Bottom-up
O que é Bottom-up?
Bottom-up é um modelo para a análise fundamentalista de ações. O termo, que significa literalmente "de baixo para cima", designa uma estratégia que parte do nível micro para o nível macro. Ela foca primeiro nos aspectos financeiros específicos da empresa e, depois, analisa o estado da economia em que essa empresa está inserida.
Como funciona a análise Bottom-up?
Quando um investidor quer escolher onde colocar seu dinheiro, ele precisa realizar análises. Para quem adota estratégias de investimento de longo prazo, a análise fundamentalista é a mais indicada.
A análise fundamentalista considera as informações financeiras da empresa para avaliar sua saúde e suas perspectivas. Além das informações da empresa, também considera a economia, já que a empresa está inserida na economia e seu desempenho está vinculado a ela.
Em outras palavras, a análise fundamentalista considera o cenário micro e o cenário macro.
No entanto, o que nem sempre fica claro é que existem formas diferentes de trabalhar com esses dois cenários: uma parte do macro e vai para o micro, e outra parte do micro e vai para o macro. Essa segunda forma de trabalhar é a que chamamos de bottom-up.
É importante notar que a questão não é apenas a ordem, mas também a ênfase da análise.
Embora a bottom-up leve em consideração o cenário macro, a sua ênfase é no micro. De fato, quem aplica esse modelo atinge um entendimento bastante aprofundado de empresas específicas e usa a visão da economia para complementar esse entendimento.
Exemplo de análise Bottom-up
Para entender melhor, vejamos um exemplo.
Suponha que Pedro é um investidor, e quer decidir se vale a pena investir na indústria têxtil ABC Tecidos. Ele vai usar o modelo bottom-up.
Então, Pedro começa avaliando as finanças da ABC Tecidos: seus balanços, DREs, informações sobre fluxo de caixa. Faz o levantamento de métricas como P/L, P/VPA e EV/EBITDA.
Além das finanças, na medida em que for possível obter os dados, Pedro também pode olhar para questões operacionais e gerenciais.
Por exemplo, em alguns casos, é possível contar com a ajuda da internet para descobrir sobre mudanças importantes na diretoria da empresa, ou sobre projetos de expansão, compra de novos equipamentos, lançamento de novos produtos.
Depois, Pedro passa a olhar para a economia do Brasil, principalmente para índices e tendências relativos ao setor têxtil. Ele utiliza pesquisas, levantamentos, estudos, notícias. Com as informações coletadas, avalia as tendências do consumo, a concorrência, as políticas públicas que afetam a atividade industrial.
Depois de cumprir esse caminho, Pedro terá uma visão mais clara para decidir se vale a pena comprar ações da ABC Tecidos ou não. Nessa decisão, ele não leva em consideração apenas o desempenho de curto prazo da empresa, mas principalmente projeções para o seu desempenho futuro.
Quais são os benefícios da análise Bottom-up?
O grande benefício da análise de modelo bottom-up é que ela tende a ser mais assertiva, pois parte do específico, o micro, e segue para o amplo, o macro.
Você já começa analisando uma empresa, e seu objetivo é determinar se vale a pena comprar os papéis dela ou não. Para a maioria dos investidores, esse é um caminho eficiente, direto e satisfatório.
É importante ter em mente que, no modelo top-down, que parte do amplo, quem faz a análise precisa ter forte capacidade de lidar com a complexidade.
Afinal, você começa olhando para a economia, que tem múltiplas facetas, e precisa extrair delas um significado, um direcionamento para determinar quais setores e quais empresas merecem sua atenção.
Em geral, é preciso ter conhecimentos mais aprofundados sobre economia para conseguir conduzir com sucesso esse tipo de análise.
No entanto, apesar do benefício da assertividade, a escolha é de cada investidor. Utilizar, ou não, o modelo bottom-up é, na realidade, uma questão de preferência pessoal.