Curva J
O que é Curva J?
A curva J é um princípio aplicado na economia, onde o déficit econômico sofrido por um país após a desvalorização de sua moeda será, inicialmente, piorar progressivamente antes de melhorar.
Isso ocorre porque os preços para a importação de bens é mais alto, ainda que o volume de importações seja reduzido.
Segundo a teoria da curva J, o primeiro impacto econômico após a depreciação monetária ocorre em nível microeconômico.
O que ocorre a partir de então é o aumento das exportações, por consequência dos preços baixos produzidos pelo barateamento da moeda, e a diminuição das importações, em virtude do aumento da taxa de câmbio, aumentando o consumo interno.
Assim, o déficit gerado inicialmente pela desvalorização da moeda torna-se um superávit e o gráfico do balanço comercial produz uma curva em J, na qual vemos uma queda inicial seguida de um crescimento brusco.
Isso ocorre porque, embora os preços dos produtos esteja baixos - dada a desvalorização monetária - o volume de exportações supera o de importações.
Desse modo, observamos que o volume de exportações, somada ao aumento do consumo de produtos internos em detrimento dos externos, impulsiona seu crescimento.
Vale ressaltar, ainda, que esse movimento inicial de queda e posterior recuperação é, muitas vezes, resultado de políticas e acordos econômicos realizados por governos nacional e internacionalmente.
Do mesmo modo, quando uma economia está em um momento superavitário e tem sua moeda depreciada, gerando déficit, vemos uma curva J se formar no gráfico da balança comercial. A diferença nesse caso é que o "j" será invertido, apontando para a queda brusca.
Quais são as vantagens da Curva J?
Analisar a balança comercial de um país a partir da curva J pode trazer algumas vantagens e permitir tomar decisões e conclusões relevantes.
Como a teoria da curva J pressupõe que uma economia vai piorar muito antes de melhorar, ela permite que certas ações sejam tomadas para recuperar o déficit ou até mesmo impede que outras sejam tomadas, dado que já se sabe previamente que a piora é esperada.
Outra vantagem é mostrar de forma visual e gráfica a resposta da economia ao longo do tempo, que é o aumento das exportações e diminuição das importações.
Além disso, a aplicação da curva J não é restrita à compreensão das balanças comerciais nem somente à economia. Vejamos mais algumas aplicações:
Onde podemos aplicar a Curva J?
Uma das possíveis aplicações da curva J é em private equity, pois demonstra como nos primeiros anos os fundos de private equity têm resultados negativos e, mais tarde, alcançam equilíbrio.
A lógica por trás dessa ideia aplicada a esses fundos é muito parecida com a aplicação em balanças comerciais.
Inicialmente, os private equity tem perdas resultantes de custos de investimentos e pagamento de taxas administrativas que consomem os recursos. Contudo, ao longo do tempo esses fundos passam a ter resultados positivos e podemos representar esse processo com uma curva J.
É importante ressaltar, no entanto, que no caso dos private equity a curva é apenas uma representação visual de como pode ser a trajetória do fundo. Os lucros obtidos por esses fundos têm um caminho diferente do que o daqueles que os compõem.
Como dissemos, a curva J não é uma teoria restrita à economia. Um outro caso de aplicação dela é feita na área de ciência política.
O sociólogo estadunidense James Chowning Davis foi responsável por usar a curva J para compreender o que nos leva a momentos de revolução política!
Segundo Davis, esse tipo de evento é uma resposta subjetiva à chamada privação relativa - que ocorre quando há reversão num cenário de crescimento econômico.