou resultados trimestrais que superaram as estimativas de Wall Street, marcando uma vitória contra uma crise na cadeia de suprimentos alimentada pela pandemia e pela escassez de chips. As vendas subiram 11% para um recorde de US$ 123,9 bilhões no primeiro trimestre fiscal, informou a empresa. Analistas previam US$ 119,1 bilhões em média.
O lucro também superou as projeções e a empresa previu que as vendas devem continuar crescendo a um percentual de dois dígitos no primeiro trimestre de 2022. As ações chegaram a subir até 5,4% na abertura das negociações em Nova York, mas perdera, força à medida que o mercado recuou por preocupações sobre uma política monetária mais apertada.
Os resultados fortes da companhia sugerem que os temores de uma reviravolta na oferta foram exagerados. O presidente-executivo da Apple, Tim Cook, havia alertado no final do ano passado que a escassez poderia custar à empresa mais de US$ 6 bilhões em vendas durante o período de férias. Mas a gigante da tecnologia navegou pela crise e se beneficiou de uma enxurrada de novos produtos, incluindo o iPhone 13, Apple Watch Series 7 e Macs atualizados.
Crise de escassez dos semicondutores
A Apple, no entanto, pode ser uma exceção precoce na resolução de problemas da cadeia de suprimentos, graças, em parte, à sua posição dominante na obtenção de peças de fornecedores. A nova onda de covid-19 com a variante ômicron, os custos de envio disparados e a escassez de mão de obra continuam a sobrecarregar a cadeia de suprimentos global.
A STMicroelectronics NV, que conta com a Apple como um grande cliente, disse na última sexta-feira que não vê uma diminuição na escassez de chips antes de 2023. O governo Biden também já sinalizou que a escassez global de semicondutores persistirá até pelo menos o segundo semestre deste ano.
Wall Street, entretanto, ficou amplamente satisfeita com os resultados da Apple e sua capacidade de navegar na crise da cadeia de suprimentos, ao mesmo tempo em que lançava uma enxurrada de novos produtos. O relatório de lucros "destaca a força e a rigidez do ecossistema da Apple", escreveu Katy Huberty, do Morgan Stanley, em nota aos clientes. Ela reiterou a Apple como sua principal escolha para 2022.
Desempenho das ações da Apple
As ações da Apple subiram cerca de 3% nos primeiros minutos do pregão desta sexta-feira, 28, em Nova York. Antes da divulgação dos resultados na tarde da véspera, os papéis haviam caído 10% no acumulado deste ano, prejudicados por uma desaceleração mais ampla das empresas de tecnologia. A ação valorizou 34% em 2021.
Os investidores têm procurado a Apple em busca de segurança depois que uma derrota recente atingiu as ações de tecnologia. Preocupações com uma desaceleração nas vendas e aumentos nas taxas de juros tornaram o setor menos atraente no mês passado, com a própria Apple sofrendo com o recuo. Depois de atingir um valor de mercado de US$ 3 trilhões no início de janeiro, a Apple agora vale US$ 2,6 trilhões.
O lucro da empresa com sede em Cupertino, Califórnia, subiu para US$ 2,10 por ação no primeiro trimestre, encerrado em 25 de dezembro, bem acima do US$ 1,90 estimado por analistas.
Destaques do balanço da Apple
Em uma teleconferência, os executivos da Apple disseram que as restrições da cadeia de suprimentos diminuiriam ainda mais no trimestre de março, pois sua taxa de crescimento desaceleraria tanto para os negócios em geral quanto para o segmento de serviços. A Apple não deu uma meta específica de vendas, mas disse que seria um recorde para o período. Os analistas estão prevendo que a receita chegará a US$ 90 bilhões. A margem bruta será de 42,5% a 43,5%.
A empresa também disse que agora existem 1,8 bilhão de dispositivos da Apple atualmente em uso, um aumento de 300 milhões em relação a dois anos atrás. Há, ainda, 785 milhões de assinaturas pagas da Apple e de terceiros em sua plataforma, acima dos 745 milhões relatados no trimestre anterior.
A empresa gerou US$ 71,6 bilhões em receita com seu principal produto, o iPhone, superando as estimativas de Wall Street de US$ 67,7 bilhões. Isso representa um aumento de 9,2% em relação ao trimestre do ano anterior. O período de vendas representou o primeiro trimestre completo da receita do iPhone 13.
iPhone 13
Na teleconferência de resultados da empresa, Cook disse que toda a linha iPhone 13 contribuiu para o forte crescimento e se recusou a especificar se os modelos Pro tinham desempenho mais forte do que as versões mais baratas.
