Teoria da racionalidade limitada
O que é a teoria da racionalidade limitada?
A teoria da racionalidade limitada, também conhecida como modelo Carnegie ou Bounded Rationality, diz que o processo cognitivo humano é limitado e, por isso, é incapaz de tomar decisões perfeitas, ótimas.
A abordagem foi criada na década de 50, por Herbert Alexander Simon. Ele foi um economista norte-americano, considerado pai da Economia Comportamental, que trabalhava na Universidade Carnegie Mellon. O modelo foi uma das derivações da sua “Teoria das Decisões”, que lhe rendeu o Nobel da Economia de 1978.
Simon foi um dos primeiros especialistas a “pensar fora da caixa”, já que, enquanto a maioria se debruçava sobre a lei da oferta e da demanda, ele expandia o conhecimento para a complexidade da realidade, da psicologia e das ciências comportamentais.
Qual a relação entre a teoria da racionalidade limitada e a economia?
Na época de Simon, o que prevalecia era o modelo decisório racional, uma espécie de “racionalidade absoluta”.
Acreditava-se que as escolhas eram plenamente racionais — o que se alinhava também à teoria do Homo Economicus, isto é, de que as ações humanas eram orientadas pelos próprios interesses pessoais.
Por exemplo: você vai fazer seu aporte mensal e seu ativo favorito são os Fundos de Investimentos. Baseado, conscientemente, nos seus interesses, mais uma vez, você compra um FII. É uma decisão ótima.
Mas, no modelo de Simon, cada um de nós exerce o papel de “Homem Administrativo”. É aquele que, mesmo sabendo que tem uma preferência por FII, decide fazer um aporte no Tesouro para ajudar na diversificação. Logo, é uma decisão satisfatória, não ótima.
O economista entendia que a ponte entre a racionalidade e o comportamento era o conceito de escolhas ou decisões. Isso porque toda escolha é a seleção, consciente ou inconsciente, de uma, entre diversas opções comportamentais.
Afinal, uma decisão ótima implica em acesso a todas as informações possíveis, imparcialidade, alta eficiência etc. Características que não existem na vida real.
Geralmente, as empresas, bem como os investidores, estão sujeitas a pressões e a jogos de poder.
Segundo a teoria da racionalidade limitada, quais as fases do processo decisório?
Você provavelmente já entendeu que as escolhas não são tão perfeitinhas assim.
Enquanto a racionalidade absoluta diz que o tomador da decisão determina critérios, pesa todas as opções e escolhe a “opção ótima”, a teoria da racionalidade limitada considera uma série de outros fatores, além de tirar toda a responsabilidade do tomador.
Logo, tanto as influências externas, como a falta de acesso a todas as informações, como as internas — que são as limitações cognitivas — tornam o processo decisório bem diferente do que a economia clássica propunha. Veja, em detalhes, suas etapas.
Prospecção
É a análise do problema ou situação que exige uma solução.
Concepção
Fase em que se cria possíveis soluções para o problema identificado.
Decisão
É o julgamento e escolha da proposta a ser realizada para resolver o problema.
Com o passador anos, outros pesquisadores foram amadurecendo as ideias de Herbert e hoje as decisões são tomadas desta forma:
- formulação do problema;
- estruturação do problema, visualização de uma relação entre as suas partes e criação de um modelo;
- montagem técnica do problema;
- testagem e simulação do modelo com suas possíveis soluções;
- definição de controles sobre a situação;
- implementação da solução.
O processo, dessa forma, é visto de uma maneira mais detalhada e sistematizada, não é mesmo?
Além disso, existem diferentes estilos de tomadas de decisão.
Um administrador pode ser AP, isto é, avesso a problemas. Na sua tomada de decisão, ele tentará evitar mudanças e preservar o status quo.
Já o SP, é o solucionador de problemas. É o estilo de decisão mais frequente, pois as pessoas buscam identificar problemas e solucioná-los.
Por último, em um nível ainda mais profundo da teoria da racionalidade limitada, temos o PP — previsor de problemas. É aquele que se antecipa e tenta lidar com os desafios antes que eles se tornem dificuldades reais.