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Armadilha de Liquidez

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:19/05/2020 às 20:46 -
Atualizado 4 anos atrás
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O que é Armadilha de Liquidez?

Armadilha de Liquidez é um conceito atribuído a John Keynes, que pode explicar um fenômeno de natureza monetária-financeira observado quando a taxa de juros está muito baixa. 

Segundo esse conceito, se a taxa de juros da economia for igual ou menor do que 2% ao ano, a política monetária perde tração, ou seja, aumentar a oferta monetária não é suficiente para fazer as pessoas investirem mais. Assim, os métodos normalmente usados para aquecer a economia não são suficientes para fazê-lo, o que acaba deixando a empresa “presa” nesse cenário de baixa taxa de juros. Por isso, o uso do termo “armadilha”. 

Entendendo a Armadilha de Liquidez

O conceito da armadilha de liquidez está associado a um cenário de taxa de juros nominal muito próxima de zero. Se a taxa de juros está nesse patamar, do ponto de vista de um investidor, não vale a pena pegar seu dinheiro e comprar ações, ou cotas de fundos, ou investir em qualquer outro ativo financeiro  ou material. 

A lógica é muito simples: a expectativa de retorno é muito baixa comparada ao risco. Portanto, as pessoas preferem guardar seus recursos nesse momento. Além disso, se a taxa de juros está no “mínimo”, a percepção é de que ela só pode subir, e quem tiver dinheiro vivo vai ter vantagem sobre as pessoas que têm recursos imobilizados em ativos.

Assim, a taxa de juros baixa gera uma preferência pela liquidez, ou seja, por ter dinheiro na mão. O problema é que, com o dinheiro parado, a taxa de juros não sobe, e a situação se prolonga, tornando-se uma armadilha.

Esse conceito está alinhado com a visão básica de Keynes sobre as recessões, que surgiriam em consequência do fato de que os consumidores estão reduzindo seus gastos e aumentando sua poupança. 

Quais são as críticas ao conceito de Armadilha de Liquidez?

Embora a armadilha de liquidez seja um conceito reconhecido na economia, existem críticas a ele. Uma dessas críticas é que os indivíduos não poupam dinheiro infinitamente. Não existe uma demanda infinita por dinheiro, inclusive porque o dinheiro é apenas um meio de facilitar as trocas. 

Além disso, no mínimo, existe um certo nível de consumo que deve ser mantido para a sobrevivência das pessoas, o que implica em manter também um certo nível de investimento garantindo a produção dos produtos e serviços necessários. Mesmo que as pessoas quisessem, elas não poderiam deixar todo o seu dinheiro parado.

Por isso, alguns especialistas apontam que, enquanto o conceito tem mérito teórico, ele não se verificaria desta forma na prática.

Existe algum caso real de Armadilha de Liquidez?

O próprio Keynes afirmou nunca ter presenciado um caso real de armadilha de liquidez, o que fundamenta críticas de que esse seria um conceito puramente teórico.

Porém, alguns economistas consideram o Japão – mais especificamente, a economia japonesa durante a crise dos anos 1990 – um exemplo prático de armadilha de liquidez. Dados indicam que, entre 1991 e 1995, as taxas de juros de curto prazo no Japão saíram de mais de 6% para quase 0%.

Porém, a situação do Japão ultrapassou a complexidade do conceito de armadilha de liquidez de Keynes. Embora seja considerado um país avançado e rico, desde a crise dos anos 1990, ele não consegue sustentar períodos mais prolongados de crescimento econômico. De fato, alguns afirmam que ele nunca saiu realmente da crise. Nesse cenário, os juros baixos e a dificuldade de escapar deles são um dos fatores, mas não o único.

Por isso, hoje, é comum ouvir a expressão "japonização da economia", em referência a países (especialmente da Europa) que parecem estar começando a atravessar uma situação econômica tão peculiar quanto a do Japão.

Sobre o autor
Autor da Mais Retorno
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