O telefone foi colocado à venda em setembro, várias semanas antes do iPhone 12 em 2020. Embora o iPhone 13 tenha sido considerado uma atualização modesta, os usuários que desejam atualizar para o serviço 5G ainda clamam pelo dispositivo.
Restrições da cadeia de suprimentos
As restrições de fornecimento que atingem a linha iPhone 13 e outros novos produtos, incluindo os mais recentes Macs e Apple Watches, resultaram em atrasos nas remessas de várias semanas. No relatório anterior de lucros da Apple, a empresa disse que os problemas custaram US$ 6 bilhões em vendas - e alertou que o trimestre de festas seria ainda pior.
Nesse contexto, os resultados foram um alívio para os investidores. Mas, nem tudo foi cor de rosa: as vendas do iPad ficaram abaixo do projetado. A empresa havia dito, após o balanço trimestral anterior, que os problemas de fornecimento estavam afetando particularmente o produto. O Japão também foi um ponto fraco no último trimestre.
iPad
O iPad arrecadou US$ 7,25 bilhões no último trimestre de 2021, em comparação com uma estimativa de US$ 8,1 bilhões. A empresa lançou a atualização mais significativa do iPad mini na história do produto e uma pequena atualização para seu tablet mais barato durante o trimestre, mas lutou para obter oferta suficiente para o mercado.
O diretor financeiro, Luca Maestri, disse que a escassez do iPad no trimestre foi "pronunciada" e Cook disse que algumas das restrições se devem à realocação de componentes-chave da Apple para o iPhone.
Receita com serviços
"Este é o nosso oitavo trimestre relatando os resultados à sombra da pandemia e, embora não possa dizer que fica mais fácil, posso dizer que estou incrivelmente orgulhoso da maneira como nossas equipes se uniram".
Tim Cook
A Apple gerou US$ 19,5 bilhões em receita de serviços no primeiro trimestre, superando as expectativas de Wall Street de US$ 18,6 bilhões. A categoria cresceu 24% em relação ao ano anterior devido às fortes vendas de assinaturas da App Store, Apple Music e iCloud. A Apple disse no início deste mês que os desenvolvedores geraram cerca de US$ 60 bilhões da App Store durante 2021, mas não compartilhou receita específica da App Store para a empresa.
Outros produtos da Apple
A divisão de wearables, casa e acessórios – uma unidade que inclui o Apple Watch, Apple TV, AirPods, fones de ouvido Beats, HomePod e outros itens – produziu US$ 14,7 bilhões durante o trimestre. Isso representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior e acima da estimativa média de US$ 14,2 bilhões.
A categoria recebeu um impulso com os novos fones de ouvido AirPods lançados perto do final de 2021, depois de não receber uma atualização semelhante em 2020. O Apple Watch Series 7, no entanto, enfrentou um atraso no lançamento e uma escassez significativa.
A empresa também divulgou cerca de US$ 10,9 bilhões em vendas de Mac, superando a estimativa de US$ 9,5 bilhões. Esses números representam uma alta de 25% em relação ao mesmo período do ano passado. A Apple lançou um novo MacBook Pro durante o trimestre que foi bem recebido pelos consumidores e revisores. Maestri disse que a maioria dos novos Macs vendidos agora tem chips projetados pela Apple, em vez de peças da Intel Corp.
Perspectivas
O próximo ano pode ser ainda maior em termos de novos produtos. A Apple está planejando sua maior variedade de lançamentos de todos os tempos, incluindo um novo iPhone SE e um iPad Air com 5G já nesta primavera, informou a Bloomberg. Também pode haver Apple Watches atualizados, quatro novos iPhones e vários Macs chegando no outono.
Na conferência, Cook foi questionado sobre sua opinião sobre o chamado metaverso - um conceito promovido pela proprietária do Facebook, Meta Platforms Inc., e outros rivais. Cook respondeu que a Apple está investindo pesado em realidade aumentada e observou que os aplicativos AR já estão disponíveis no iPhone. A empresa planeja lançar um headset misto de realidade aumentada e virtual no próximo ano, informou a Bloomberg.
"Vemos muito potencial neste espaço e estamos investindo de acordo".
Tim Cook
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Texto originalmente publicado na Bloomberg