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SVB: Tudo o que você precisa saber sobre o banco

Afinal, o que aconteceu com o Silicon Valley Bank e quais os desfechos esperados da crise?

Data de publicação:14/03/2023 às 08:08 - Atualizado 2 anos atrás
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O Silicon Valley Bank (SVB) dominou os noticiários de finanças desde semana passada. De banco preferido das startups ao redor do mundo até se tornar centro de uma possível crise sistêmica, a trajetória do SVB tem sido acidentada já há algum tempo. 

Ao entrar em colapso, foi assumido por agentes regulatórios e segue sob intervenção do governo dos EUA. Apesar da falência ter pego todos de surpresa, por se tratar do primeiro evento dessa natureza desde a grande crise financeira de 2008, os problemas do banco já eram conhecidos. 

Conheça o Silicon Valley Bank 

Fundado em 1983, o banco tornou-se rapidamente o preferido entre as startups de tecnologia, como o próprio nome do banco já denota, e respondia por mais da metade dos serviços bancários para companhias que se financiavam através de capital de risco. 

Seu auge foi atingido nos últimos anos, ao se beneficiar do contexto favorável para empresas de tecnologia desde 2019. Os juros baixos, que favoreciam empréstimos, somados à alta demanda por serviços de tecnologia e saúde durante a pandemia fizeram com que seus ativos e depósitos crescessem vertiginosamente no período. 

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De acordo com balanços da empresa, seus ativos saíram do patamar de US$ 71 bilhões de dólares em 2019 para os mais de US$ 220 bilhões. 

Os valores depositados, amplamente divulgados nessa semana, saltaram de US$ 62 bilhões para quase US$ 200 bilhões, em valores atualizados. 

Esse montante, contudo, não corresponde nem a 1% do valor acumulado do sistema financeiro americano, ainda que o banco figurasse entre os 20 maiores dos EUA. 

O que aconteceu?

Apesar de aparentemente ter se desenrolado em 48h, a crise que envolve o SVB vem de muito antes, com a alta de juros dos EUA somada à má gestão do portfólio do banco. 

O SVB passou a investir, como fazem outros bancos, em títulos do governo dos EUA, quando as taxas de juros estavam mais baixas. A modalidade escolhida para os títulos foi a Hold to Maturity (HTM), que pode ser traduzido como “mantido até o vencimento”. Assim, os títulos apresentavam rentabilidade maior mas obrigavam o respeito a um vencimento mais longo. 

Além disso, com uma carteira de clientes formada por empresas dependentes de financiamentos que passaram a rarear com a taxa de juros mais elevada, o banco passou a contar com saques que obrigavam a venda desses títulos. 

Com a alta de juros, os títulos passaram por desvalorização e, conforme os saques e os prejuízos com as vendas dos títulos aumentavam, os rumores também cresciam. 

O estopim do colapso foi o anúncio do SVB, em 8 de março, informando as operações com prejuízo envolvendo os títulos e a venda de US$ 2,25 bilhões em novas ações para obtenção de capital. 

A notícia rapidamente se espalhou, gerando uma corrida bancária por saques, agora muito mais rápida com a facilidade de ser feita digitalmente. 

As ações caíram em 9 de março mais de 60% e a negociação de papéis do banco foi suspensa no dia seguinte. O temor de risco sistêmico afetou as ações de outros bancos e as Bolsas ao redor do mundo. 

O governo dos EUA agiu rapidamente para sanar a crise e, na sexta-feira, 10 de março, a FIDC (US Federal Deposit Insurance Corporation) assumiu o controle do banco. 

De acordo com a CNN, os funcionários receberam bônus anuais horas antes da passagem do controle e a oferta, já por parte da FIDC, de 1,5 salário e 45 dias de trabalho. 

Desfecho e ecos da crise 

Embora ainda longe de chegar ao fim, o desfecho para a crise veio no domingo, 12 de março. Após a FIDC assumir o banco, veio à tona a informação que mais de 97% dos depósitos presentes não seriam cobertos pela garantia da reguladora (fixada em 250 mil dólares). 

Para solucionar o impasse, o governo Biden anunciou que todos os depósitos seriam cobertos, para além do limite fixado. No mesmo dia, o FIDC também assumiu o Signature Bank, que tem sua maior expressão no universo dos criptoativos.

No Reino Unido, o HSBC assumiu o SVB UK por £ 1 libra (6,12 reais na cotação de segunda, 13) e, assim, garantiu os depósitos presentes. 

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Sobre o autor
Camille BocanegraRepórter da Mais Retorno