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Efeito da Vítima Identificável

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:22/11/2019 às 05:21 - Atualizado 4 anos atrás
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O que é o Efeito da Vítima Identificável?

Efeito da Vítima Identificável (ou Identifiable Victim Effect, em Inglês) é o nome dado a um tipo de viés cognitivo, segundo o qual tendemos a responder mais fortemente ao risco que atinge uma única pessoa do que a um grande grupo de pessoas em risco.

Parece uma definição generalista e distante demais para você? Pois saiba que todos nós somos afetados por esse efeito, de formas muito mais práticas e pessoais do que você imagina - e é essa influência (além das suas consequências para cada área da nossa vida) que exploraremos no decorrer deste artigo.

Antes, que tal discutir um dos campos com maior incidência do Efeito da Vítima Identificável? Estamos falando das políticas públicas. Como um conjunto de programas e ações desenvolvidas pelos governos, elas acabam por influenciar, positiva ou negativamente, a vida de todos os cidadãos.

Se não agem de forma consciente, os sujeitos responsáveis por formulá-las (ou ao menos, pressionar os responsáveis para tanto) utilizam esse viés tanto individualmente quanto coletivamente. Isto é, no primeiro caso, eles são "contaminados" por essa falha lógica; no segundo, o aplicam para sensibilizar e "manipular" os demais.

Quer um exemplo? Não raro as leis e os programas são encabeçados por um fator pessoal. Aqui mesmo no Brasil, a Lei 11.340/06, que trata das medidas do Estado para a prevenção e punição nos casos de violência doméstica contra a mulher, foi popularmente denominada Lei Maria da Penha.

Isso porque o caso de Maria da Penha Maia Fernandes foi especial ou único? Não. Porque quando temos uma vítima identificável, uma pessoa particular com quem nos solidarizar, nossa capacidade de empatia é ampliada.

O mesmo não aconteceria, com igual impacto, se tivéssemos apenas que falar do grupo, das "mulheres que sofrem de violência doméstica", pois com esse distanciamento processamos o problema na teoria, mas a sensibilização é dificultada e, consequentemente, o engajamento.

Mas por que isso é um problema, afinal? Pela lógica, essa separação que o nosso cérebro realiza, de forma tendenciosa e praticamente inconsciente, limita o nosso entendimento da realidade.

Sabe como, diante de tragédias específicas (como um deslizamento de terra que culmina na morte de uma família, por exemplo), os programas de televisão e nas páginas do jornal são tomados por discussões acerca das condições irregulares de moradia no país?

Daí, temos duas opções: ou nos sensibilizamos logo com essa tragédia com vítima identificável (e agimos!) ou permitimos que outra, ligada a outro problema, tome a nossa atenção.

É coerente esquecermos um problema, e todo o grupo de vítimas passadas e futuras, apenas porque aquela vítima identificável caiu no esquecimento?

Existe, inclusive, uma reconhecida citação de Joseph Stalin que diz: "uma única morte é uma tragédia; um milhão de mortes é uma estatística", resumindo perfeitamente este viés e a sua disfunção.

Como o Efeito da Vítima Identificável afeta a sua vida financeira?

A priori, parece não haver qualquer relação entre o efeito da vítima identificável e as suas finanças, certo?

Bom, se não há uma ligação direta com esse ou aquele título, ela impacta o seu julgamento e, como resultado, a sua forma de investir.

É o típico caso da pessoa que considera perdas no mercado financeiro normais, quando se trata do mercado como um todo, mas é tomada pelo medo e desespero quando um conhecido toma um baita prejuízo na Bolsa de Valores, por exemplo.

Ora, o risco de perder dinheiro surgiu apenas depois desse acontecimento com o seu conhecido? Não.

Contudo, como há agora uma vítima individual e reconhecida, a ameaça parece mais palpável para o cérebro, mais impactante. Como se o mundo "esfregasse o nosso focinho" na realidade pura.

Assim, é possível tomar decisões irracionais, como se desfazer de investimentos sólidos por excesso de "segurança".

Se a empatia com quem sofre é inerente ao fator humano, isso não quer dizer que podemos tomá-lo como retrato fiel da realidade e sermos guiados pelas nossas emoções, somente.

O contrário também é válido: não é porque você está preso na sua bolha que as questões sociais, políticas e financeiras não estão afetando seriamente outras pessoas.

Quanto mais cedo aprender (e aplicar!) esse importante antídoto ao efeito da vítima identificável, mais intacto o seu "focinho" tende a ficar.

E acredite: você vai precisar muito dele para farejar boas oportunidades!

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