Viés de Autoridade
O que é o Viés de Autoridade?
É chamado de viés de autoridade (ou authority bias) uma falha de lógica humana que faz com valorizemos sobretudo as opiniões, análises e conselhos de especialistas, ainda que contrariem as nossas próprias opiniões, análises e conclusões.
Parece lógico. Afinal de contas, se trata-se de um especialista, ele tem mais conhecimento e propriedade de causa do que você, não? Nem sempre. Isso porque esses peritos são seres humanos e, como diz a sabedoria popular, errar é humano.
A questão é que imaculados pela aura da sua autoridade, o nosso cérebro tem uma maior dificuldade em identificar esses erros e, quando o faz, de dar ouvidos à sua amplitude.
Para tanto, voltemos ao provérbio do segundo parágrafo: errar é humano. Em uma busca rápida, é possível encontrar referências apontando como sendo uma frase de autoria de famosos como Platão, Santo Agostinho e até Alexander Pope.
Por que isso acontece? Porque ao indicá-la como criação de grandes pensadores do comportamento humano, há uma probabilidade maior das pessoas darem maior importância à afirmação. Dessa forma, as nossas barreiras de desconfiança são mais facilmente desarmadas e estamos prontas para aceitar tal opinião.
Afinal, quem se sente apto a discutir com Platão? Claramente não qualquer um. Mas se fosse uma mera questão de filósofos mortos há milhares de anos, seria mais fácil.
Hoje, o viés de autoridade nos toca em todas as áreas da nossa vida, da saúde às finanças e relacionamentos amorosos, em especial pelo volume de informação que consumimos todos os dias.
Qual é a origem do Viés de Autoridade?
Antes de amaldiçoar os sites de frases famosas, saiba que a autoridade nos influencia desde a infância. Isso porque não existe figura de autoridade maior em nosso desenvolvimento do que os nossos pais (ou outros responsáveis que assumiram esse papel).
O que eles diziam era lei, você se lembra? Até porque nenhum pai que conhecemos senta com o filho quando ele diz que não quer comer os vegetais e apresenta planilhas e gráficos de estudos científicos das vantagens para a saúde que o consumo diário de alface traz. Eles dizem “come porque faz bem” e ponto. Ou "não corre que você vai cair" e ponto. Ou "segura na minha mão antes de atravessar a rua" e ponto.
Assim, vamos aprendendo que quem eles têm propriedade para nos ensinar a viver. Outros adultos também. Os "mais velhos", então, nem se fala.
Tanto que muitos, depois de crescidos, continuam a ter dificuldade em contrariá-los. Compram um imóvel porque a mãe disse que é o mais certo a fazer, “investem” na poupança porque o pai disse que é a melhor forma de guardar dinheiro…
Não há nada de errado em ouvir essas figuras de autoridade, nós concordamos. O viés se apresenta apenas quando seguimos as suas colocações apenas pela peso da sua soberania, mesmo que os números, os estudos e tudo mais provem que eles estão errados.
Como o Viés de Autoridade se aplica às suas finanças?
Outra frase com origens desconhecidas é “como você faz uma coisa é como você faz qualquer coisa”.
E a sabedoria contida nela, no caso do nosso viés, é que da mesma forma que você tende a valorizar as opiniões dos seus pais (mesmo que equivocadas), você o faz com outras “autoridades”.
No mercado financeiro, quando grandes gurus e/ou economistas renomados fazem apontamentos, é comum que poucos, na grande massa, se disponham a questioná-los. Seja pelo conhecimento que têm, seja pela reputação (ou os dois), os reles mortais se julgam incapazes de manter as suas análises, quando mesmos que bem embasadas os contrariam.
E daí nasce a principal questão das finanças quando atingida pelo viés de autoridade. Se esses mesmos gurus são humanos e hão de errar, é provável que usem o seu conhecimento para se recuperar.
Mas e quem apenas os seguiu, ignorando a sua estratégia particular? Serão capazes de se recuperar também ou apenas procurarão outros gurus para seguir?
Assim como recomendamos em artigos sobre outros vieses (como a ilusão de agrupamento), para diminuir a influência desse viés sobre a sua lógica é necessário diversificar as fontes de dados, testar as hipóteses com métodos de cálculo e análise amplamente comprovados e, se possível, discutir as descobertas com outras pessoas. O importante é focar no argumento mais do que no interlocutor.
Da mesma forma que fazemos com os médicos, procurando uma segunda opinião.