Zona do euro: inflação atinge recorde de 8,6% em junho; 43% de chance de haver recessão
Desaceleração da economia já é realidade na região
A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro atingiu nova máxima histórica de 8,6% em junho, ao acelerar de 8,1% em maio, segundo dados finais divulgados nesta terça-feira pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. O resultado de junho confirmou a leitura preliminar e veio em linha com a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.
O CPI recorde, que segue influenciado pelos efeitos da guerra na Ucrânia, pressiona o Banco Central Europeu (BCE) a seguir adiante com planos de elevar juros pela primeira vez em 11 anos. O BCE, cuja meta de inflação é de 2%, fará anúncio de política monetária na próxima quinta-feira (21).
Em relação a maio, o CPI da zona do euro avançou 0,8% em junho, em linha com o consenso do mercado.
Apenas o núcleo do CPI do bloco, que desconsidera os preços de energia e de alimentos, teve ganho anual de 3,7% em junho, confirmando a estimativa prévia. Já no confronto com maio, o núcleo do índice avançou 0,2% no último mês.
Região tem até 43% de chances de recessão, diz S&P
As chances de a zona do euro entrar em recessão nos próximos 12 meses são de 30% a 43%, segundo relatório da S&P Global Ratings. "Não há dúvida: a Europa está vivenciando uma forte desaceleração econômica", disse o economista-chefe da S&P para Europa, Oriente Médio e África, Sylvain Broyer.
"Os altos preços das commodities, gargalos duradouros do lado da oferta e uma reação desordenada dos mercados aos aumentos de juros mais rápidos anunciados por bancos centrais enfraqueceram a recuperação da pior fase da pandemia", acrescentou.
No relatório, publicado nesta terça-feira, a S&P pondera que a possibilidade de recessão na zona do euro ainda é incerta, embora a desaceleração já seja uma realidade.
Os cálculos da S&P foram baseados numa definição de recessão mais ampla do que o conceito de dois trimestres consecutivos de queda do Produto Interno Bruto (PIB). A medida utilizada no relatório considera que uma recessão envolve uma significativa queda na atividade disseminada pela economia que perdure mais do que alguns meses. /Agência Estado