Controle Pulverizado
O que é controle pulverizado?
O Controle Pulverizado é um dos modelos de configuração acionária, ou seja, um dos métodos de controle sobre as ações de uma empresa.
Nesse molde, as ações são disponibilizadas para venda no mercado, tendo diversos acionistas (e não um domínio centralizado, como no modelo definido), por vezes organizadas em torno do capital aberto e contando com investidores de dentro e de fora do país.
Este é um conceito bastante “recente” no Brasil. Aqui, esse modelo foi implantado pela primeira vez em 2005 pela empresa varejista Renner, quando a controladora J.C. Penney anunciou a venda de suas ações no mercado. Seis anos depois, em 2011, aproximadamente 50 empresas em todo o país eram adeptas a esse molde, dentre elas:
- BR Malls: considerada a maior empresa de shoppings centers no Brasil;
- Embraer: uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo;
- Hering: uma das grandes empresas varejistas.
- Valid: empresa fornecedora de produtos e serviços de sistemas de identificação, telecomunicação e meios de pagamento.
Essa questão mostra o quanto o mundo vem mudando e, com isso, trazendo inovações nas formas como nos comunicamos, relacionamos, vestimos e, até mesmo, como investimos e empreendemos.
Seguindo os moldes considerados “mais tradicionais” do controle das organizações, as ações permaneceriam na configuração de controle definido.
Porém, atualmente o que se vê é uma tendência na qual o controle pulverizado vem ganhando força.
Mas nem tudo é “mil maravilhas”, não é mesmo? E assim como o controle definido é rechaçado por alguns investidores, que se sentem diminuídos diante do controlador da companhia, o controle pulverizado também apresenta os seus desafios.
O principal deles é congruir as visões desse bloco de acionistas para o negócio, que por vezes é bem divergente. Sem falar na prevenção da tomada de controle por parte de um deles em uma aquisição hostil, por exemplo.
Como funciona o controle pulverizado?
Com a divisão de ações entre um número maior de acionistas, o controle sobre a empresa é determinado, também, pela porcentagem que cada um possui. Há empresas em que grande parte dos investidores possuem uma porcentagem igual, mas também existem casos onde esses números se divergem.
Sendo assim, o controle e influência do acionista na tomada de decisões da empresa se tornam equivalentes à porcentagem de ações que possui sob seu domínio.
O que diferencia os acionistas com maior número de cotas dos acionistas majoritários é que eles não possuem ações suficientes para decidir sozinhos. Ou seja, dependem da concordância dos demais para impor suas intenções.
E é aqui que percebemos o principal desafio de um controle pulverizado.
Você, como investidor, não pode simplesmente definir que plano A é mais vantajoso para a empresa do que o plano B e colocá-lo em prática. É necessário que você convença os outros acionistas, para que cheguem a essa mesma conclusão e, então, possam encontrar um consenso para execução.
É claro que quem possui mais ações, ainda que não de forma majoritária, acaba por manter maior peso e influência.
Mas é para garantir que esse peso não se converta em um domínio danoso à companhia que um Conselho de Administração independente deve ser estruturado, assim como Diretorias, de modo que administradores e acionistas prezem obrigatoriamente pela sustentabilidade do negócio.
Quais são as diferenças entre controle pulverizado e controle definido?
As principais diferenças encontradas entre esses modelos de controle estão ligadas à quantidade de acionistas que possuem e, também, sobre a estabilidade que transparecem ao mercado.
As empresas que atuam sob o controle definido, possuem seu capital concentrado na mão de um “líder majoritário” ou um pequeno grupo de controladores. Dessa forma, a uniformidade de estratégia (visto que a discordância entre os acionistas tende a ser menor) é mais facilmente alcançada.
Já as empresas de controle pulverizado, como vimos, funcionam de modo a convergir as visões de vários acionistas, que podem precisar de um volume maior de discussões para chegar a um consenso.