Teoria da Preferência pela Liquidez
O que é teoria da preferência pela liquidez?
A Teoria da Preferência pela Liquidez (TPL), proposta pelo famoso economista John Keynes, diz que ativos menos líquidos são compensados pelas taxas de juros.
Ele exemplificou sua teoria com a moeda, que é o ativo mais líquido que existe. Com ela, você compra qualquer coisa em qualquer lugar.
Mas, se você apenas guardá-la, é possível que o objeto passe a valer cada vez menos. O contrário acontece com os títulos. Se você compra um título com vencimento em 10 anos, ele dará um retorno bem superior a um título com prazo de 5 anos — por causa dos juros.
Como surgiu a teoria da preferência pela liquidez?
Mesmo no século XIX, período em que John viveu, ele identificava as “pessoas imediatistas”.
Eram pessoas que preferiam, deliberadamente, ter moedas, ou seja, alta liquidez no patrimônio. Com isso, elas podiam fazer compras na hora que quisessem, de forma imediata, ou, ainda, especular à vontade.
Por outro lado, parte dessas pessoas que inspiraram a teoria da preferência pela liquidez, apenas buscavam precaução e segurança. Você pode se imaginar vivendo naquela época e sofrendo um acidente de trabalho? O que aconteceria? Sem plano de saúde, sem garantias trabalhistas...
Persistimos com essa precaução quando montamos nossa reserva de emergência, inclusive, cuja principal característica é a alta liquidez.
Além disso, saindo dos extremos da própria moeda, muitos títulos de curto prazo são ótimas opções devido ao baixo risco. Por isso, é completamente normal esperar que os investimentos ‘menos líquidos’ garantam mais retorno.
Teoria da preferência pela liquidez vs. desemprego
O lado delicado dos títulos de baixa liquidez e, portanto, de altos juros é o seu impacto no emprego.
Em outras palavras: se muitas pessoas comprarem títulos de baixa liquidez, as taxas de juros da economia vão aumentar como um todo.
Mas quando os juros estão altos, o consumo pode cair, junto com a taxa de emprego e outros investimentos. O gasto da sociedade é o que determina os níveis de emprego e de produtividade.
Qual a relação entre a teoria da preferência pela liquidez e o intervencionismo?
A teoria corrobora com a própria obra de Keynes, que defendia a intervenção do Estado na economia.
Imagine que, na ausência do manejo dos juros, todos sempre comprassem títulos de curto prazo. Haveria um grande desequilíbrio na oferta e demanda por moeda.
Daí a importância da influência do governo na economia, refinando os juros de acordo com a demanda pelos papéis.
Um exemplo mais prático foi o que aconteceu na Crise de 2008, que só se resolveu, mais uma vez, devido às ações incisivas governamentais.
Como se beneficiar da teoria da preferência pela liquidez?
Primeiro de tudo, é importante conhecer o seu perfil de investidor. Você deve ser arrojado, em algum grau, para investir sem tanta liquidez. Como vimos, é o risco que se paga para ter um capital agraciado pelos juros.
Comparando com a moeda, que é um ativo altamente líquido, imóveis são os maiores exemplos de ativos de baixa liquidez.
Mas, para se beneficiar da teoria de Keynes sem extremismos, dê preferência por títulos com prazo de resgate D+180 e ações de baixa liquidez, basicamente.
O Tesouro IPCA, por exemplo, tem vencimento em 2035, 2055 etc. Outra alternativa também é comprar Fundos Multimercados, Fundos DI e Letras de Crédito.
Por último, como opção mais arriscada para fazer jus à teoria da preferência pela liquidez, analise as possibilidades no mercado acionário. Mas saiba que se trata de renda variável, então é um risco ainda maior.