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Viés da Atribuição de Traço Pessoal

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:27/11/2019 às 10:18 - Atualizado 4 anos atrás
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O que é o Viés da Atribuição de Traço Pessoal?

Viés da Atribuição de Traço Pessoal (ou Trait Ascription Bias, conforme o termo original em Inglês) é o nome dado a um tipo específico de viés cognitivo. A sua principal característica é narrar a tendência mental que nós temos, como seres humanos, de nos considerarmos menos previsíveis do que as pessoas ao nosso redor.

Se você já leu o nosso artigo completo sobre viés do ponto cego já sabe que temos outra tendência: nos considerarmos mais imunes à ação dos vieses cognitivos do que os demais. Sem falar no efeito da terceira pessoa, que nos fazer "jurar de pé junto" que os outros é que são influenciados pela mídia; nós não. Ou ainda, no efeito wobegon, que sussurra em nossos ouvidos que somos mais competentes, inteligentes ou engraçados do que seja lá com quem estivermos nos comparando.

O que esses três exemplos mostram é que somos ávidos a, mesmo que inconscientemente, agir para proteger a nossa autoimagem e autoestima.

Se isso parece uma piada para você, que se considera por si só uma pessoa para lá de autocrítica e insegura, saiba que o cérebro continua a fazer esforços inimagináveis para que você se estime ao menos um tantinho.

Muitos sobreviventes de tentativas de suicídio narram, justamente, que tomaram sua decisão no momento em que se convenceram de que não tinham mais qualquer motivo para continuar vivos, que não tinham qualquer importância enquanto vivos. O seu cérebro sabe disso, sabe que manter alguma estima sobre si mesmo é essencial para que você continue motivado a viver, e ele tem os vieses como ferramentas para tanto.

Como o Viés da Atribuição de Traço Pessoal funciona?

Bem é verdade que os vieses nascem como erros de lógica: enquanto o processamento das informações do mundo exterior é feito, uma conclusão equivocada é tirada. Ainda que errada, ela tem forte aparência lógica ("isso faz todo sentido!") e por isso é tida como verdadeira pela sua mente.

O Viés da Atribuição de Traço Pessoal não é diferente.

Com os outros, lidamos apenas com o que conseguimos ver, não enxergamos suas motivações intrínsecas, nem questionamos cada uma das suas decisões e ouvimos sua defesa. Conosco, por sua vez, temos acesso a todo esse acervo.

Assim, quando julgamos as pessoas, consideramos apenas os seus comportamentos. Quando nos julgamos, levamos em conta os sentimentos, as intenções, as dúvidas, as experiências passadas... O comportamento parece estar soterrado, logo abaixo desse "peso" todo.

Temos que admitir: realmente os sentimentos, as intenções, as dúvidas e as experiências passadas são baseadas em subjetividade e imprevisibilidade. Sob esse ponto de vista, somos mesmo imprevisíveis. Mas o comportamento geralmente se baseia em hábitos, reações-padrões já estabelecidos. Como as pessoas não podem ver o nosso "entulho emocional", a previsibilidade das ações se torna mais clara. É por isso que consideramos os demais mais previsíveis do que nós.

Como o Viés da Atribuição de Traço Pessoal afeta as suas finanças?

Grandes negociadores sabem que parte essencial da negociação é ser capaz de se colocar no lugar do outro e entender, inclusive, como ele te enxerga.

Agora pense em como essa capacidade é afetada quando somos tomados pelo Viés da Atribuição do Traço Pessoal.

Quando falhamos nos dois lados (ler o outro e ler a nós mesmos) corremos grande risco de sermos manipulados ou estragarmos, sozinhos, uma oportunidade para lá de promissora.

Assim, subestimamos o outro e nos superestimamos, acreditando que estamos apenas lendo correta e racionalmente a realidade. Imagine quantos negócios e parcerias danosas são firmados todos os dias simplesmente porque um dos participantes (ou os dois) foi cegado por esse viés. Quantos prejuízos se oriundam nesse desequilíbrio?

Infelizmente, nem um existe uma pílula mágica contra o Viés da Atribuição de Traço Pessoal. O máximo que podemos fazer para suavizá-lo é identificar quando estamos tomando decisões com base em sua influência e então questionar as escolhas que fazemos, inclusive consultando a dados e terceiros.

O seu cérebro é bem esperto, não duvide, mas às vezes ele precisa de um empurrãozinho na (imprevisível) direção certa.

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