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Ilusão de Validade

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:08/11/2019 às 11:23 - Atualizado 4 anos atrás
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O que é a ilusão de validade?

Ilusão de validade é o nome dado ao viés cognitivo segundo o qual nós, seres humanos, superestimamos quão corretas são as nossas crenças e avaliações de mundo, mesmo que racionalmente elas não sejam melhores do que simples palpites.

A verdade, de que nossos cérebros são incapazes de prever qualquer coisa com exatidão, parece não nos acanhar quando se trata de confiar nos julgamentos que eles nos apresentam.

Quer um exemplo? Uma das formas de ilusão de validade mais comuns está presente na própria Bolsa de Valores - mais precisamente, na relação entre os vendedores e os compradores das ações.

Enquanto o primeiro grupo acredita que os preços estão altos no momento e apostam que eles logo devem cair (se configurando em um momento oportuno para vender), o segundo grupo acredita justamente no contrário: que os preços devem se valorizar ainda mais (portanto, há uma oportunidade para comprar).

O que garante que quem vende está mais correto do que quem compra? De forma concreta, nada. Existem indícios gráficos, padrões históricos, análises abrangentes… Mas nenhuma bola de cristal!

Se um vendedor ou um comprador analisa, contudo, a confiança na sua estratégia, é praticamente impossível que ele a reduza a um mero palpite. Isso porque palpites evidenciam a incerteza e a incerteza praticamente nos corrói por dentro - é difícil assumir que a gente sabe pouquíssimo sobre o que vai acontecer, principalmente quando o nosso dinheiro está em jogo.

O que fazemos então? Reunimos o máximo de evidências que, com uma aparência racional, nos deixam mais confortáveis com nossas escolhas, fazendo com que pareçam mais dotadas de precisão e certeza do que realmente são.

Assim, nos deparamos com outro ponto da ilusão de validade: a quantidade e qualidade das evidências nem sempre são os principais elementos para confiarmos em nossas crenças. Na verdade, o que realmente importa é quão boa é a história que elas nos contam - isto é, quão coerente ela parece ser.

Como a ilusão de validade afeta as suas finanças?

Quem cunhou o conceito de "ilusão de validade" foi Daniel Kahneman - aquele mesmo, que juntamente com Amos Tversky, percebeu uma séries de outros vieses e fundamentou o estudo das finanças comportamentais como conhecemos hoje.

E só por isso já dá para esperar uma infinidade de implicações da ilusão de validade no controle do seu dinheiro, concorda?

Exemplos práticos dessa aplicação é o ato de escolher investir em uma ação x, em detrimento de ação y. Nesse contexto, parte dos investidores se convence de que está tomando uma decisão baseada em informações coerentes e sensatas (ou como já falamos, que contam uma boa história para o seu cérebro).

Quanto mais apresentados à incerteza atrelada às suas "apostas" (de valorização ou desvalorização), mais em negação eles entram. Afinal, isso traz o poder de sua habilidade ou talento nos investimentos para um âmbito mais realista e menos superestimado.

Isso significa que você deve investir na base do "uni duni tê"? Nada disso! Antes de entrar em desespero, saiba que o que a ilusão de validade nos mostra é que, com pouquíssima informação, o nosso cérebro já é capaz de construir um argumento que nos leve a crer (de todo o nosso coração) que estamos tomando a melhor decisão possível.

Para driblar esse efeito, o antídoto reside em agregar novas evidências à sua avaliação. Desde métodos qualitativos a quantitativos, o foco deve estar em propor múltiplas soluções, esteja o seu problema focado em investimentos ou consumo.

Mais importante do que propor, aliás, é colocar a solução à prova - com pesquisas e fórmulas comprovadas, por exemplo - para garantir que mais do que ganhar a sua confiança, ela também sobrevive ao mundo exterior.

Isso não é suficiente para tornar todas as ideias 100% confiáveis, mas tira da sua mente, tão perfeitamente imprecisa, o peso de tudo validar.

Sobre o autor
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