Animal Spirits
O que é animal spirits?
O otimismo em relação ao futuro é aquilo que Keynes define como “animal spirits”:
- Quando ele está presente nas decisões diárias dos agentes, a economia cresce;
- Na sua ausência, a economia enfrenta problemas.
Adaptado do latim “spiritus animalis”, que significa “o sopro que desperta a mente humana”, esse termo representa as oscilações que fazem parte do ciclo econômico. Assim, ele valeria tanto para a economia real (indústria, comércio e serviços) como para o mercado financeiro.
Apesar de amplamente aceito pelos economistas, ele não explica tudo, dados os outros fatores que influenciam o comportamento coletivo:
- Como os agentes avaliam a consistência da política econômica;
- Como os agentes reagem a fatores não econômicos, como protestos e manifestações políticas.
Qual a relação entre psicologia econômica e animal spirits?
O animal spirits, também conhecido como “energia vital”, indica o grau de saúde e energia dentro do corpo humano. Dito isso, representa a euforia, a coragem e a audácia ou o seu extremo oposto, o medo e a insegurança.
Keynes, que viveu a crise de 1929, defendia que os agentes econômicos tomavam as suas decisões mais em função de instinto e da concorrência do que dos fundamentos econômicos, o que gerava excessos, principalmente nos momentos de grande incerteza.
Assim, as políticas econômicas teriam por finalidade ajustar a economia, aumentando a demanda sem surtos inflacionários e mantendo o balanço de pagamentos estável, em um ambiente institucional que influenciasse positivamente seus agentes.
Como humanos que são, esses agentes precisam de algumas “regras” para jogar, dada a falta de autocontrole e a irracionalidade, como demonstram os estudos de Richard Thaler, prêmio Nobel de Economia de 2017.
O que diz o livro “O Espírito Animal” escrito pelos economistas Akerlof e Shiller?
Em 2009, um ano depois da crise mundial de 2008, George A. Akerlof e Robert J. Shiller publicaram o livro “O Espírito Animal”. Nele, os premiados economistas argumentam que as políticas econômicas precisam exercer maior controle sobre os agentes econômicos, domando os seus ânimos, para que o capitalismo não saia dos trilhos.
De acordo com os autores, essa constatação é em função do grande peso que normalmente se atribui à racionalidade dos agentes, desprezando os fatores que influenciam o lado emocional das decisões, tais como contexto social (crenças e valores).
Ao contrário do posicionamento de Adam Smith, os indivíduos não atuam só buscando o benefício próprio. Isso explica porque o economista nunca considerou situações de altos índices de desemprego, dado que, na sua visão, os trabalhadores aceitariam salários menores e o mercado se ajustaria em função disso.
Percebe-se então que o problema dos modelos econômicos mais tradicionais é que o grau de confiança não é considerado, minando os efeitos de políticas econômicas que normalmente funcionariam.
Na sua ausência, o governo precisa de políticas não só monetárias e fiscais, mas também creditícias para fazer a economia crescer.
De que forma o espírito animal é percebido na economia?
Se antes só se mensurava variáveis como PIB, inflação e desemprego, hoje existem vários indicadores que visam avaliar, de forma relativa, o espírito animal presente na sociedade.
Os índices de confiança de empresários e consumidores seguem nessa linha. Normalmente, há um valor que serve como balizador:
- Acima dele, existe confiança;
- Abaixo dele, a confiança percebida é menor.
Mais do que registrar o sentimento em um momento específico (“foto”), esses índices tentam capturar o movimento (“filme”), atendo-se a 3 fatores:
- Percepção das condições atuais;
- Expectativas futuras de um determinado setor;
- Intenção de investimento.
Nas situações em que as taxas de juros caem na economia, detectar a evolução entre esses fatores é fundamental para que se reduza a capacidade ociosa.