ADR da Vale está entre os ativos internacionais mais negociados pelos brasileiros em julho
Queda no preço dos papeis da mineradora pode ter motivado os investidores a se posicionar no ativo
Em um mês marcado pela recuperação dos ativos de risco em nível global - o S&P 500 saltou 9,11% em julho, atingindo o maior ganho mensal desde novembro de 2020, e a Bolsa brasileira valorizou 4,69% no período - os investidores brasileiros mantiveram seu olhar voltado para o exterior.
E no mês, eles elevaram o seu apetite ao risco e foram às compras, de olho nas big techs, como Apple, Amazon e Microsoft, e também em empresas brasileiras com ativos no exterior, como a Vale, segundo levantamento da plataforma Stake, que possibilita aos investidores negociar ativos internacionais.
Por que a Vale entrou na lista?
De acordo com Rodrigo Lima, analista de investimentos da plataforma, as ADRs da mineradora registraram dois meses de queda, o que pode ter motivado os investidores a se posicionar no ativo.
Refletindo os efeitos da queda no preço do minério de ferro no exterior - em grande parte por conta dos efeitos da desaceleração da economia chinesa - a Vale reportou uma queda de 49,7% no lucro líquido de suas operações continuadas no segundo trimestre, somando US$ 4 bilhões, e baixa de 32.44% na receita líquida - US$ 11,1 bilhões.
No mês passado, o Bank of America (BofA) cortou o preço-alvo das ações da Vale no Brasil para R$ 99 e das ADRs para US$ 19, prevendo uma desaceleração das mineradoras e siderúrgicas com a baixa da commodity.
Big techs na preferência: oportunidades
Além de terem grande apreço pelas ações das gigantes de tecnologia, os investidores aproveitaram o momento de divulgação de resultados trimestrais para reforçar suas posições. Segundo especialistas, os papeis estão em patamares bastante atrativos em termos de valuation.
Os números apontam que as empresas estão sentindo o impacto do aperto monetário conduzido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para conter a inflação - a maior dos últimos 40 anos.
Enquanto a Microsoft registrou um lucro líquido de US$ 16,74 bilhões entre abril e junho - alta de 1,7% na base de comparação anual - a Apple e a Amazon reportaram números bem abaixo do previsto.
O lucro líquido da empresa de Steve Jobs somou US$ 19,44 bilhões, queda de 10% em relação ao mesmo trimestre de 2021. Já a Amazon obteve um prejuízo líquido de US$ 2 billhões, revertendo o lucro de US$ 7,8 bilhões de um ano antes.
Uma das surpresas do ranking de ações internacionais mais negociadas pelos brasileiros em julho foi a Tesla, uma das queridinhas dos brasileiros.
Na contramão da tendência dos levantamentos anteriores - nas quais os investidores locais compram uma boa quantidade de papeis da empresa de veículos elétricos - desta vez o volume de vendas foi maior, de acordo com a Stake.
Segundo Rodrigo Lima, analistas de investimentos da Stake, após uma alta expressiva em seus papeis, é possível que os investidores tenham buscado realizar lucros.
"É possível que o movimento seja explicado pela forte valorização das ações da companhia após divulgar seu balanço trimestral, quando surpreendeu analistas ao registrar um lucro por ação de US$ 2,27 e receita de US$ 16,93".
Papeis mais voláteis
Ainda no ranking de ativos internacionais mais negociados em julho da Stake, chama a atenção a presença de algumas penny stocks, como as ações da HyreCar, empresa que possibilita que proprietários de carros possam alugar seus veículos ociosos para motoristas que desejam fazer uma renda adicional por meio de serviços de carona.
Outra que também está na lista é a Community Health Systems, provedora de serviços de saúde para hospitais. E para fechar o pacote, os brasileiros também compraram um grande número de ações da Marathon Digital, companhia de mineração de criptomoedas que passou por uma forte valorização.
De acordo com Lima, o bom momento das bolsas globais faz com que os brasileiros busquem se expor a essa classe de papeis mais voláteis.
No caso da Marathon Digital, ele afirma que os investidores foram atraídos pela alta dos papeis da empresa, que acompanharam uma ligeira recuperação no preço do bitcoin.
As 10 ações internacionais mais negociadas pelos brasileiros em julho
Empresa | Ticker | Setor |
Tesla | TSLA | Veículos elétricos |
Apple | AAPL | Tecnologia |
Amazon | AMZN | Tecnologia |
Vale | VALE | Mineração |
Coca-cola | KO | Bebidas |
HyreCar | HYRE | Serviços |
Community Health Systems | CYH | Saúde |
Oramed Pharmaceuticals | ORPM | Indústria farmacêutica |
Marathon Digital | MARA | Criptomoedas |
Microsoft | MSFT | Tecnologia |
ETFs: setor imobiliário na preferência
Quando o assunto é o ranking de ETFs, os brasileiros destacaram sua preferência pelo mercado imobiliário, com o ETF Vanguard Real Estate, que normalmente está entre os 10 mais, atingir o topo da lista.
O mercado americano está vivendo uma fase de baixa nos últimos meses, após uma demanda crescente no ano anterior. Os preços de imóveis subiram e a hipoteca ficou mais cara, o que freou a vontade de muitos americanos de comprar uma casa, segundo especialistas.
No entanto, a grande surpresa ficou por conta o grande volume de compras do ProShares UltraPro Short QQQ ETF, que aposta na queda da Nasdaq com alavancagem de 3x.
"O volume chegou a ser três vezes maior do que o de compras do Invesco QQQ, tradicional ETF que investe no índice famoso pelas empresas de tecnologia. Isso demonstra que, apesar de julho ter sido um mês positivo para as big techs, ainda há investidores muito pessimistas".
Os 10 ETFs mais negociados por brasileiros em julho de 2022
Empresa | Ticker | Setor |
Vanguard Real Estate ETF | VNQ | Real Estate |
ProShares UltraPro Short QQQ ETF | SQQQ | Nasdaq |
Invesco QQQ ETF | QQQ | Nasdaq |
iShares Core S&P 500 ETF | IVV | S&P 500 |
Vanguard S&P 500 ETF | VOO | S&P 500 |
ProShares Ultra VIX Short-Term Futures ETF | UVXY | VIX |
Global X SuperDividend ETF | SDIV | Dividendos |
ProShares UltraPro QQQ ETF | TQQQ | Nasdaq |
ProShares Bitcoin Strategy ETF | BITO | Criptomoedas |
Global X Funds - Global X NASDAQ 100 Covered Call ETF | QYLD | Nasdaq |
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