Proposta Larida

O que é Proposta Larida

Proposta Larida, nome recebido em homenagem aos idealizadores André Lara Resende e Pérsio Arida, também conhecida como teoria da moeda indexada, foi uma proposta para acabar com a inércia inflacionária.

Ela foi apresentada durante o período do Plano Cruzado, mas considerada muito complexa e engavetada. Depois, foi adotada no Plano Real, colaborando para o fim da hiperinflação vivida no Brasil no começo da década de 1990.

Origem da Proposta Larida

As origens da proposta Larida remontam ao segundo mandato do então-presidente José Sarney, especificamente, ao ano de 1986. Havia, na época, um debate muito forte entre economistas de várias correntes no Brasil; esse debate girava em torno da inflação e buscava decifrar suas causas e as medidas mais corretas para estabilizar os níveis de preços.

Quatro grupos se destacavam.

O primeiro era de economistas ortodoxos, defendendo que a inflação era causada pela expansão excessiva da oferta monetária, provocada pelo governo a fim de financiar gastos. Portanto, a solução era simplesmente cortar os gastos do governo.

O segundo grupo era de economistas vinculados à Unicamp. Sua visão era de que a inflação era causada por uma busca de certos setores por defender sua parcela da renda nacional. Portanto, a solução passava por um pacto social.

O terceiro grupo era de economistas vinculados à PUC-Rio. Esses alegavam que ajustes fiscais não afetariam a inflação, e que o caminho era congelar os preços.

Também filiados à PUC-Rio, o quarto grupo era justamente formado por Pérsio Arida e André Lara Resende. Seus estudos apresentavam algo em comum: ambos se opunham ao congelamento de preços e, juntos, traçaram o plano conhecido como Proposta Larida.

A base da Larida era que o controle da inflação dependia de duas medidas básicas: adotar um indexador econômico e implementar uma política cambial para sustentar o valor da moeda nacional frente ao dólar.

Essa proposta foi apresentada ao governo de José Sarney, que optou por seguir com o Plano Cruzado. Porém, os resultados foram apenas temporários. Logo a inflação voltou a crescer, e ela continuou sendo um problema nos governos seguintes, de Fernando Collor e Itamar Franco.

Foi no governo de FHC, quando o Plano Real foi implementado, que a Proposta Larida foi recuperada e usada como referência. Também foi então que a hiperinflação finalmente foi colocada sob controle.

Entendendo melhor a Proposta Larida

A Proposta Larida é, em termos simples, uma proposta de moeda indexada.

Seus criadores demonstraram que, para interromper o aumento da inflação, seria preciso alinhar os preços relativos. Para isso, todos os preços teriam que ser reajustados ao mesmo tempo, rompendo a inércia.

Partindo dessa premissa, a Proposta Larida era de introduzir uma moeda indexada diariamente. Assim, todos os preços na economia teriam que ser ser cotados diariamente nessa moeda, e todos com base no mesmo indexador.

Vale a pena lembrar que essa proposta foi elaborada na época do governo Itamar Franco, quando a moeda era o Cruzeiro. Portanto, seus idealizadores sugeriram criar o Novo Cruzeiro e indexá-lo ao Cruzeiro, com uma taxa de conversão oficial atualizada dia a dia entre as duas moedas.

A nova moeda deveria estar indexada à inflação (segundo a variação do IGP) na moeda antiga, enquanto manteria uma cotação estável em relação à ORTN e ao dólar.

Além disso, a proposta previa que o governo oferecesse incentivos para o uso da nova moeda, para assegurar a transição voluntária para o Novo Cruzeiro, possibilitando, assim, eliminar toda a inflação inercial.

De acordo com André Lara Resende, a proposta era ousada, mas simples e sem riscos. Supondo que ela não funcionasse, isto é, que o Novo Cruzeiro não conseguisse a confiança da população, o patamar da inflação continuaria o mesmo.

No entanto, a proposta recebeu críticas e foi considerada complexa. Uma dessas críticas era justamente contra a afirmação de que a situação não poderia piorar se a Larida não desse certo.

Na verdade, outros especialistas apontaram que, ainda que o patamar de inflação continuasse igual, a situação da economia poderia ficar pior após a adoção da moeda indexada, devido a uma maior vulnerabilidade a choques inflacionários.