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Viés de impacto

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:07/11/2019 às 08:49 - Atualizado 5 anos atrás
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O que é o viés de impacto?

O viés de impacto é um tipo de erro no processamento das informações pelo cérebro humano, que permite que superestimemos a duração e/ou a intensidade das sensações que experimentaremos no futuro.

Quem nunca imaginou como seria comprar o bem dos seus sonhos, mas, quando estava finalmente com ele em mãos, ficou feliz por no máximo uma semana e depois voltou ao seu estado comum de ansiedade, preocupação ou quiçá tédio? Não vale mentir.

Quem compra uma casa, por exemplo, passa meses sonhando com a alegria de morar em um espaço totalmente seu - a alegria de passar todos os dias pela porta, a alegria de preparar as suas refeições ali e, pasmem, até a alegria de lavar louça.

Quando comprou, sabemos que você pode até ter ficado bem feliz (com direito a dancinha da vitória e tudo mais), mas quantas vezes depois disso você repetiu o mesmo estado de plenitude? Poucas? Nós sabemos que quando você imaginou antes, não era assim que você via.

O contrário também acontece. Quem tem algum tipo de medo de ir ao dentista, por exemplo, tende a ruminar várias vezes quão ruim será a experiência e quão mal vai se sentir ali, ouvindo o barulho do motorzinho.

Na real, a consulta é bem mais rápida e indolor hoje do que era há tempos atrás (quando o medo surgiu), mas a imaginação da dor e do sofrimento na consulta futura permanecem.

Quem já leu o nosso artigo sobre lacuna de empatia está familiarizado com a incapacidade do nosso cérebro em se colocar no lugar do nosso eu do futuro.

A maior diferença entre esses dois vieses cognitivos, no entanto, está nas sensações. Na lacuna de empatia, por exemplo, acreditamos que estaremos super dispostos para ir na academia AMANHÃ, mesmo que HOJE (e em todos os dias anteriores, nós sabemos) a preguiça domine. Ou seja, a lacuna de empatia permite também uma confusão de emoções (como "hoje estou triste, mas amanhã estarei feliz"), que dificilmente se concretizam.

No caso do viés de impacto, por sua vez, a aposta quanto à emoção está correta ("quando comprar uma casa, ficarei muito feliz"), mas não a duração ou a intensidade. Ou seja, você acaba menos feliz, ou feliz por menos tempo, do que foi capaz de prever.

Mas como o viés de impacto interfere nas suas finanças?

Além de um excelente tópico para levar à terapia, para nos ajudar a equalizar expectativa e realidade, o viés de impacto é um elemento importantíssimo para quem deseja gerenciar melhor o próprio dinheiro.

Acredite: ele é capaz de influenciar tanto nos seus investimentos quanto nas suas decisões de compra.

Pense no cidadão que comprou a casa, mas se acabou menos feliz do que achou que ficaria.

A partir dos mecanismos publicitários, ele é levado a crer que o problema não é com ele, nem com as suas expectativas: para alcançar aquele estado de alegria perpétua com a qual ele sonhou, falta apenas comprar tal produto. Uma casa maior. Um carro mais veloz. Um celular top de linha.

Já notou como as propagandas enfatizam em quão bem você vai se sentir quando adquirir aquele bem em particular? Pior, já notou como raramente atingimos o mesmo nível de satisfação angelical que o(a) modelo do comercial?

O que nos faz esquecer dessa diferença e continuar consumindo impulsivamente é justamente o viés de impacto, tão conhecido dos vendedores.

Por outro lado, se a pessoa tem forte aversão à perda, por exemplo, ela tende a catastrofizar o momento em que perderá dinheiro em um investimento - como na desvalorização temporária de uma ação - mesmo que tenha ajuda profissional e uma boa estratégia de gerenciamento de riscos. Quanto maior o seu medo agora, pior será imaginar a experiência.

Na prática, se superar a "fobia", quando o evento se concretizar, ele notará que sentirá sim um desconforto (ninguém ri perdendo, mesmo que momentaneamente), mas nem de longe parecido com o desespero sufocante que ele acreditava que experimentaria.

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