Taxa de administração: o que é e como funciona?
Você sabe quanto você paga para ter o seu dinheiro administrado em um fundo de investimento? Existem taxas cobradas pelos fundos. Nos últimos anos, essas taxas…
Você sabe quanto você paga para ter o seu dinheiro administrado em um fundo de investimento? Existem taxas cobradas pelos fundos. Nos últimos anos, essas taxas foram reduzidas, especialmente nos fundos de renda fixa para não diminuir ainda mais o rendimento final, o que é creditado ao investidor. Em alguns deles, a taxa foi a zero.
Não deixa de ser uma verdade que quanto menor a taxa melhor para o investidor. Mas não é uma verdade absoluta, porque às vezes a taxa é baixa, mas o retorno também é baixo, enquanto pode ocorrer de a taxa ser mais alta, mas a rentabilidade também ser melhor.
Aqui, você fica conhecendo detalhes sobre essas taxas, nem sempre informados ao investidor, para fazer a melhor escolha.
Taxa de administração
A taxa mais comum e mais conhecida pelos investidores é a taxa de administração, apontada por muitos como a grande vilã dos resultados dos fundos.
Ela representa o preço pago pela prestação dos serviços do fundo. Ou seja, nesse custo já estão embutidos o pagamento do gestor, do administrador, custodiante, auditor e outros custos implícitos da estrutura do fundo.
Apesar de ser sempre divulgada em valores anuais, Taxa de Administração é provisionada diariamente (é separada do valor da cota) e cobrada ao final de todo mês.
Um exemplo pode ajudar a ficar mais claro: se você aplicar em um fundo que cobre uma taxa de administração de 2% ao ano, todos os dias será provisionado (reservado pelo fundo) o valor de 0,007859% do valor da cota. Ao final do mês será efetivamente cobrada uma taxa equivalente de 0,1652%.
Colocando em termos práticos fica assim: Se você aplicasse R$ 100.000,00 em um fundo que cobra uma taxa de 2% a.a., você pagaria o valor equivalente de R$ 2.000,00 no ano, ou R$ 165,15 no mês, ou R$ 7,85 por dia. Claro que isso é apenas uma estimativa, pois o valor do seu capital no fundo varia todos os dias e consequentemente o valor efetivo pago também oscilará ao longo desses dias. Esse inclusive é um dos motivos de a taxa ser provisionada diariamente (para captar essas oscilações).
O grande problema dessa taxa e o principal motivo de questionamento de sua cobrança por parte dos especialistas é que independente do resultado que o fundo apresentar, você terá que pagar pelos serviços prestados no período aplicado, sejam eles bons ou ruins.
O que você pode não saber sobre a taxa de administração
No Brasil todos os fundos são obrigados a divulgar os resultados já descontando a taxa de administração.
Ou seja, quando você olhar o histórico de um fundo que rendeu 10% em 2020, por exemplo, isso significa que ele rendeu exatamente isso em termos líquidos, livre de custos. Desse resultado você só precisa descontar o Imposto de Renda para saber o quanto valorizou seu dinheiro.
E por isso chamei a atenção para a questão de escolher simplesmente o fundo com a menor taxa de administração.
Fundos de Renda Fixa
Em fundos Referenciados-DI, de Renda Fixa ou de Curto Prazo, nos quais o valor dessa taxa tem uma grande influência em relação a seus resultados, essa regra faz todo o sentido.
Ao mesmo tempo, você já conseguiria identificar essa influência diretamente pelo resultado do fundo, uma vez que essa taxa já está descontada. Ou seja, se a taxa de administração realmente for alta a ponto de atrapalhar o resultado do fundo, você já conseguirá visualizar facilmente isso.
É evidente que o fundo com o menor custo vai entregar o melhor resultado, mas se você já estiver escolhendo o fundo com o melhor retorno histórico, avaliar o item custo se torna desnecessária. Isso porque, independentemente da taxa cobrada, aquele fundo é o que proporciona a melhor rentabilidade.
