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Viés de Distinção

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:20/09/2019 às 02:00 - Atualizado 5 anos atrás
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O que é o Viés de Distinção?

É chamado de viés de distinção (ou distinction bias) a tendência humana de julgar um mesmo elemento de forma diferente, de modo que a avaliação individual não é a mesma de quando ele é colocado lado a lado com outro semelhante.

Essa definição te parece muito distante? Bom, vamos a um exemplo prático, na atividade que mais sofre com o viés de distinção: o consumo.

Para tanto, suponhamos que você esteja em busca de um novo imóvel. Antes de iniciar a sua busca, você define alguns pré-requisitos básicos:

  • A casa deve ter ao menos 80m²;
  • O número de dormitórios deve ser igual ou superior a 3, para servir bem à sua família (composta por você, seu parceiro e mais 2 filhos);
  • Um amplo quintal é essencial, por conta do espaço necessário para abrigar o seu cachorro.

Depois de ligar na imobiliária e agendar algumas visitas, no entanto, você começa a lidar com outros dilemas. Uma das casas tem 87m², enquanto a outra tem 120m² e ainda que a primeira já satisfaça as suas necessidades métricas, optar por ela em detrimento da segunda te dá uma sensação substancial de perda. Afinal, a outra tem tanto espaço! Perto dela, a primeira parece até sem graça.

E é aqui que temos um caso nítido de viés de distinção.

Se analisada isoladamente, a primeira casa já te deixaria imensamente feliz: ela cumpre a todos os requisitos, com 7m² adicionais! Mas quando colocada lado a lado com outra, os seus parâmetros são recalibrados, de modo que a falácia de “quanto mais, melhor” se instala. Parece familiar?

Como surge o Viés de Distinção?

O pontapé para o surgimento do viés de distinção é uma questão de sobrevivência muito útil para o ser humano.

Afinal, quando diante de uma ameixeira, escolher a mais suculenta e “carnuda” podia ser a diferença entre a saciedade e a fome, especialmente em períodos de escassez de alimentos.

Da mesma forma, cantis maiores diminuem o risco de se morrer de sede, em grandes caminhadas e/ou exploração de ambientes desconhecidos.

Logo, parece óbvio ao cérebro que a associação entre uma maior quantidade de um recurso e uma maior chance de sobrevivência. Desse modo, a regra “quanto mais, melhor” se instalou de modo quase incontestável.

E é justamente essa nossa propensão imediata por considerar maiores dimensões (no caso de produtos) e maiores funções (no caso de serviços) como mais vantajosas. Mas se pararmos para uma análise mais racional, podemos chegar à conclusão de que essa tendência, por vezes, nos leva a grandes equívocos.

Antes de jogarmos toda a culpa da nossa incoerência em cima do viés de distinção, no entanto, cabe verificarmos como ele tende a ser fortalecido por outros vieses, como no caso da lacuna de empatia (que dificulta a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do nosso eu futuro e antecipar as suas emoções).

Por conta da lacuna de empatia é que, ao imaginar o quão feliz seremos em uma casa maior, tendemos a subestimar o nosso nível de satisfação. Na verdade, passado o furor de ter 40m² extras, surge a realidade nua e crua: limpar e organizar tudo isso, ai, é tão mais difícil!

Como o Viés de Distinção interfere nas suas finanças?

Se a principal ação do viés de distinção é sobre o nosso comportamento consumista, é fácil imaginar como ele afeta as suas finanças, certo? De modo geral, podemos responsabilizá-lo por te fazer gastar mais em vantagens extras desnecessárias.

Além do desperdício de dinheiro, há também o desperdício de outros recursos, como é o caso do seu tempo. Como no exemplo da casa maior, que leva mais tempo para ser limpa, por vezes comprar mais significa ter que gastar minutos valiosos na guarda, organização e até revenda daquele bem.

Portanto, a principal dica para se evitar o viés de distinção (visto que se livrar permanentemente é impossível) é definir previamente as suas expectativas. O que um novo celular/televisão/carro deve ter para te satisfazer?

Em seguida, é necessário entender como benefícios extras impactam positiva e negativamente no seu cotidiano. Sabemos que você já tem todos os pontos favoráveis frescos na memória (oi, heurística da disponibilidade!), mas e os pontos desfavoráveis?

É provável que, apenas com esses dois passos, você já consiga ser trazido de volta para a realidade das suas necessidades. Afinal de contas, não estamos mais na selva e nossas ameixeiras contemporâneas já custam bem mais do que aqueles poucos centavos da seção de hortifruti.

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