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Jive e Mauá
Economia

‘Super Quarta’: investidor vai passar o dia com um olho no Fed e outro no BC; entenda

Nesta quarta acontece a definição da nova taxa de juros do Brasil e dos Estados Unidos

Data de publicação:16/06/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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As reuniões que decidem o rumo da política monetária, no Brasil e nos Estados Unidos, estarão no centro das atenções do mercado financeiro nesta quarta-feira, 16 - ou Super Quarta, como é conhecida a quarta que combina a realização, em um único dia, desses dois eventos.

As definições que saem desses encontros das autoridades monetárias têm alto potencial de influenciar o mercado financeiro, comentam especialistas. No Brasil, a quarta reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) vai deliberar sobre a taxa básica de juros, a Selic, em um momento de inflação em alta e perspectiva de uma recuperação econômica que pode jogar mais lenha na fogueira de elevação de preços para o próximo ano.

Mercado: cenário político e pandemia mantêm investidores cautelosos nesta terça-feira
Nesta quarta-feira, mercado financeiro deve reagir às decisões de política monetária, no Brasil e nos EUA - Foto: Envato

Com a batalha pela inflação na meta perdida para este ano, segundo especialistas, o Banco Central vai apostar fichas em uma calibragem da Selic que evite que a inflação escape da meta de 3,50% definida para o próximo ano. Estimativas de analistas no relatório Focus já apontam uma inflação de 3,78%, portanto fora do centro da meta, em 2022.

Essa perspectiva trouxe o debate entre especialistas sobre a dosagem adequada de ajuste na Selic, até agora na toada de 0,75 ponto porcentual, como nas duas últimas reuniões, e já contratada pelo Banco Central como possível decisão do colegiado no fim do encontro desta quarta. 

Os últimos dados de inflação em alta e a perspectiva de pressões adicionais, como consequência do forte reajuste na tarifa de energia elétrica em meio às incertezas com a severa crise hídrica, fez com que, na última hora, a elevação prevista de 0,75 ponto porcentual deixasse de ser uma unanimidade nos prognósticos do mercado financeiro.

Embora a alta de 0,75 ponto percentual seja ainda a aposta majoritária, o mercado financeiro chega claramente dividido à reunião do Copom. A dúvida é como os mercados reagirão à decisão do colegiado.

Mercado de olho na inflação

De acordo com Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos, a preocupação do Banco Central é com a inflação na meta. Isso significa que a autoridade monetária deve calibrar a Selic a um nível suficiente para que a inflação seja mantida nos limites da meta de 2022.

A tendência é que o mercado financeiro redobre a cautela nesta quarta-feira, à espera da decisão do Copom. “Não haverá reação se o aumento da Selic for de 0,75 ponto, amplamente esperado, que já está no preço dos ativos”, analisa Lelis. “O mercado reagirá a qualquer decisão diferente disso, a um aumento maior ou menor que esse 0,75.”

À espera do resultado do Copom, o mercado doméstico acompanhará a decisão do Fed, que deverá ser anunciada no meio da tarde, sobre a condução da política monetária em um ambiente que alguns dados apontam pressão inflacionária.

Para especialistas, uma sinalização sobre redução gradual de compra de ativos ou elevação dos juros tende a ter efeitos negativos na bolsa de valores e pressionar o dólar.

NY: futuros em leve queda

Os contratos futuros negociados nas bolsas de Nova York operam em leve queda com os investidores em compasso de espera sobre o resultado da reunião do Fomc (Copom americano) que definirá o rumo da política monetária dos Estados Unidos.

Na véspera, o índice Dow Jones recuou 0,27%, em 34.299,33 pontos, o S&P 500 caiu 0,20%, aos 4.246,59 pontos, e o Nasdaq teve perda de 0,71%, aos 14.072,86 pontos. O S&P 500 chegou a renovar sua máxima intraday no começo da sessão, mas o movimento de queda prevaleceu ao longo do dia.

Os investidores permanecem cautelosos antes da decisão de política do Fed em meio a especulações de que as autoridades poderiam dar uma indicação sobre seu cronograma para reduzir as injeções de estímulo que impulsionaram o último boom do mercado.

A declaração mais recente inclui projeções atualizadas de taxas de juros e previsões econômicas. É esperado na decisão de hoje o anúncio de um aumento da taxa de juros em 2023, com o banco central ainda não sinalizando uma redução nas compras de títulos até o final deste ano.

O presidente do Fed, Jerome Powell, falará sobre a conjuntura econômica dos EUA. Interessa saber se Powell ainda avalia que o salto da inflação nos EUA continua sendo temporário, após mais um mês de CPI e PPI nos maiores níveis em mais de uma década.

