Analistas da Adam Capital traçam cenário doméstico com viés pessimista e economia mais fraca
Analistas apontam encrencas não só no campo fiscal, mas na política monetária também
Os analistas da gestora Adam Capital apontam, em sua Carta de outubro distribuída a clientes, o cenário de uma atividade global aquecida, especialmente na economia americana, respaldada sobretudo pelo avanço da vacinação, mas que se espraia também pela Europa e China.
Um termômetro dessa recuperação, que deve ter continuidade em novembro, destaca a Carta, é a valorização das bolsas americanas, acompanhadas pelas europeias. A chinesa, se não subiu tanto quanto as bolsas americanas e europeias, sustentou-se no campo positivo, a despeito da crise do setor imobiliário e energético.
Os analistas observam que os movimentos de normalização da atividade econômica e da alta de preços achatou (inclinou para baixo) as curvas de juro, não apenas nos Estados Unidos, como em outros países avançados.
Nesse contexto, a equipe de analistas da Adam Capital reafirma que concorda com a avaliação do Fed (Federal Reserve, banco central americano) de que a inflação deve ceder nos próximos meses e a política monetária passe por ajustes, de forma natural e saudável, para refletir o cenário de forte crescimento econômico.
Em contraste com a visão otimista do cenário global, a equipe de análise faz uma avaliação de viés pessimista do cenário doméstico, ao apontar que vem ganhando espaço o comprometimento de uma atividade econômica mais fraca. Por uma penca de motivos.
Adam Capital explica fraco desempenho da B3
A Carta afirma que a inflação continua pressionada, persiste o risco de furo do teto de gastos, a falta de clareza sobre o novo programa assistencial Auxílio Brasil. Fatores de incerteza que, somados à constante ameaça do presidente Bolsonaro de interferir nos preços da Petrobras, explicam o fraco desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3.
A equipe da Adam Capital não vê apenas encrencas no campo fiscal. Aponta problemas também na política monetária e atribui ao Copom (Comitê de Política Monetária) parcela de responsabilidade pelo ambiente de instabilidade econômica.
Ao adotar a decisão supostamente mais dura de aumentar 1,50 ponto porcentual a Selic e adiantar nova alta de mesmo calibre na próxima reunião, afirma em Carta, (o Copom) “patrocinou uma robusta abertura nos juros futuros e uma desconfortável alta do dólar, o que não traz nenhum alívio para a inflação”.