Inflação elevada permanecerá na Europa por algum tempo, afirma Guindos, do BCE
Banqueiro admite aumento dos juros superior a 0,25 pp
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou nesta segunda-feira que a inflação elevada ainda permanecerá por algum tempo, caindo para um pouco acima da meta apenas ao final do horizonte de projeção.
Segundo o banqueiro, nos últimos meses, as pressões inflacionárias se ampliaram e se intensificaram em muitos bens e serviços. "Esperamos que a moderação dos custos de energia, o alívio das interrupções no fornecimento relacionadas à pandemia e a normalização da política monetária levem a inflação a retornar à meta de 2% no médio prazo. Porém, os riscos em torno da inflação estão altos", analisou, em discurso no Frankfurt Euro Finance Summit.
Guindos também destacou que as projeções preveem crescimento acima de 2% ao longo do horizonte de projeção. No entanto, a guerra e o risco de mais rupturas no fornecimento de energia à zona do euro continuam a ser um risco negativo significativo para o crescimento. "O cenário das nossas projeções de junho reflete este risco e implica uma contração da atividade em 2023, após um crescimento mais fraco, mas ainda positivo em 2022", prevê Letícia Simionato.
Tamanho do ajuste
Para o vice-presidente do BCE, o tamanho do aumento da taxa de juros em setembro dependerá da atualização das perspectivas de inflação de médio prazo. Dessa forma, segundo o banqueiro, se as perspectivas de inflação de médio prazo persistirem ou se deteriorarem, um incremento maior que 25 pontos-base será apropriado.
"Olhando mais adiante, indicamos que uma trajetória gradual, mas sustentada, de novos aumentos nas taxas de juros será apropriada, com base em nossa avaliação atual. O ritmo com que ajustaremos nossa política monetária dependerá dos dados recebidos e de como avaliarmos a evolução da inflação no médio prazo, em linha com nosso compromisso com nossa meta de 2%", destaco ele
Guindos também comentou que o BCE continuará a usar a flexibilidade necessária para combater quaisquer ameaças à transmissão da política monetária. "O nosso empenho no combate à fragmentação não deverá interferir, mas sim permitir um maior enfoque na orientação da política monetária", disse. "Evitar a fragmentação nos permite ajustar nossa política monetária no ritmo adequado e estabilizar a inflação em nossa meta", completou.