O PPI dos EUA subiu 0,8% em maio ante abril, acima das expectativas de analistas consultados, que previam aumento de 0,5%. No confronto anual, o avanço foi de 6,6%, o maior desde que o indicador começou a ser calculado com a atual metodologia, em novembro de 2010.

"As pressões inflacionárias continuam subindo à medida que fricções econômicas mostram poucos sinais de desaceleração", resume o ING, em referência a gargalos nas cadeias produtivas.

Bolsa Família: R$ 300

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na véspera que o novo Bolsa Família pagará R$ 300 em média para os beneficiários do programa. Em entrevista, ele citou que a inflação de produtos que compõem a cesta básica ficou "em torno de 14%", e alguns itens chegaram a subir 50%.

"O Bolsa Família, a ideia é dar um aumento de 50% para ele em dezembro, para sair de média de R$ 190, um pouco mais de 50% seria (o aumento), para R$ 300. É isso que está praticamente acertado aqui", disse o presidente.

O valor é maior, contudo, do que está sendo gestado dentro do próprio governo. O valor médio do benefício deve ser em torno de R$ 250.

CPI da Covid: Amazonas

Apesar da atenção estar concentrada nas reuniões do Copom e do Fomc, no cenário doméstico os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid continuam na pauta dos investidores.

Na véspera, o ex-secretário de saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo foi ouvido pelo colegiado durante sete horas. Ao longo do depoimento, o ex-secretário confirmou que entrou em contato com ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello no dia 7 de janeiro para pedir apoio logístico no transporte de oxigênio. À CPI da Covid, Pazuello alegou que só soube do problema de oxigênio no dia 10 de janeiro.

Campêlo disse também que o governador Wilson Lima agiu por pressão popular ao revogar o decreto que estabelecia medidas restritivas para conter a disseminação do novo coronavírus no Amazonas.

A iniciativa foi revogada em dezembro do ano passado, segundo Campêlo, mesmo sem a indicação da secretaria de saúde do Estado. Diante disso, senadores reforçaram as críticas ao governo estadual, por entender que Lima não poderia ter agido apenas porque houve uma insatisfação popular em torno do decreto.

Além disso, o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-governador do Rio, Wilson Witzel, a não comparecer na CPI da Covid no Senado Federal. Caso decida prestar depoimento, ele poderá ficar em silêncio diante das perguntas que não quiser responder.

A Advocacia Geral da União (AGU) entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do ministro Ricardo Lewandowski que manteve a quebra dos sigilos telefônico e telemático do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, determinada pela CPI da Covid.

A pasta pede que os efeitos da medida aprovada pela comissão parlamentar sejam suspensos até o julgamento final do recurso enviado ao STF. O argumento é o de que a devassa é iminente e, uma vez efetivada, não poderá ser revertida, mesmo se posteriormente houver decisão favorável no tribunal.

Bolsas asiáticas fecham em baixa

As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta quarta-feira, com investidores demonstrando cautela antes da decisão de política monetária do Fed/

O índice acionário japonês Nikkei caiu 0,51% em Tóquio nesta quarta, aos 29.291,01 pontos, enquanto o Hang Seng recuou 0,70% em Hong Kong, aos 28.436,84 pontos, e o Taiex registrou perda de 0,37% em Taiwan, aos 17.307,86 pontos.

Na China continental, os mercados também ficaram no vermelho nesta quarta-feira, pressionados por ações de montadoras, mineradoras e ligadas à energia renovável. O Xangai Composto recuou 1,07%, aos 3.518,33 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto teve queda mais expressiva, de 2,32%, aos 2.332,41 pontos.

No começo da madrugada, autoridades chinesas revelaram que planejam liberar lotes de cobre, alumínio, zinco e outras reservas nacionais no futuro próximo, numa tentativa de conter a tendência de forte alta nos preços de commodities, à medida que a economia global se recupera dos efeitos da pandemia de covid-19.

Também foram divulgados os últimos números da indústria e varejo da China, mas os dados saíram com horas de atraso, quando as bolsas locais já estavam fechando. Em maio, a produção industrial chinesa teve expansão anual de 8,8%, como se previa, enquanto as vendas no varejo saltaram 12,4%, mas ficaram abaixo da projeção de alta de 13,6%.

Exceção na Ásia, o sul-coreano Kospi subiu 0,62% em Seul, para a nova máxima histórica de 3.278,68 pontos e acumulando ganhos por cinco pregões consecutivos.

Na Oceania, a bolsa australiana subiu apenas marginalmente, mas garantiu novo fechamento recorde. O S&P/ASX 200 mostrou leve avanço de 0,09% em Sydney, ao patamar inédito de 7.386,20 pontos, embora tenha perdido força com o plano chinês de liberar reservas de metais./ com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.