Fundos de renda variável
Quando avaliamos fundos que possuem resultados mais voláteis e potencialmente maiores, como fundos multimercado e de ações essa situação fica ainda mais clara. Além do ponto citado anteriormente ter o mesmo efeito nesses fundos, essa taxa perde em grande parte sua relevância na análise da escolha do melhor fundo.
Isso acontece, pois a taxa de 1%, 2% ou 3% pouco influenciará o resultado de um fundo de ações que pode apresentar, por exemplo, oscilações de mais de 100% em seus resultados.
Nesses casos, nem sempre o fundo com a menor taxa de administração será o fundo que apresentará o melhor resultado histórico, pois a gestão no caso desses fundos é muito mais importante que os custos em si.
Por isso, ao escolher um fundo dessas categorias o último fator com que você deverá se preocupar é a taxa de administração cobrada. Claro, desde que esses valores não sejam algo abusivo e completamente fora dos padrões de mercado (que giram em torno dos 2% a.a. no Brasil).
Taxa de Performance
Embora à primeira vista essa taxa pareça algo negativo por ser mais um custo, por incrível que pareça ela é muito mais justa e alinhada com os seus interesses. Certamente essa é uma das cobranças mais honestas praticada pelo mercado financeiro.
A taxa de performance é cobrada do cotista como um prêmio ao gestor do fundo quando a sua rentabilidade supera a de seu benchmark, do seu objetivo.
Em termos práticos, vamos supor que você invista em um fundo cobre taxa de performance de 20% e seu benchmark é o CDI. No ano passado, o CDI rendeu algo perto de 2% e seu fundo, 6% no mesmo período. Nesse caso, a taxa de performance incidirá apenas sobre os 4% excedentes.
Essa não é uma taxa cobrada por todos os fundos e geralmente é encontrada naqueles com uma gestão mais ativa, como os multimercado e de ações.
Um dos princípios básicos da economia é o de que as pessoas reagem a incentivos. Logo, quando há um forte alinhamento de interesses entre duas partes ambas tendem a sair com ganhos de uma negociação. E é por isso que ao contrário da taxa de administração, a taxa de performance pode ser vista como fator de escolha e não de rejeição pelo investidor.
Afinal, gestores de fundos que cobram taxa de performance tendem a se esforçar mais para cumprir seu objetivo e receber sua parte dessa conquista.
Agora atenção para uma super dica: você está gostando de saber um pouco mais sobre essas taxas? Então aproveita para conhecer o nosso curso COMPLETO sobre fundos de investimentos, nesta plataforma você tem como tirar suas dúvidas e aprender ainda mais sobre este tema no detalhe, clica aqui para acessar.
O que você pode não saber sobre a taxa de performance
Assim como a taxa de administração, os fundos provisionam mensalmente a taxa de performance que será cobrada. Contudo, neste caso, os fundos são obrigados a recolher essa taxa em períodos de pelo menos um semestre ou mais.
Outro detalhe pouco conhecido pelos investidores são:
O benchmark escolhido pelo fundo deve ser relacionado à sua categoria. Ou seja, fundos de baixa volatilidade como renda fixa e DI devem tentar superar o CDI ou outro índice de baixa volatilidade relacionado.
Fundos de ações deverão buscar o Ibovespa ou qualquer outro índice ou indicador relacionado ao mercado de ações;
O objetivo do fundo deve ser superar no mínimo 100% desse benchmark. Afinal de contas, seria muito fácil (além de não fazer o menor sentido), um fundo de ações que tivesse como objetivo superar 50% do CDI, não é?
Um último ponto importantíssimo e também praticamente desconhecido pelos investidores é a adoção da prática chamada de linha d'água. De acordo com esse princípio, quando um fundo perder para seu benchmark em determinado período, a taxa de performance deverá ser "devolvida" ao cotista. Desta forma, caso um fundo tenha ganhos após um período de perdas, a performance remuneraria o gestor será compensada, descontando essas perdas em seu cálculo.
Essas regras valem para quaisquer fundos de investimentos negociados no Brasil. É por isso que devemos tomar muito cuidado com alguns conceitos que entendemos como verdades absolutas para determinadas situações.
Como vimos, "cada caso é um caso" e existem muitas informações que são pouco divulgadas, em especial para o pequeno investidor.